{"id":12086,"date":"2023-04-19T19:55:30","date_gmt":"2023-04-19T22:55:30","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia3.jornalfloripa.com.br\/abrir\/12086"},"modified":"2023-04-19T19:55:30","modified_gmt":"2023-04-19T22:55:30","slug":"moradores-arriscam-a-vida-ao-fazer-ligacao-clandestina-para-ter-energia-eletrica-em-comunidade-do-amapa","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia3.jornalfloripa.com.br\/agencia3\/12086","title":{"rendered":"Moradores arriscam a vida ao fazer liga\u00e7\u00e3o clandestina para ter energia el\u00e9trica em comunidade do Amap\u00e1"},"content":{"rendered":"

Morador morreu ao puxar energia de uma rede el\u00e9trica feita pelos moradores com recursos pr\u00f3prios, a partir de um projeto que j\u00e1 havia sido aprovado e n\u00e3o foi colocado em pr\u00e1tica at\u00e9 hoje. Moradores arriscam a vida ao fazer liga\u00e7\u00e3o clandestina para ter energia el\u00e9trica
\nPara mostrar os problemas vividos na regi\u00e3o Norte do pa\u00eds, o Profiss\u00e3o Rep\u00f3rter escolheu o Arquip\u00e9lago do Bailique, no Amap\u00e1, como destino. A bordo de um ‘barcohome’, o trio Nathalia Tavolieri, Andr\u00e9 Neves Sampaio e Gabi Vila\u00e7a navegaram pela foz do Rio Amazonas por dez dias e, ao chegar na regi\u00e3o, postaram um v\u00eddeo convocando os moradores a contarem suas hist\u00f3rias.
\nUma das pessoas que buscou nossa equipe foi Carlos Augusto, l\u00edder comunit\u00e1rio da comunidade Lim\u00e3o do Curu\u00e1 e, no local, encontramos uma situa\u00e7\u00e3o comum a muitas das ilhas do arquip\u00e9lago: a falta de luz.
\nAs poucas casas que t\u00eam energia tem gerador movido a diesel ou placas solares, mas mesmo elas passam por problemas pela dificuldade de abastecimento.
\n“A luz aqui dura duas, tr\u00eas horas, depende. Aqui eu vendo s\u00f3 comida que n\u00e3o vai para o gelo, n\u00e9? Porque n\u00e3o tem energia e n\u00e3o tem como utilizar o freezer. J\u00e1 queimou dois. Ele estava funcionando no motorzinho e queimou quando se foi a energia”, relembra a comerciante Dion\u00edsia Nascimento.
\nPara evitar esse tipo de problema a fazer com que todos tivessem acesso \u00e0 luz, com o pr\u00f3prio dinheiro, os moradores colocaram de p\u00e9 um sistema de energia clandestino, a partir de um projeto que j\u00e1 havia sido aprovado e n\u00e3o foi colocado em pr\u00e1tica at\u00e9 hoje.
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\nNo entanto, por causa desse chamado linh\u00e3o, que foi desativado no ano passado, moradores se arriscam; um deles morreu ao tentar puxar a energia da rede. Edson Santos Silva deixou quatro filhos e a esposa, Jurema Silva, com quem foi casado por 45 anos.
\n“Ele era muito importante na comunidade. Fazia muitos trabalhos, era muito conhecido como carpinteiro. Fazia casa, lancha, rabeta, bote. O sonho dele era essa energia. Ele lutou at\u00e9 o fim da vida dele. O filho mais velho dele fala que ele vai lutar at\u00e9 o fim, porque era o sonho do pai dele”, afirma Dona Jurema.
\nA falta de energia na comunidade tamb\u00e9m prejudica um neg\u00f3cio local, a produ\u00e7\u00e3o de \u00f3leo de pracaxi. Em assembleia de moradores, as mulheres que vivem da atividade contam que ganharam um liquidificador da Embrapa para triturar as sementes e extrair o \u00f3leo, que \u00e9 vendido para a ind\u00fastria de cosm\u00e9ticos e rem\u00e9dios, mas que ele nunca pode ser usado.
\n“N\u00e3o teve energia na gera\u00e7\u00e3o da minha av\u00f3, na da minha m\u00e3e; n\u00e3o est\u00e1 tendo na minha gera\u00e7\u00e3o. Nunca soube o que \u00e9 ter uma energia de qualidade – o b\u00e1sico. E n\u00e3o est\u00e1 tendo na dos nossos filhos. A gente n\u00e3o tinha condi\u00e7\u00f5es antes de ter um liquidificador desse e hoje a gente pode ter. Ele est\u00e1 avaliado em torno de R$ 1,7 mil, mas ele est\u00e1 h\u00e1 dois anos com a gente e nunca foi ligado. A gente n\u00e3o consegue ser ouvido, a gente est\u00e1 j\u00e1 no desespero”, lamenta Claudiane Barbosa, produtora do \u00f3leo de pracaxi.
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\nProcurado para falar sobre o problema, o governador do Amap\u00e1, Cl\u00e9cio Luis, que assumiu o cargo em janeiro deste ano, diz que pretende resolver as quest\u00f5es de abastecimento de \u00e1gua e luz no estado com a ajuda de um programa federal:
\n“Estamos procurando uma solu\u00e7\u00e3o para os problemas do abastecimento de \u00e1gua pot\u00e1vel e para o abastecimento energ\u00e9tico atrav\u00e9s de um programa federal que ainda n\u00e3o se implantou – n\u00f3s estamos preparando as bases para ele -, que \u00e9 o Luz para a Amaz\u00f4nia, que \u00e9 atrav\u00e9s de energia solar. Matura\u00e7\u00e3o de um ano para a gente conseguir come\u00e7ar a instalar”.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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