No total, quatro policiais civis e um empres\u00e1rio foram denunciados. Eles s\u00e3o acusados de desviar drogas em investiga\u00e7\u00f5es e lavar o dinheiro em concession\u00e1ria de carros de luxo e em compra de im\u00f3veis. Chefe do esquema era investigado l\u00edder do 77\u00b0 DP, na Santa Cec\u00edlia. Fachada do 77\u00ba DP na Santa Cec\u00edlia, Centro de S\u00e3o Paulo.
\nReprodu\u00e7\u00e3o\/Google Maps
\nO Minist\u00e9rio P\u00fablico de S\u00e3o Paulo denunciou \u00e0 Justi\u00e7a quatro policiais civis e um empres\u00e1rio acusados de participarem de um esquema de corrup\u00e7\u00e3o, tr\u00e1fico de drogas e lavagem de dinheiro no 77\u00b0 Distrito Policial da Santa Cec\u00edlia, no Centro de S\u00e3o Paulo.
\nOs cinco nomes fazem parte de um inqu\u00e9rito aberto na Corregedoria da Pol\u00edcia Civil que apurava o desvio de drogas apreendidas pelos policiais para comercializa\u00e7\u00e3o entre outros traficantes.
\nEles devem responder na Justi\u00e7a pelos crimes de organiza\u00e7\u00e3o criminosa, tr\u00e1fico de drogas e lavagem de dinheiro. O esquema movimentou mais de R$ 81 milh\u00f5es em cinco anos, segundo o apurado pelos investigadores.
\nA Corregedoria indiciou oito pessoas, mas os promotores Maur\u00edcio Rodrigues e Fabiana de Almeida resolveram desmembrar o inqu\u00e9rito e, por ora, denunciaram apenas cinco integrantes da quadrilha, pedindo mais apura\u00e7\u00f5es sobre os outros nomes investigados no caso.
\nEntre os cinco denunciados pelo MP, quatro s\u00e3o policiais civis e um empres\u00e1rio s\u00e3o acusados de desviar drogas apreendidas em investiga\u00e7\u00f5es e vend\u00ea-las para outros criminosos.
\nLideran\u00e7a do esquema
\nCleber Rodrigues Gimenez, de 47 anos, era chefe dos investigadores do 77\u00b0 DP e \u00e9 apontado como mentor do esquema.
\nReprodu\u00e7\u00e3o
\nO l\u00edder do esquema, segundo a den\u00fancia do MP-SP, era o chefe de investiga\u00e7\u00e3o do 77\u00b0 DP \u2013 Cleber Rodrigues Gimenez, de 47 anos.
\nA den\u00fancia dos promotores diz que Gimenez \u201cvalendo-se de sua fun\u00e7\u00e3o de chefe dos Investigadores em diversas lota\u00e7\u00f5es pelas quais passou em Distritos Policiais, estabelece um padr\u00e3o de atua\u00e7\u00e3o pautado pela localiza\u00e7\u00e3o de traficantes de drogas, com grandes apreens\u00f5es e infeliz aproveitamento de parte das drogas localizadas para o com\u00e9rcio il\u00edcito\u201d.
\nNo esquema, Gimenez tinha a colabora\u00e7\u00e3o de outros tr\u00eas policiais civis: Fabr\u00edcio Parise Branco, Gustavo Cardoso de Sousa e Thiago Gon\u00e7alves de Oliveira, al\u00e9m do empres\u00e1rio Maxwel Pereira da Silva, s\u00f3cio de Gimenez e dono de uma construtora de nome Two Brothers Constru\u00e7\u00f5es Inc.
\nDos cinco acusados, apenas Gustavo Cardoso n\u00e3o est\u00e1 preso. Ele continua foragido. Os demais foram detidos na fase das investiga\u00e7\u00f5es pela Corregedoria da Pol\u00edcia Civil, que come\u00e7ou a desmantelar o esquema criminoso em julho de 2022.
\nOs promotores dizem que Cleber Gimenez e os demais ocultavam o dinheiro do crime comprando im\u00f3veis e carros de luxo, atrav\u00e9s das empresas de Maxwel e de uma concession\u00e1ria de carros de luxo chamada 1000 Graus Com\u00e9rcio de Ve\u00edculos Ltda, em S\u00e3o Bernardo do Campo, registrada em nome da esposa de Gimenez e um outro s\u00f3cio.
\nAl\u00e9m do 77\u00baDP da Santa Cec\u00edlia, a investiga\u00e7\u00e3o da Pol\u00edcia Civil diz que o esquema criminoso teve tent\u00e1culos em outras tr\u00eas delegacias por onde os policiais corruptos passaram nos \u00faltimos anos.
\nEntre eles o 59\u00ba DP, do Jardim No\u00eamia, o 2\u00ba DP do Bom Retiro, 50\u00ba DP do Itaim Paulista e o 96\u00ba DP de Cidade Mon\u00e7\u00f5es.
\nO esquema se concentrou 77\u00ba DP a partir de 2018, quando Gimenez passou a ser o chefe da investiga\u00e7\u00e3o de l\u00e1, concentrando parte dos outros denunciados dentro de sua equipe, diz o MP.
\n\u201cVerifica-se que durante todo o per\u00edodo grande parte das apreens\u00f5es foram realizadas em regi\u00f5es territoriais localizadas fora da \u00e1rea de atua\u00e7\u00e3o das distritais, o que foge ao padr\u00e3o de ocorr\u00eancias feitas em unidades territoriais\u201d, dizem os promotores.
\nDenunciados pelo MP-SP
\nCleber Rodrigues Gimenez – chefe dos investigadores \u2013 preso no pres\u00eddio da Pol\u00edcia Civil;
\nFabr\u00edcia Parise Branco – policial civil \u2013 preso no pres\u00eddio da Pol\u00edcia Civil;
\nGustavo Cardoso de Souza – policial civil foragido;
\nThiago Gon\u00e7alves de Oliveira – policial civil \u2013 preso no pres\u00eddio da Pol\u00edcia Civil;
\nMaxwel Pereira da Silva – empres\u00e1rio, preso no CDP Guarulhos.
\nO g1 tenta contato com a defesa de cada um deles, mas n\u00e3o obteve sucesso.
\nA Secretaria de Seguran\u00e7a P\u00fablica (SSP) disse, por meio de nota, que cinco policiais est\u00e3o afastados por conta das investiga\u00e7\u00f5es da Corregedoria.
\n“As investiga\u00e7\u00f5es prosseguem para esclarecer os fatos e apurar o envolvimento de outros policiais. A Pol\u00edcia Civil refor\u00e7a que \u00e9 uma institui\u00e7\u00e3o legalista e todos os desvios de conduta s\u00e3o punidos com o rigor da lei”, declarou (veja \u00edntegra da nota abaixo).
\nOutros investigados
\nAl\u00e9m dos cinco j\u00e1 denunciados, o inqu\u00e9rito da Pol\u00edcia Civil indiciou pelo menos mais tr\u00eas nomes que trabalhavam na corpora\u00e7\u00e3o. Entre eles o da delegada titular do 77\u00b0 DP.
\nO inqu\u00e9rito da Corregedoria diz que \u201ch\u00e1 ind\u00edcios de sua participa\u00e7\u00e3o na empreitada criminosa, tendo em vista que a emiss\u00e3o de ordens de servi\u00e7o verbais, em vez de seguir os procedimentos formais, indica neglig\u00eancia e poss\u00edvel tentativa de obscurecer o controle das a\u00e7\u00f5es policiais\u201d no DP.
\nA delegada \u00e9 apontada como amiga do empres\u00e1rio Maxwel, tendo sido registrada usando ve\u00edculos apreendidos na resid\u00eancia dele, principalmente uma Dodge Ram, onde foram localizadas drogas e grande quantidade e dinheiro, sem justificativa plaus\u00edvel.
\nA Corregedoria aponta uma poss\u00edvel coniv\u00eancia da delegada com os policiais corruptos: \u201cH\u00e1 a alega\u00e7\u00e3o de desconhecimento sobre o relacionamento entre seus policiais e o investigado, aponta falha na fiscaliza\u00e7\u00e3o e poss\u00edvel coniv\u00eancia com as irregularidades, de maneira omissiva\u201d, disse o inqu\u00e9rito ao qual o g1 teve acesso.
\nA delegada est\u00e1 afastada das fun\u00e7\u00f5es desde 7 de fevereiros pela SSP.
\nA promotoria pede mais apura\u00e7\u00f5es sobre a participa\u00e7\u00e3o dele e de outros nomes da delegacia no esquema. A SSP, por sua vez, diz que as investiga\u00e7\u00f5es da Corregedoria da Pol\u00edcia Civil prosseguem.
\n\u00cdntegra da nota da SSP:
\n“A Corregedoria da Pol\u00edcia Civil apura o envolvimento de policiais civis do 77\u00b0 Distrito Policial (Santa Cec\u00edlia) em um esquema criminoso relacionado ao tr\u00e1fico de drogas. No dia 7 de fevereiro foram cumpridos mandados de busca e apreens\u00e3o na resid\u00eancia dos investigados, que resultaram no afastamento de tr\u00eas policiais. No fim de janeiro, outros dois agentes j\u00e1 haviam sido presos. As investiga\u00e7\u00f5es prosseguem para esclarecer os fatos e apurar o envolvimento de outros policiais. A Pol\u00edcia Civil refor\u00e7a que \u00e9 uma institui\u00e7\u00e3o legalista e todos os desvios de conduta s\u00e3o punidos com o rigor da lei”.<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"