Encontradas em Ver\u00edssimo, no Tri\u00e2ngulo Mineiro, esp\u00e9cies s\u00e3o uma das \u00fanicas que conseguem viver em c\u00f3rregos e riachos acima de quedas livres de \u00e1gua, pois s\u00e3o capazes de subi-las com uso dos dentes fora da boca e movimentos zig-zag. Os peixes possuem menos de 6 cm de comprimento, conforme a pesquisa.
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\nPesquisadores divulgaram nesta quarta-feira (19) a descoberta de novas esp\u00e9cies de peixes, das quais duas s\u00e3o exclusivamente do Rio Uberaba, no munic\u00edpio de Ver\u00edssimo, no Tri\u00e2ngulo Mineiro. Elas s\u00e3o do g\u00eanero Trichomycterus, conhecido popularmente como bagres neotropicais. S\u00e3o peixes de pequeno porte, entre 4cm e 5cm, com dentes fora da boca, que permitem escalarem rios e riachos.
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\nAo g1, os pesquisadores Valter Azevedo-Santos e Axel Katz, doutores em Zoologia, conversaram sobre o processo de identifica\u00e7\u00e3o dos peixes e as caracter\u00edsticas das esp\u00e9cies.
\nA descoberta foi feita por meio de uma pesquisa, que ocorre h\u00e1 alguns anos, realizada em parceria com pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Faculdade Eduvale de Avar\u00e9 e Universidade Federal do Tocantins (UFT).
\nA pesquisa descreve seis novas esp\u00e9cies em Minas Gerais. Duas delas ocorrem exclusivamente em um riacho em Ver\u00edssimo. Ambas as esp\u00e9cies de bagres foram batizadas de Trichomycterus uberabensis e Trichomycterus coelhorum, na qual foram reconhecidas novas caracter\u00edsticas, que as classificam como novas esp\u00e9cies.
\nA descoberta
\nPesquisadores j\u00e1 haviam notado caracter\u00edsticas distintas e cogitavam a possibilidade de novas esp\u00e9cies, at\u00e9 a confirma\u00e7\u00e3o.
\nAxel Katz\/ Arquivo Pessoal
\nEssas esp\u00e9cies foram identificadas por apresentarem algumas caracter\u00edsticas \u00fanicas dos demais, em rela\u00e7\u00e3o a suas fei\u00e7\u00f5es externas (morfol\u00f3gicas) e \u00f3sseas.
\n\u201cMuitas dessas esp\u00e9cies s\u00e3o extremamente parecidas com outras j\u00e1 descritas caso se olhe rapidamente. No entanto, com um olhar mais detalhado v\u00ea-se a diferen\u00e7a. Desde o in\u00edcio havia a suspeita de que poderiam ser provavelmente novas, com o local e com a apar\u00eancia desses bagres j\u00e1 se pode levantar a suspeita de serem novas, que veio a ser provada ap\u00f3s estudos feitos no laborat\u00f3rio\u201d, explicou Alex Katz.
\nAinda conforme os estudos, essas esp\u00e9cies, presentes em localidades de drenagem, s\u00e3o particularmente suscet\u00edveis \u00e0 extin\u00e7\u00e3o em um cen\u00e1rio de grandes interven\u00e7\u00f5es humanas, merecendo, portanto, aten\u00e7\u00e3o especial.
\nAs esp\u00e9cies
\nOs peixes, conhecidos popularmente como bagres, s\u00e3o novas esp\u00e9cies da fam\u00edlia Trichomycteridae, atualmente, at\u00e9 ent\u00e3o, 180 esp\u00e9cies eram reconhecidas nessa fam\u00edlia. Geralmente s\u00e3o encontrados em \u00e1guas com bastante correnteza, temperatura baixa e bem oxigenada. Tamb\u00e9m possuem um comportamento espec\u00edfico, segundo o pesquisador.
\n“Com o uso dos dentes do lado de fora da boca, eles conseguem escalar cachoeiras com um movimento de zig-zag e com isso muitas vezes s\u00e3o os \u00fanicos peixes encontrados em rios acima de cachoeiras” disse Katz.
\nAs esp\u00e9cies do g\u00eanero Trichomycterus, descritas na pesquisa, n\u00e3o ultrapassam 6 cm de comprimento. Assim, muitos detalhes, como os dentes (odont\u00f3deos) e algumas caracter\u00edsticas f\u00edsicas, n\u00e3o s\u00e3o facilmente vis\u00edveis nas fotos publicadas. S\u00e3o tipicamente encontradas entre as folhas de plantas nas margens, pr\u00f3ximos a ra\u00edzes ou dentro da folhagem no fundo dos rios.
\nTrichomycterus coelhorum, descoberta no Tri\u00e2ngulo Mineiro.
\nReprodu\u00e7\u00e3o\/ MDPI
\nTrichomycterus coelhorum: dentre algumas de suas caracter\u00edsticas espec\u00edficas, \u00e9 distinguido das outras esp\u00e9cies do g\u00eanero por ter menos raios dorsais na nadadeira de sua cauda e por ter seis raios na nadadeira peitoral, ter menos v\u00e9rtebras e menos dentes. Possui colora\u00e7\u00e3o amarelo p\u00e1lido, com faixa escura marrom a preta e pontos pretos.
\nO nome “coelhorum” foi dado como uma homenagem \u00e0 fam\u00edlia “Coelho”, do munic\u00edpio de Frutal, tamb\u00e9m no Tri\u00e2ngulo Mineiro, do qual prestou suporte aos pesquisadores.
\nTrichomycterus uberabensis, descoberta no Tri\u00e2ngulo Mineiro.
\nReprodu\u00e7\u00e3o\/ MDPI
\nTrichomycterus uberabensis: dentre algumas de suas caracter\u00edsticas espec\u00edficas, n\u00e3o possui nadadeira p\u00e9lvica, tem menos v\u00e9rtebras, mais dentes em sua arcada. O padr\u00e3o de colora\u00e7\u00e3o do animal \u00e9 \u00fanico, composto por pequenas manchas escuras, marrons e negras.
\n O nome \u201cuberabenses\u201d foi dado em homenagem e alus\u00e3o a bacia do Rio Uberaba.
\n“S\u00e3o esp\u00e9cies conhecidas pelo padr\u00e3o colorido e n\u00famero de raios nas nadadeiras e v\u00e9rtebras”, disse Valter, a respeito dos peixes desse g\u00eanero.
\nO registro de novas descobertas
\nA descoberta cient\u00edfica de uma nova esp\u00e9cie normalmente segue um processo formal e um conjunto de procedimentos estabelecidos pela comunidade cient\u00edfica.
\nColeta e documenta\u00e7\u00e3o: O primeiro passo \u00e9 coletar esp\u00e9cimes da nova esp\u00e9cie, juntamente com informa\u00e7\u00f5es detalhadas sobre sua morfologia, anatomia, distribui\u00e7\u00e3o geogr\u00e1fica, habitat, entre outros dados relevantes.
\nAn\u00e1lise comparativa: Os esp\u00e9cimes coletados s\u00e3o, ent\u00e3o, comparados com outras esp\u00e9cies relacionadas e descritas cientificamente, para determinar sua distin\u00e7\u00e3o e identificar suas caracter\u00edsticas \u00fanicas.
\nDescri\u00e7\u00e3o formal: Com base na an\u00e1lise comparativa, os pesquisadores escrevem uma descri\u00e7\u00e3o formal da nova esp\u00e9cie, seguindo as conven\u00e7\u00f5es cient\u00edficas estabelecidas.
\nRevis\u00e3o por especialistas: A descri\u00e7\u00e3o formal da nova esp\u00e9cie \u00e9 ent\u00e3o submetida a revis\u00e3o por outros especialistas na \u00e1rea, em um processo conhecido como revis\u00e3o por pares.
\nPublica\u00e7\u00e3o: Ap\u00f3s a revis\u00e3o por pares e a aprova\u00e7\u00e3o pelos revisores, a descri\u00e7\u00e3o formal da nova esp\u00e9cie \u00e9 publicada em uma revista cient\u00edfica especializada. A publica\u00e7\u00e3o cient\u00edfica \u00e9 essencial para estabelecer o registro formal e oficial da nova esp\u00e9cie na literatura cient\u00edfica.
\nDep\u00f3sito de esp\u00e9cimes: Os esp\u00e9cimes coletados que serviram de base para a descri\u00e7\u00e3o da nova esp\u00e9cie s\u00e3o geralmente depositados em museus ou cole\u00e7\u00f5es cient\u00edficas, para que possam ser acessados e estudados por outros pesquisadores no futuro.
\nO registro de uma nova esp\u00e9cie \u00e9 um processo rigoroso que exige evid\u00eancias cient\u00edficas s\u00f3lidas e em conformidade com os princ\u00edpios da taxonomia biol\u00f3gica, que \u00e9 a disciplina cient\u00edfica que trata da classifica\u00e7\u00e3o dos seres vivos.
\nA descoberta foi feita por Wilson J. E. M. Costa, Valter M. Azevedo Santos, Jos\u00e9 Leonardo O. Mattos e Axel M. Katz, formalizada por meio de um artigo na revista cient\u00edfica “MDPI”.
\n*Estagi\u00e1rio sob supervis\u00e3o de Carolina Portilho.
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