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Mianmar \u00e9 palco de um conflito violento entre a junta militar no poder e seus opositores desde o golpe de Estado de 1\u00ba de fevereiro de 2021. Bandeira de Mianmar com as escritas “Mianmar est\u00e1 sangrando” \u00e9 exposta em Yangon em 2 de abril de 2021
\nREUTERS
\nA junta militar de Mianmar confirmou nesta quarta-feira (12) ter realizado um ataque a\u00e9reo contra uma aldeia no centro do pa\u00eds, onde dezenas de pessoas morreram, segundo a imprensa local.
\nO porta-voz da junta militar, Zaw Min Tun, informou na noite desta ter\u00e7a-feira (11) que uma cerim\u00f4nia estava ocorrendo na aldeia de Pazi Gyi para abrir um escrit\u00f3rio das For\u00e7as de Defesa do Povo (PDF, na sigla em ingl\u00eas), os grupos armados antigolpe.
\n“Houve uma cerim\u00f4nia de abertura do escrit\u00f3rio [na ter\u00e7a-feira] pela manh\u00e3, por volta das 8h00 na aldeia de Pazi Gyi. Atacamos o local”, disse o porta-voz da junta.
\nOs servi\u00e7os birmaneses da BBC, The Irrawaddy e Radio Free Asia relataram entre 50 e 100 mortos e dezenas de feridos neste ataque na regi\u00e3o de Sagaing, um dos principais centros de resist\u00eancia contra o Ex\u00e9rcito no pa\u00eds.
\nCampo na cidade de Kan Balu, na regi\u00e3o de Sagaing em Mianmar ap\u00f3s bombardeio por parte do governo local
\nKyunhla Activists Group via AP
\nO porta-voz militar afirmou que alguns dos mortos podem ser combatentes antigolpe fardados, mas admitiu que “pode haver algumas pessoas em trajes civis”.
\n“De acordo com as informa\u00e7\u00f5es que temos enviadas do local, pessoas morreram n\u00e3o apenas devido ao nosso ataque. Havia algumas minas colocadas pelo PDF na \u00e1rea”, disse Zaw Min Tun, acrescentando que a a\u00e7\u00e3o militar atingiu uma \u00e1rea de armazenamento de p\u00f3lvora e minas.
\nMianmar \u00e9 palco de um conflito violento entre a junta militar no poder e seus opositores desde o golpe de Estado de 1\u00ba de fevereiro de 2021, que derrubou a governante civil Aung San Suu Kyi.
\nCondena\u00e7\u00e3o internacional
\nO secret\u00e1rio-geral da ONU, Ant\u00f3nio Guterres, fala durante evento da organiza\u00e7\u00e3o na Som\u00e1lia em 12 de abril de 2023
\nFeisal Omar\/REUTERS
\nMais cedo, o secret\u00e1rio-geral da ONU, Ant\u00f3nio Guterres, “condenou firmemente o ataque das For\u00e7as Armadas de Mianmar”, de acordo com um comunicado de seu porta-voz, St\u00e9phane Dujarric.
\nO secret\u00e1rio-geral da ONU “reiterou seu apelo ao Ex\u00e9rcito para encerrar a campanha de viol\u00eancia contra a popula\u00e7\u00e3o birmanesa”, acrescentou o porta-voz.
\nOs Estados Unidos tamb\u00e9m se declararam “profundamente preocupados” com o ataque, que “evidencia ainda mais o desprezo do regime pela vida humana e sua responsabilidade pela terr\u00edvel crise pol\u00edtica e humanit\u00e1ria em Mianmar”, disse o porta-voz da diplomacia americana, Vedant Patel.
\nOs v\u00eddeos supostamente filmados no local do ataque – cuja autenticidade n\u00e3o foi poss\u00edvel comprovar – mostram corpos em um terreno devastado, no qual restava apenas a estrutura de um pr\u00e9dio destru\u00eddo pela explos\u00e3o.
\nCampo na cidade de Kan Balu, na regi\u00e3o de Sagaing em Mianmar ap\u00f3s bombardeio por parte do governo local
\nKyunhla Activists Group via AP
\nNo momento do ataque, dezenas de pessoas estavam no local para a inaugura\u00e7\u00e3o de uma unidade das for\u00e7as de defesa locais.
\nO Governo de Unidade Nacional de Mianmar, um executivo paralelo formado por ex-parlamentares do partido da l\u00edder civil destitu\u00edda Aung San Suu Kyi, condenou o que chamou de “ato de \u00f3dio”.
\nO Ex\u00e9rcito birman\u00eas, que classifica os combatentes antigolpe como terroristas, enfrentou v\u00e1rias acusa\u00e7\u00f5es de devasta\u00e7\u00e3o de aldeias, assassinatos em massa e ataques a\u00e9reos contra civis.
\nMais de 30 pessoas abrigadas em um mosteiro foram mortas em mar\u00e7o. Al\u00e9m disso, no ano passado, um ataque a\u00e9reo durante um show em uma zona rebelde matou 50 pessoas e feriu mais de 70, disseram grupos de oposi\u00e7\u00e3o.
\nEm uma parada militar no m\u00eas passado, o l\u00edder da junta, Min Aung Hlaing, pediu uma repress\u00e3o cont\u00ednua contra seus oponentes. Nesse mesmo m\u00eas, o Ex\u00e9rcito prorrogou por seis meses o estado de emerg\u00eancia no pa\u00eds.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"