Braga Netto foi indiciado no mês passado junto ao ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 35 pessoas, por supostamente participar da trama de golpe de Estado. Braga Netto em 25 de março de 2022
Evaristo Sa/AFP
Preso neste sábado (14) no Rio de Janeiro, o general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-vice de Bolsonaro na chapa de 2022, foi apontado pela Polícia Federal como um dos responsáveis pela tentativa de golpe de Estado e, também, de assassinato de autoridades (leia mais abaixo).
Braga Netto foi indiciado no mês passado junto ao ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 35 pessoas, por supostamente participar da trama que teria o objetivo de manter o ex-presidente no poder.
Entre as implicações elencadas pela PF, está a aprovação do plano para assassinar os então presidente e vice-presidente eleitos Lula e Geraldo Alckmin, e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
O plano, elaborado pelo general da reserva Mario Fernandes — preso em novembro, foi apresentado a Braga Netto, em reunião na casa do ex-ministro de Bolsonaro em novembro de 2022.
Segundo a PF, o planejamento chamado de “Punhal Verde e Amarelo” falava em assassinar, em dezembro de 2022, Lula, Alckmin e Moraes.
Naquele momento, Lula e Alckmin já tinham sido eleitos, mas ainda não tinham tomado posse na presidência da República. Moraes era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Na casa de Braga Netto, o tenentes-coronéis Mauro Cid e Ferreira Lima, e o major Rafael de Oliveira discutiram o plano junto a Braga Netto, que teria aprovado o documento.
A reunião foi em 12 de dezembro, três dias antes da data escolhida para os crimes.
“A reunião contou com o tenente-coronel MAURO CESAR CID, o Major RAFAEL DE OLIVEIRA e o Tenente-Coronel FERREIRA LIMA, oportunidade em que o planejamento foi apresentado e aprovado pelo General BRAGA NETTO”, diz a PF.
Investigação da PF aponta também que os golpistas previam colocar os generais Augusto Heleno, então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e Braga Netto, como comandantes de um gabinete de crise como resposta às mortes das autoridades.
O plano previa envenenar Lula e Moraes e, em seguida, instituir o “Gabinete Institucional de Gestão da Crise”. Havia, inclusive, uma minuta pronta para a sua criação, documento encontrado com o general Mário Fernandes em 19 de novembro.
Além dos generais Heleno e Braga Netto, a investigação da PF identificou que o grupo teria outros militares em sua formação, entre os quais o general Mário Fernandes e Filipe Martins, à época assessor de Bolsonaro.
Entre as pessoas citadas na minuta, segundo a investigação, estão:
André de Souza Costa, coronel da Polícia Militar do Distrito Federal, que atuou como Secretário Especial de Comunicação Social (SECOM), vinculada ao Ministério das Comunicações;
Anderson Vilela, coronel da Polícia Militar do Distrito Federal, Secretário Especial Adjunto da SECOM;
Hidenobu Yatabe, coronel reformado do Exército Brasileiro que foi Chefe de Assessoria da Presidência da Empresa brasileira de Comunicação (EBC);
Flávio Botelho Peregrino, assessor especial de comunicação social, apontado em fontes abertas como braço direito do general Braga Netto em junho de 2022;
Darlan Sena Messias Larsssen, tenente-coronel que atuou como assessor de comunicação da Casa Civil e do GSI;
Nelson Lacava Filho, promotor de justiça militar do Ministério Público Militar;
Adriano de Souza Azevedo, que atuou como assessor de planejamento e assuntos estratégicos da secretaria executiva do GSI (apontado como homem próximo ao General Heleno);
Reginaldo Vieira de Abreu, de apelido “Velame”, então chefe de gabinete de Mario Fernandes; e
“Cel Kormann”, que seria o coronel Jorge Luiz Kormann.
– Esta reportagem está em atualização