Cerim\u00f4nia de diploma\u00e7\u00e3o de estudantes mortos pela ditadura militar no Brasil foi na sexta-feira (28), reunindo amigos e familiares das v\u00edtimas. Entre eles, representantes do Luiz Foga\u00e7a Balboni, o Zizo, nascido em S\u00e3o Miguel Arcanjo (SP). Cerim\u00f4nia de diploma\u00e7\u00e3o p\u00f3stuma foi realizada pela Universidade de S\u00e3o Paulo (USP), em homenagem aos estudantes mortos pela ditadura militar no Brasil
\nReprodu\u00e7\u00e3o\/Comunica\u00e7\u00e3o Poli-US
\nUma cerim\u00f4nia de diploma\u00e7\u00e3o p\u00f3stuma foi realizada pela Universidade de S\u00e3o Paulo (USP), em homenagem aos estudantes mortos pela ditadura militar no Brasil. A fam\u00edlia de Luiz Foga\u00e7a Balboni, o Zizo, nascido em S\u00e3o Miguel Arcanjo (SP), recebeu o diploma.
\n“A morte dele n\u00e3o foi em v\u00e3o\u201d, disse o irm\u00e3o Vital Foga\u00e7a
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\n\u201cFoi muito emocionante mesmo, estava lotado. Tivemos quatro estudantes homenageados, entre eles o Zizo. Cada v\u00edtima foi representada por um irm\u00e3o\u201d, conta Rapahel Arcanjo, sobrinho do Zizo e presidente da Associa\u00e7\u00e3o Parque do Zizo (Apaz).
\nO evento foi realizado na sexta-feira (28), no audit\u00f3rio do pr\u00e9dio da Administra\u00e7\u00e3o da Escola Polit\u00e9cnica da USP, onde Luiz Foga\u00e7a Balboni estudava engenharia, em 1968. Ele foi morto em 25 de setembro de 1969, em uma emboscada em S\u00e3o Paulo (SP).
\nLuiz Foga\u00e7a Balboni, o Zizo, foi morto pelo Estado em 25 de setembro de 1969, quando tinha 24 anos
\nArte\/g1
\nVital Foga\u00e7a representou o irm\u00e3o na cerim\u00f4nia e recebeu o diploma honor\u00edfico de Zizo. \u201cFoi uma formatura com quatro formandos ausentes, apenas as cadeiras vazias representando-os, expostas na frente do palco. Fiz um agradecimento geral em nome da fam\u00edlia e falei da pessoa do Zizo, o quanto querido ele foi e que deixou um legado para a posteridade, representado pela mata atl\u00e2ntica virgem do Parque do Zizo”.
\nQuatro estudantes da USP, mortos pela ditadura militar, foram homenageados em diploma\u00e7\u00e3o p\u00f3stuma. Cada v\u00edtima foi representada por um irm\u00e3o
\nReprodu\u00e7\u00e3o\/Comunica\u00e7\u00e3o Poli-USP
\nS\u00edmbolo de resist\u00eancia
\nO Parque do Zizo \u00e9 uma reserva natural com \u00e1rea de 2.685.854 m\u00b2, localizada entre Tapira\u00ed (SP) e S\u00e3o Miguel Arcanjo (SP). Local foi comprado ap\u00f3s a fam\u00edlia de Luiz receber uma indeniza\u00e7\u00e3o do governo, ao reconhecer a morte do estudante, quase 30 anos ap\u00f3s o crime, em 1998, preservando a mem\u00f3ria da v\u00edtima.
\nNeste ano, Zizo tamb\u00e9m teve a certid\u00e3o de \u00f3bito foi corrigida, em que o documento atualizado pelo cart\u00f3rio de Pinheiros, em S\u00e3o Paulo (SP), passou a constar a informa\u00e7\u00e3o que a morte dele, em 1969, foi n\u00e3o natural, violenta, causada pelo Estado.
\nA certid\u00e3o de \u00f3bito do estudante Luiz Foga\u00e7a Balboni, o Zizo. Ele foi morto em emboscada durante a ditadura militar
\nArte\/g1
\n\u201cA diploma\u00e7\u00e3o honor\u00edfica \u00e9 uma repara\u00e7\u00e3o hist\u00f3rica do irrepar\u00e1vel. Um momento muito importante para a nossa sociedade e mais importante ainda pra nossa fam\u00edlia, que pode ter a imagem do Zizo transformada de um terrorista a um guerrilheiro que lutou pela liberdade\u201d, destaca Raphel Arc\u00e4njo.
\nO sobrinho relembra a tr\u00e1gica morte do tio pela ditadura militar, mas que a atua\u00e7\u00e3o do Zizo no movimento estudantil contra a ditadura foi um marco importante at\u00e9 hoje: \u201cEnfrentou a viol\u00eancia e foi morto e gra\u00e7as a esses estudantes corajosos que conquistamos a nossa democracia\u201d.
\nManoel Cyrillo, l\u00edder do grupo estudantil na \u00e9poca e que estava com Zizo no dia da emboscada feita pela pol\u00edcia e que conseguiu escapar, tamb\u00e9m esteve presente na cerim\u00f4nia da USP a convite do Vital e Raphael, assim como a presen\u00e7a de um colega que morou com o Zizo na \u00e9poca da faculdade e uma tia materna, com 95 anos.
\nZizo aparece na foto – sentado ao lado esquerdo de camiseta rosa – ao lado da fam\u00edlia
\nArquivo pessoal\/Vital Foga\u00e7a
\nHomenagem da fam\u00edlia
\n\u201cTerminei o discurso com uma frase do Ulisses Guimar\u00e3es, quando promulgou a nossa constitui\u00e7\u00e3o cidad\u00e3: \u2018tenho \u00f3dio da ditadura! \u00d3dio e nojo!\u2019. Depois, pedi licen\u00e7a para compartilhar uma poesia cheia de emo\u00e7\u00e3o\u201d, continua Vital.
\nDo poema escolhido do escritor colombiano Gabriel Garc\u00eda M\u00e1rquez, que ganhou o Pr\u00eamio Nobel de Literatura em 1982, Vital recitou \u201cSi Supiera\u201d traduzido para o portugu\u00eas, em que o trecho refor\u00e7a: \u201cSe eu soubesse que esta seria a \u00faltima vez que te vejo sair pela porta, eu te daria um abra\u00e7o… um beijo e te chamaria de novo para dar-te mais\u201d.
\nVital Foga\u00e7a, um dos irm\u00e3os mais novos de Zizo, prestou homenagem ao estudante durante diploma\u00e7\u00e3o honor\u00edfica na USP
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\nOutra homenagem foi realizada pelo Raphael, ao tocar uma m\u00fasica autoral, feita em parceria com Jonas Sama\u00fama e cantada no evento ao lado da professora e educadora musical Marisa Fonterrada. A letra refor\u00e7a o sentimento de confian\u00e7a.
\nA cerim\u00f4nia de diploma\u00e7\u00e3o homenageou tamb\u00e9m Lauriberto Jos\u00e9 Reys (1945-1972), Manoel Hos\u00e9 Nunes Mendes Abreu (1949-1971) e Olavo Hanssen (1937-1970). O evento completo foi transmitido ao vivo pelo YouTube e o v\u00eddeo est\u00e1 dispon\u00edvel para assistir no canal da Escola Polit\u00e9cnica da USP.
\nCerim\u00f4nia de diploma\u00e7\u00e3o de estudantes mortos pela ditadura militar no Brasil foi na sexta-feira (28), reunindo amigos e familiares das v\u00edtimas da ditadura militar
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