Uso indiscriminado da internet e de redes sociais equivale a ‘deixar uma crian\u00e7a em pra\u00e7a p\u00fablica e depois voltar para ver o que aconteceu’, como explica Vera Iaconelli, doutora em psican\u00e1lise pela USP, diretora do Instituto Gerar de Psican\u00e1lise e colunista do jornal Folha de S.Paulo. Sem testes pr\u00e9vios ou um plano de voo tra\u00e7ado com cuidado, crian\u00e7as e adolescentes foram empurrados para as telas de forma precoce quando a pandemia, em seu momento mais cr\u00edtico, brecou os contatos f\u00edsicos e pausou as aulas presenciais.
\nAgora, o uso da internet e de redes sociais por adolescentes sem controle equivale a “deixar uma crian\u00e7a em pra\u00e7a p\u00fablica e depois voltar para ver o que aconteceu”, nas palavras de Vera Iaconelli, doutora em psican\u00e1lise pela USP, diretora do Instituto Gerar de Psican\u00e1lise e colunista do jornal Folha de S.Paulo.
\n“Aquilo que poderia ter levado mais anos foi acelerado e agente ‘liberou geral’ para este uso. E, agora, retroceder isso, tirar o uso de um produto que \u00e9 totalmente aditivo, ou seja, que cria depend\u00eancia ps\u00edquica, \u00e9 um processo que vai depender de algumas a\u00e7\u00f5es importantes dos pais, da sociedade, do Estado”, diz Vera em entrevista ao podcast O Assunto.
\nO Assunto #946: Sa\u00fade mental de adolescentes: riscos e ajuda
\nKindel Media\/Pexels
\nMas, como explica a especialista, \u00e9 poss\u00edvel identificar os sinais de alerta mais percept\u00edveis em crian\u00e7as e adolescentes e saber que \u00e9 preciso buscar ajuda profissional.
\nQuais s\u00e3o os sinais de alerta de que um adolescente est\u00e1 com algum problema mais grave e de que \u00e9 preciso buscar ajuda de um profissional?
\n“Ficar l\u00e1 no mundinho dele faz parte. Mas a gente tem, no dia a dia, algumas coisas, por exemplo, coisas f\u00edsicas. A crian\u00e7a est\u00e1 se alimentando? A crian\u00e7a est\u00e1 cuidando do corpo? Ela est\u00e1 dormindo? Como \u00e9 a apar\u00eancia dessa crian\u00e7a? Est\u00e1 muito fragilizada? Engordou de mais, emagreceu de mais? N\u00e3o dorme, troca o dia pela noite? Coisas que s\u00e3o muito fora do que \u00e9 desej\u00e1vel”, diz ela.
\n“Outras coisas s\u00e3o aquelas crian\u00e7as que est\u00e3o sempre tristes, aquela crian\u00e7a que n\u00e3o conversa nunca, que voc\u00ea n\u00e3o consegue tirar um sorriso, n\u00e3o quer estar nunca com voc\u00ea ou com os adultos da fam\u00edlia tamb\u00e9m \u00e9 uma quest\u00e3o a se pensar”, complementa.
\nDe acordo com Vera, tamb\u00e9m \u00e9 v\u00e1lido observar se ele fica sozinho em algumas vezes, mas se tem amigos, se sai e vai em festas com a turma, se tem uma vida social, entre outras coisas.
\n“A gente vai ficando de olho neles e vai vendo se aquilo \u00e9 s\u00f3 com a gente, [mas] se ele consegue curtir. Ent\u00e3o, a crian\u00e7a muito fechada, a crian\u00e7a que voc\u00ea vai vendo uma fragilidade f\u00edsica, psicossom\u00e1tica, como a gente diria, \u00e9 uma crian\u00e7a que inspira cuidados.
\nVera tamb\u00e9m lista os sintomas mais gritantes entre adolescentes, como “aqueles que est\u00e3o sempre ansiosos , sempre chorosos”, e o que fazer.
\n“Vale sempre sentar com a crian\u00e7a e escut\u00e1-la, mais do que falar. E, na d\u00favida, apelar ali para o pediatra da fam\u00edlia, o tio ou a tia com quem ele tem mais proximidade, porque as vezes, ele n\u00e3o se abre com os pais justamente porque os pais s\u00e3o as pessoas mais envolvidas afetivamente e ele n\u00e3o consegue se abrir com as pessoas que ele mais ama.”
\n“E se ele n\u00e3o quiser falar com voc\u00ea, mas voc\u00eas est\u00e1 percebendo ali alguma coisa, voc\u00ea pode falar ‘\u00f3, voc\u00ea n\u00e3o precisa falar comigo, mas tem gente que escuta o outro, tem psic\u00f3logo, tem psicoterapeutas’.”
\nOu\u00e7a a \u00edntegra do epis\u00f3dio aqui.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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