Câmeras que filmaram a eclosão dos ovos foram instaladas em dois ninhos artificiais monitorados pelo Instituto Arara-azul, em Miranda (MS). Nascimento de filhotes de arara-azul-grande é filmado pela primeira vez
Após 16 anos de estudos sobre o comportamento de casais de arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus) em período de reprodução, o Instituto Arara-azul registrou pela primeira vez o nascimento de filhotes da espécie em vida livre. (Veja vídeo acima).
Vídeo divulgado nesta sexta-feira (13) mostra o momento da eclosão dos ovos e o casal de araras auxiliando os filhotes a saírem da casca.
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Segundo o instituto, as imagens integram estudo publicado na revista Ornithology Research e os dados obtidos permitem novas percepções sobre o comportamento reprodutivo e o desenvolvimento embrionário da arara-azul-grande.
Os estudos também podem acrescentar informações valiosas aos esforços de conservação da espécie, que está classificada como Vulnerável na Lista Vermelha da IUCN (International Union for Conservation of Nature), conforme o instituto.
Monitoramento
De acordo com o Instituto Arara-azul, o monitoramento da espécie por cameras de vídeo começou em 2002 e as equipes passaram a observar o comportamento da espécie no interior do ninho.
Em 2008, o instituto passou a usar microcâmera com infravermelho para entender a perda dos ovos das araras-azuis. Contudo, o acompanhamento apresentava dificuldades devido à quantidade de acessórios que o equipamento demandava.
“A câmera precisava estar conectada a um videogravador time-lapse 24h, a posição do equipamento era selecionada por meio de um monitor LCD, e uma bateria veicular alimentava todos os dispositivos instalados dentro de um tubo plástico”, divulgou o instituto.
A solução veio após a introdução de câmeras conhecidas como “armadilhas fotográficas”, em 2012. Segundo o Instituto Arara-azul, esses equipamentos abriram novas possibilidades para o monitoramento da espécie.
“No entanto, desde 2017, com a adaptação das caixas-ninho para abrigar as câmeras internamente, tem sido possível obter informações ecológicas e comportamentais ainda mais precisas, muitas vezes inéditas, como os primeiros registros de eclosão de ovos da espécie na natureza’, explica.
Arara-azul pode medir até 1 metro de comprimento da ponta do bico a ponta da cauda.
Instituto Arara-azul
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Espécie vulnerável
A arara-azul é considerada a maior espécie do mundo da família Psittacidae e pode medir até 1 metro de comprimento da ponta do bico a ponta da cauda.
De acordo com o Instituto Arara-azul, a espécie é considerada uma ave social, que vive em família, bandos ou grupos. “É difícil encontrá-las sozinha em vida livre. Elas são aves conspícuas e apresentam certa fidelidade aos locais de alimentação e reprodução. Jovens e casais não reprodutivos se reúnem em dormitórios, que além de proteção, parecem funcionar como verdadeiros “centros de troca de informações”. Estão entre as aves mais inteligentes do grupo das aves”.
Classificada como vulnerável, a arara-azul vem sofrendo nos últimos anos com impactos ambientais que têm causado prejuízos à espécie. Em 2022, ninhos monitorados pelo instituto foram completamente destruídos por incêndios que atingiram o Pantanal, em Mato Grosso do Sul.
Antes e depois de ninho atingido pelo fogo.
Instituto Arara Azul
O Instituto Arara Azul nasceu com o objetivo de respaldar juridicamente as ações do Projeto Arara Azul e, a partir de 2004, passou a gerenciar e administrar os recursos recebidos por esse projeto e por outros, inclusive, de pesquisadores parceiros. O Instituto Arara Azul é presidido pela Profª. Dra. Neiva Guedes.
Entre as ações do instituto, estão o monitoramento de ninhos naturais e artificiais da espécie, em uma área de 400 mil hectares. Anualmente, mais de 1600 monitoramentos são realizados no Pantanal de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. No bioma, são cerca encontrados cerca de 5 mil indivíduos da espécie.
Além da arara-azul, o instituto apoia ainda o estudo da biologia reprodutiva das araras-vermelhas, tucanos, gaviões, corujas, pato-do-mato e outras espécies que coabitam com a arara azul no Pantanal.
Veja vídeos de Mato Grosso do Sul: