Seja na discotecagem, na comercializa\u00e7\u00e3o, nas artes ou no colecionismo, artigo se mant\u00e9m vivo na rotina e no cora\u00e7\u00e3o de moradores de Santo Anast\u00e1cio (SP) e Presidente Prudente (SP). Artista visual Zeca Agostini comercializa discos de vinil pintados \u00e0 m\u00e3o, em Santo Anast\u00e1cio (SP)
\nCedida\/Zeca Agostini
\nConsumido por amantes da m\u00fasica, o disco de vinil foi respons\u00e1vel por dar ritmo \u00e0 vida das pessoas ao redor do mundo entre as d\u00e9cadas de 50 e 80. Mesmo ap\u00f3s 70 anos, esse artigo se mant\u00e9m vivo na mem\u00f3ria, no cora\u00e7\u00e3o e nas m\u00e3os de colecionadores, m\u00fasicos e artistas do Oeste Paulista.
\nDados da Pr\u00f3-M\u00fasica Brasil: Produtores Fonogr\u00e1ficos Associados mostram que o disco de vinil ocupa o segundo lugar no ranking de comercializa\u00e7\u00e3o de modelos f\u00edsicos, com faturamento de R$ 4,7 milh\u00f5es em 2022, ficando apenas atr\u00e1s do CD, que conquistou R$ 6,7 milh\u00f5es.
\nAinda conforme o relat\u00f3rio intitulado Mercado Fonogr\u00e1fico Brasileiro, da afiliada da International Federation of the Phonographic Industry (IFPI) no pa\u00eds, houve um crescimento de 3% no faturamento com a venda de discos de vinil no comparativo com 2021, quando estava na casa dos R$ 2 milh\u00f5es.
\nEugenio Valentim Balan vende e coleciona discos de vinil h\u00e1 mais de 50 anos, em Presidente Prudente (SP)
\nCedida\/Eugenio Valentim Balan
\nEsse \u00e9 o reflexo de um mercado que vem ressignificando e moldando seu comportamento frente \u00e0s produ\u00e7\u00f5es musicais que fizeram e continuam fazendo sucesso, mesmo com o passar dos anos.
\n\u201cCom um bom equipamento, a sonoridade do disco de vinil \u00e9 a que mais se aproxima do real. Al\u00e9m disso, a arte de capa, o encarte, trazendo todas as informa\u00e7\u00f5es das sess\u00f5es de grava\u00e7\u00e3o, quem comp\u00f4s, quem tocou, as letras, alguns com tradu\u00e7\u00e3o, faz com que o audi\u00f3filo, mesmo consumindo outras tecnologias, se apegue ao disco. Costumo dizer que \u00e9 ritual\u00edstico o processo de ouvir um disco de vinil\u201d, afirmou ao g1 o comerciante Eugenio Valentim Balan, de 70 anos.
\nDesde 1972, ele trabalha vendendo discos de vinil em Presidente Prudente (SP). Como colecionador, j\u00e1 s\u00e3o 53 anos. Seu acervo particular conta, hoje, com aproximadamente 900 discos de variados estilos, como rock, M\u00fasica Popular Brasileira (MPB) e jazz, mas esse n\u00famero j\u00e1 chegou a 4 mil.
\nEugenio Valentim Balan vende e coleciona discos de vinil h\u00e1 mais de 50 anos, em Presidente Prudente (SP)
\nCedida\/Eugenio Valentim Balan
\n\u201cAinda que nascido e morado na zona rural, meus av\u00f3s, meus pais e meus irm\u00e3os mais velhos gostavam de ouvir m\u00fasica, ent\u00e3o cresci ouvindo os mais variados estilos musicais, de opereta e tarantela \u00e0s novidades, como o rock e o jazz. J\u00e1 morando em Araraquara (SP), passei a ouvir o que tinha no momento, The Beatles, Stones, Renato e Seus Blue Caps, instrumental, de tudo que aparecesse. Nunca fui radical, n\u00e3o gosto de radicalizar. Esses fatores foram determinantes para que eu entrasse no mercado fonogr\u00e1fico\u201d, relembrou.
\nAo g1, Eugenio Balan ressaltou que a venda de discos de vinil ultrapassa a de CDs em sua loja, h\u00e1bito cada vez mais precoce, j\u00e1 que o consumo desses artigos come\u00e7a pelos pr\u00e9-adolescentes. Para ele, no entanto, o modelo f\u00edsico tornou-se caro, al\u00e9m da dificuldade para adquirir ou dar manuten\u00e7\u00e3o aos aparelhos adequados. Mesmo assim, garante que existe um mercado composto, sobretudo, pelos colecionadores.
\n\u201cCom o ressurgimento de gravadoras, estas v\u00e3o realimentando o mercado e assim dando suporte para que os colecionadores se sintam atualizados, ao inv\u00e9s de simples e saudosos admiradores de um formato, que considero o real documento de uma hist\u00f3ria que se recicla atrav\u00e9s dos novos talentos, nos mais diversos estilos\u201d, enfatizou.
\nEugenio Valentim Balan vende e coleciona discos de vinil h\u00e1 mais de 50 anos, em Presidente Prudente (SP)
\nCedida\/Eugenio Valentim Balan
\n‘Vinil com Tinta’
\nUma placa circular preta, com um pequeno furo ao centro, e texturas sens\u00edveis ao toque. Essas s\u00e3o caracter\u00edsticas que singularizam o disco de vinil. Nas m\u00e3os do artista visual Zeca Agostini, de 60 anos, o tamb\u00e9m conhecido LP \u2013 ou long-play, em ingl\u00eas \u2013 se transforma em uma tela de pintura.
\nO projeto, que recebe o nome de Vinil com Tinta, existe h\u00e1 seis anos e j\u00e1 fez muitos sucessos serem eternizados de uma forma diferente.
\n\u201cEu sou da \u00e9poca do vinil. Eu gosto de rock, jazz e blues, e eu sempre tive os discos. Quando come\u00e7ou essa transi\u00e7\u00e3o para o CD, muita gente parou de ouvir. Eu n\u00e3o. Eu continuei ouvindo os meus discos, tanto que muitos deles ganhei de amigos meus. Eu ganhava muitos discos riscados e danificados, da\u00ed surgiu a ideia de pint\u00e1-los\u201d, relembrou ao g1.
\nArtista visual Zeca Agostini comercializa discos de vinil pintados \u00e0 m\u00e3o, em Santo Anast\u00e1cio (SP)
\nCedida\/Zeca Agostini
\nNatural de Santo Anast\u00e1cio (SP), Zeca Agostini come\u00e7ou a trilhar seu caminho no universo das artes aos 11 anos, \u201cbrincando de desenhar\u201d. Aos 15, pintava camisetas para vender. J\u00e1 na capital paulista, se formou pela Panamericana Escola de Arte e Design e pelo Liceu de Artes e Of\u00edcios de S\u00e3o Paulo. Tamb\u00e9m foi professor na Oficina Paulista de Artes e Artesanato.
\nDa \u201cbrincadeira de crian\u00e7a\u201d Agostini fez seu nome e foi reconhecido pelo Sal\u00e3o da Secretaria de Cultura do Estado de S\u00e3o Paulo, que o premiou como artista revela\u00e7\u00e3o, al\u00e9m de ser destaque na 1\u00aa Mostra de Artes Pl\u00e1sticas, tamb\u00e9m na capital.
\nS\u00e3o 40 anos vivendo da arte e, de volta \u00e0 terra natal, Zeca Agostini continua apresentando ao mundo suas cria\u00e7\u00f5es, sobretudo, por meio dos discos de vinil. Dentre as mais pedidas, est\u00e3o retratos fielmente reproduzidos pelo artista nos LPs, sob encomenda.
\nArtista visual Zeca Agostini comercializa discos de vinil pintados \u00e0 m\u00e3o, em Santo Anast\u00e1cio (SP)
\nCedida\/Zeca Agostini
\n\u201cVoc\u00ea acaba reciclando. \u00c9 um material que poderia ir para o lixo, que estava perdido ou jogado, e sabe-se quanto tempo demoraria para ser decomposto. As pessoas acham a ideia bem interessante. Agora que os discos est\u00e3o bem na moda, que todo mundo voltou ao vinil, valorizou bastante o trabalho\u201d, disse ao g1.
\nSegundo ele, os discos pintados \u00e0 m\u00e3o s\u00e3o comercializados pelo pre\u00e7o m\u00e9dio de R$ 60 e t\u00eam como base aqueles em desuso, como o de novelas, os riscados ou mofados.
\n\u201cA pintura de retratos d\u00e1 um ar meio retr\u00f4 para os discos, e o pessoal gosta bastante. Vende bem, porque \u00e9 um pre\u00e7o mais acess\u00edvel. Aqueles discos que eu ganho e que est\u00e3o em bom estado, mas n\u00e3o ou\u00e7o, ainda comercializo para algu\u00e9m que possa ouvir\u201d, finalizou.
\nArtista visual Zeca Agostini comercializa discos de vinil pintados \u00e0 m\u00e3o, em Santo Anast\u00e1cio (SP)
\nCedida\/Zeca Agostini
\nResgate cultural
\nComemorado em 20 de abril, o Dia do Disco de Vinil cultua desde 1979 o artigo que novamente vem ganhando espa\u00e7o nas prateleiras. Diante desse cen\u00e1rio, outra figura que resistiu \u00e0s mudan\u00e7as do mercado \u00e9 a do Disk Jockey, o popular DJ.
\nExaltando o valor hist\u00f3rico e cultural dos LPs, o m\u00fasico Thiago dos Santos Lima embala as noites prudentinas h\u00e1 dois anos com a sua discotecagem. Influenciado por amigos DJs que j\u00e1 eram do ramo, suas pesquisas e seu trabalho s\u00e3o referenciados em artistas brasileiros dos anos 50 at\u00e9 os 80.
\nThiago Lima valoriza a m\u00fasica brasileira por meio da discotecagem com discos de vinil
\nCedida\/Thiago Lima
\n\u201cA m\u00fasica brasileira \u00e9 muito rica e influencia muitos artistas no mundo todo. Muitos pa\u00edses, inclusive, regravaram e regravam nossas m\u00fasicas. N\u00e3o \u00e9 s\u00f3 o valor de custo do disco que temos que nos ligar, mas tamb\u00e9m a mensagem que ele passa, a proposta que ele apresenta e o que ele queria dizer naquela \u00e9poca. A m\u00fasica n\u00e3o tem fronteiras\u201d, enfatizou ao g1.
\nPara ele, muitos artistas brasileiros foram descobertos gra\u00e7as \u00e0 circula\u00e7\u00e3o dos discos pelo mundo, o que permitiu que a cultura do vinil n\u00e3o morresse e que o trabalho do Disk Jockey fosse valorizado.
\n\u201cNa minha inf\u00e2ncia, tive contato com discos de vinil, mas n\u00e3o dava a aten\u00e7\u00e3o de hoje. Penso que, atualmente, muitas crian\u00e7as n\u00e3o sabem o que \u00e9 isso. Dias desses, em meu trabalho, quando o carteiro foi entregar um disco que comprei na internet, uma pessoa de 18 anos que estava no local n\u00e3o sabia o que era isso\u201d, lembrou o vendedor.
\nThiago Lima valoriza a m\u00fasica brasileira por meio da discotecagem com discos de vinil
\nCedida\/Thiago Lima
\nAinda de acordo com o pesquisador autointitulado \u201cgarimpeiro\u201d do universo da discotecagem, a presen\u00e7a dos discos de vinil na sociedade n\u00e3o \u00e9 ef\u00eamera, mesmo que a sua fabrica\u00e7\u00e3o tenha reduzido com o surgimento de novas tecnologias, como as plataformas de streaming.
\n\u201cA produ\u00e7\u00e3o do disco de vinil parou aqui, no Brasil, em boa parte, no ano de 1997, quando a era do CD teve in\u00edcio. Hoje, existem discos rar\u00edssimos lan\u00e7ados neste per\u00edodo, muito valiosos, por sinal, pelo motivo de terem sa\u00eddo em pequenas prensagens. O disco nunca morrer\u00e1, na verdade\u201d, observou o DJ.
\nThiago Lima valoriza a m\u00fasica brasileira por meio da discotecagem com discos de vinil
\nCedida\/Thiago Lima
\nV\u00cdDEOS: Tudo sobre a regi\u00e3o de Presidente Prudente
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Seja na discotecagem, na comercializa\u00e7\u00e3o, nas artes ou no colecionismo, artigo se mant\u00e9m vivo na rotina e no cora\u00e7\u00e3o de moradores de Santo Anast\u00e1cio (SP) e Presidente Prudente (SP). Artista visual Zeca Agostini comercializa discos de vinil pintados \u00e0 m\u00e3o, em Santo Anast\u00e1cio (SP) Cedida\/Zeca Agostini Consumido por amantes da… Continue lendo