• New Page 1

    RSSFacebookYouTubeInstagramTwitterYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTube  

PF apura esquema de fraudes na fila do Sisreg em Queimados


As denúncias são de que funcionários da Secretaria de Saúde colocavam seus nomes e nomes de parentes pra segurar vagas em troca de apoio político. Alguns dos investigados tinham mais de mil marcações no Sisreg, pra consultas e exames, até de alta complexidade. PF investiga irregularidades na fila do Sisreg em Queimados
Reprodução/RJ2
A Polícia Federal (PF) está investigando possíveis fraudes na fila do Sistema Nacional de Regulação (SISREG) da cidade de Queimados/RJ, na baixada fluminense. As denúncias são de que funcionários da Secretaria Municipal de Saúde colocavam seus nomes e nomes de parentes pra segurar vagas em troca de apoio político.
A investigação teve início depois de denúncias apresentadas pela Câmara Municipal de Queimados, que apontaram manipulações no Sisreg.
O esquema envolvia a inserção e alteração de dados para burlar a fila de espera para serviços de saúde, “segurando vagas”.
Segundo as investigações as vagas da saúde ficavam concentradas em um grupo político que depois usava como moeda de troca, especialmente em períodos eleitorais. Alguns dos investigados tinham mais de mil marcações no Sisreg, pra consultas e exames, até de alta complexidade.
O RJ2 conversou com ex-funcionários da secretaria de saúde que detalharam o esquema.
“Quando eu entrei para trabalhar na regulação, me informaram que eles tinham método de captura de vaga diferente. E esse método era pegar vaga no (próprio) nome e depois trocar para outro paciente”, diz um ex-funcionário.
“Eram vagas de procedimentos que provavelmente a pessoa precisava. Ressonância, cirurgia, casos oncológicos. Muitas das vezes, as pessoas não tinham o que fazer. Essas pessoas realmente necessitavam e, em troca de favores políticos, eles ofereciam. E quando não tinha ninguém pra oferecer, essas vagas eram perdidas”, acrescentou.
Documentos da Secretaria de Saúde mostram que Julio Cesar Gomes Bezerra, ex-subsecretário de gestão estratégica, reservou no proprio nome mais de 340 marcações de saúde entre 2021 e 2023.
Entre elas consultas de pediatria, e ginecologia, e exames de alergologia ingantil, e biópsia de mama. Julio Cesar tem 34 anos e é homem.
Os registros também mostram que mesmo depois que foi exonerado da Secretaria de Saúde, em fevereiro de 2023, Julio Cesar continuou com acesso a senha que permitia a marcação de consultas, e fez as marcações pelo menos até janeiro de 2024.
A ex-secretária de saúde, Marcelle Nayda Pires Peixoto, é apontada como responsável por não ter desativado o acesso de Julio Cesar ao sistema após sua exoneração, permitindo que ele continuasse a manipular o Sisreg.
A prima da então secretária de saúde também tinha acesso aos sistemas de marcações, segundo as investigações.
Maria Clara Pires dos Santos não era servidora do município, mas possuía um perfil no Sisreg que lhe permitia realizar inserções, autorizações e modificações de agendamentos.
No nome dela foram registradas consultas em clínica médica, mastologia, ginecologia, neurologia, e diversas marcações para especialidades relacionadas ao envelhecimento.
No nome de apenas uma servidora apontada como pessoa de confiança da então secretária foram feitas 1360 marcações.
Mamografias no nome de subsecretário
A polícia suspeita que Marcelle Neyda usou a estrutura das marcações de exames para tentar obter vantagens eleitorais.
Marcelle foi candidata a vereadora no último pleito, mas não conseguiu se eleger. A mesma suspeita também recai sobre o ex subsecretário Altamiro do Nascimento Costa. Foram registradas mais de 87 marcações no nome dele, incluindo mamografias e ultrassonografias vaginais. Altamiro também foi candidato e também não se elegeu.
“No período de eleição, foi intensificado porque era muita consulta que saía. Chegava paciente na regulação, falava que conseguiu cirurgia, conseguiu ultrassonografia. E a gente não sabia da onde que essa pessoa tinha conseguido essa vaga. Porque não tinha vaga no sistema. Até que a gente perguntava: ‘Quem conseguiu, quem marcou pra senhora?’. E ela virava pra gente e falava assim: ‘Eu mandei mensagem pelo WhatsApp da doutora, e ela marcou pra mim”, diz um ex-funcionário.
“A saúde de Queimados se transformou num curral político. Que as pessoas só conseguem se oferecerem ou apoio político ou voto”, acrescenta.
A ~Prefeitura de Queimados declarou que não foi notificada pela Polícia Federal sobre a investigação, mas que houve denúncias em época eleitoral, que classificou como “politiqueiras”. A prefeitura disse que, assim que soube das denúncias, afastou todos os servidores citados e instaurou um processo administrativo disciplinar pra apurar os fatos e adotar possíveis sanções. O município declarou ainda que está à disposição das autoridades.
O RJ2 entrou em contato com os demais citados na reportagem, mas não teve retorno.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.