Esta ter\u00e7a (1\u00ba) \u00e9 lembrada como Dia da Mentira. No DF, dizem que Eixo Monumental seria de avi\u00e3o e t\u00faneis subterr\u00e2neos na Esplanada ligariam sedes dos Poderes; conhe\u00e7a essas e outras hist\u00f3rias da capital do pa\u00eds. Menino com nariz grande, em alus\u00e3o \u00e0 hist\u00f3ria de Pin\u00f3quio.
\nFreepik
\nQuem nunca caiu em uma mentira em 1\u00b0 de abril? O Dia da Mentira, celebrado nesta ter\u00e7a-feira (1\u00b0), \u00e9 a data utilizada para pregar pe\u00e7as e compartilhar hist\u00f3rias criativas.
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\nEm Bras\u00edlia, “mentiras” sobre a pr\u00f3pria cidade se tornaram populares entre os moradores da capital federal. \u00c9 o que conta Jo\u00e3o Amador, pesquisador da hist\u00f3ria de Bras\u00edlia.
\nEntre as lendas que se tornaram populares est\u00e3o:
\nEixo Monumental seria uma pista de avi\u00e3o
\nHaveria t\u00faneis subterr\u00e2neos ligando pr\u00e9dios da Esplanada
\nO c\u00e9u de Bras\u00edlia seria tombado como “patrim\u00f4nio natural”
\nTodos os blocos das superquadras de Bras\u00edlia terminam em J e K
\nVerdade, ou mentira? Veja mais abaixo a explica\u00e7\u00e3o para cada uma dessas hist\u00f3rias .
\nComo surgiu o dia da mentira\u2753
\n\u00c0 esquerda, Papa Greg\u00f3rio 13 e, \u00e0 direita, Dom Pedro I.
\nreprodu\u00e7\u00e3o
\n\ud83d\udd0e Entre os registros que justificam a cria\u00e7\u00e3o do Dia da Mentira est\u00e3o um do s\u00e9culo 16, quando o Papa Greg\u00f3rio 13 criou um novo calend\u00e1rio que mudou a data do ano novo de mar\u00e7o para janeiro.
\nA mudan\u00e7a teve resist\u00eancia de parte da popula\u00e7\u00e3o francesa. Para zombar dos “revoltados” com o novo calend\u00e1rio, pessoas convidaram “os inconformados” para festas inexistentes em 1\u00ba de abril, marcando uma tradi\u00e7\u00e3o de zombaria.
\n\ud83d\udd0e Outra hist\u00f3ria faz men\u00e7\u00e3o \u00e0 cria\u00e7\u00e3o da tradi\u00e7\u00e3o no Brasil. Em 1\u00b0 de abril de 1828, o jornal “A Mentira” publicou em sua capa a falsa not\u00edcia da morte de Dom Pedro I.
\nVeja mentiras sobre Bras\u00edlia que ganharam fama
\n1. Eixo Monumental seria uma pista de avi\u00e3o
\nTr\u00e2nsito no Eixo Monumental, em Bras\u00edlia, no Distrito Federal
\nRenato Araujo\/Ag\u00eancia Bras\u00edlia.
\n\u274c Uma mentira que se tornou popular foi que as avenidas do Eixo Monumental, e a Duque de Caxias, no Setor Militar Urbano (SMU), foram constru\u00eddas para que avi\u00f5es pudessem pousar nelas.
\n\u2705 Jo\u00e3o Amador diz que as largas avenidas foram planejadas para facilitar o tr\u00e2nsito.
\n“Essas vias n\u00e3o s\u00e3o constru\u00eddas de puro concreto e n\u00e3o aguentariam um avi\u00e3o de grande porte”, diz Amador.
\n2. Haveria t\u00faneis subterr\u00e2neos ligando pr\u00e9dios da Esplanada
\nEsplanada dos Minist\u00e9rios, em Bras\u00edlia, em per\u00edodo de chuva
\nTV Globo\/Reprodu\u00e7\u00e3o
\n\u274c Na constru\u00e7\u00e3o da capital, entre 1950 e 1960, surgiu a hist\u00f3ria de que t\u00faneis secretos ligam os pr\u00e9dios dos tr\u00eas poderes na Esplanada dos Minist\u00e9rios.
\n\u2705 Segundo Jo\u00e3o Amador, o “fantasma” de um golpe sempre assombrou o governo de Juscelino Kubitschek e, talvez, esse temor tenha alimentado as histo\u0301rias sobre passagens secretas.
\n“Um tu\u0301nel conectando o Pala\u0301cio do Planalto ao Congresso Nacional, por exemplo, jamais foi projetado, nem executado”, diz o pesquisador.
\nEm entrevista ao g1, em 2024, o professor de arquitetura e urbanismo Benny Shvarsberg, da Universidade de Bras\u00edlia (UnB), explicou que h\u00e1 uma sa\u00edda de seguran\u00e7a institucional da presid\u00eancia, no Pal\u00e1cio do Planalto. J\u00e1 os t\u00faneis, no entanto, s\u00e3o improv\u00e1veis.
\n3. O c\u00e9u de Bras\u00edlia seria ‘patrim\u00f4nio natural’
\nC\u00e9u de Bras\u00edlia na altura da Ponte Jk, no DF
\nTV Globo \/ Reprodu\u00e7\u00e3o
\n\u274c Segundo Jo\u00e3o Amador, uma hist\u00f3ria bem interessante e inusitada \u00e9 que o c\u00e9u de Bras\u00edlia teria sido tombado como patrim\u00f4nio natural pelo Instituto do Patrim\u00f4nio Hist\u00f3rico e Art\u00edstico Nacional (Iphan).
\n\u2705 O pedido pelo tombamento chegou a ser feito, em 2007, pelo arquiteto e paisagista Carlos Fernando de Moura Delphim. O processo tramitou por anos, mas foi arquivado em 2014.
\n“Apesar do instituto, realmente, ter recebido um pedido para que o c\u00e9u fosse tombado em 2007, isso jamais aconteceu”, conta Jo\u00e3o Amador.
\n\u00c0 \u00e9poca, o diretor do Departamento de Patrim\u00f4nio Material e Fiscaliza\u00e7\u00e3o do Iphan, Andrey Rosenthal Schlee, entendeu que as condi\u00e7\u00f5es de tombamento n\u00e3o eram aplic\u00e1veis ao c\u00e9u.
\n4. Todos os blocos das superquadras de Bras\u00edlia terminam em J e K
\nImagem mostra pr\u00e9dio que fica em bloco K de superquadra na Asa Sul, em Bras\u00edlia.
\nGoogle Maps
\n\u274c Existe a lenda de que todos os blocos das superquadras de Bras\u00edlia terminam com as letras J e K. A hist\u00f3ria diz que esse detalhe seria uma homenagem ao presidente Juscelino Kubitschek.
\n\u2705 Jo\u00e3o Amador explica que os blocos que terminam com J e K s\u00e3o, na verdade, coincid\u00eancia. Por exemplo, algumas superquadras t\u00eam 5 blocos, enquanto outras t\u00eam 20.
\n“Muitas superquadras te\u0302m 11 pre\u0301dios que, seguindo a ordem do alfabeto, terminam nas letras J e K”, diz o pesquisador.
\nPor que espalharam essas mentiras? \ud83e\udd14
\nJK fala sobre a constru\u00e7\u00e3o de Bras\u00edlia. V\u00eddeo: Arquivo P\u00fablico do DF
\nSegundo o pesquisador Jo\u00e3o Amador, a maior parte das lendas sobre Bras\u00edlia nasceu da imagina\u00e7\u00e3o popular, refletindo o fasc\u00ednio e os mist\u00e9rios em torno da constru\u00e7\u00e3o da nova capital.
\n“Muitas novidades acontecendo ao mesmo tempo facilitam a cria\u00e7\u00e3o de hist\u00f3rias fantasiosas que se espalham rapidamente”, fala o pesquisador.
\nEntre os fatores que alimentaram especula\u00e7\u00f5es e narrativas fant\u00e1sticas, Jo\u00e3o Amador destaca:
\nArquitetura futurista
\nIdeia de uma cidade projetada do zero
\nMudan\u00e7a repentina de milhares de trabalhadores para a regi\u00e3o (veja v\u00eddeo acima).
\n“A falta de uma hist\u00f3ria urbana consolidada abriu espa\u00e7o para interpreta\u00e7\u00f5es simb\u00f3licas, teorias conspirat\u00f3rias e hist\u00f3rias curiosas, que foram sendo transmitidas e transformadas ao longo do tempo”, diz Jo\u00e3o Amador.
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