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Ex-governador Flaviano Melo é velado no Palácio Rio Branco, no Centro da capital acreana


Político morreu na última quarta-feira (20), aos 75 anos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Ex-governador do Acre, Flaviano Melo é velado no Palácio Rio Branco
Rede Amazônica/Andryo Amaral
O ex-governador do Acre, Flaviano Melo, que morreu na última quarta-feira (20), aos 75 anos, está sendo velado desde a meia noite deste sábado, no Palácio Rio Branco, que é a sede do governo do Acre, localizado no centro da capital e construído em 1930.
O ex-governador do Acre, Flaviano Melo, que morreu na última quarta-feira (20), aos 75 anos, está sendo velado desde a meia noite deste sábado (23), no Palácio Rio Branco, sede do governo do Acre.
Do prédio localizado no centro da capital, o corpo deve sair para o sepultamento no cemitério são João Batista, por volta das 16h40.
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Contexto: O presidente do MDB no Acre, estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, tratando uma pneumonia desde o dia 9 de novembro. A morte cerebral foi confirmada na quarta e os aparelhos que o mantinham vivo foram desligados. Por volta das 16h (horário do Acre), o MDB confirmou a morte. O governo do Acre decretou luto oficial de três dias.
Durante o velório, a viúva lamentou a morte do marido e disse que Flaviano deixa um legado de gratidão. Ela afirmou também que o povo do Acre ‘perdeu um grande homem, um grande pai, um grande político, um grande marido e um ser humano fantástico’.
“O Flaviano não guardava mágoa de ninguém. Ele sempre foi muito certo nessa vida e é uma perda muito grande para toda a população, para todo o estado e para os familiares também. Os dois filhos estão aqui, as irmãs, as sobrinha e a gente vai ter muita saudade desse grande homem”, declara ela.
Diversas homenagens foram feitas ao político neste sábado (23)
Rede Amazônica/Andryo Amaral
Autoridades e políticos compareceram ao funeral do ex-governador para prestarem suas homenagens. À Rede Amazônica o vice-presidente do MDB no Acre, Vagner Sales falou sobre o momento de dor para os amigos e correligionários, citando o legado deixado pelo político.
“Na verdade, há mais de 40 anos eu conheci o Flaviano. Eu era vereador em Cruzeiro [do Sul] e desde aquela época a gente mantém um grau de amizade, com respeito e carinho um pelo outro. O Flaviano nos deixa um legado partidário muito grande. Ele nos ensinou a conduzir o partido com lealdade, respeito, buscando sempre o que é melhor para os interesses da coletividade”, afirmou.
Sales, que é ex-prefeito de Cruzeiro do Sul, afirmou que Flaviano era reconhecido como um bom gestor em todas as cidades do Acre
“Em qualquer canto que você chegue nesse estado, não é apenas aqui em Rio Branco, mas em qualquer município de Assis Brasil a [Marechal] Thaumaturgo, você vê uma obra sendo realizada pela ação de governo ou pela ação de parlamentar dele. O político é igual jogador de futebol. O jogador é medido pelos gols que faz, o gestor pelas obras que deixa em benefício da população”, salienta ele.
Sales assumiu interinamente a presidência do MDB até que uma decisão oficial seja tomada para escolher o sucessor de Flaviano.
“O MDB é um partido que nunca teve dono, não terá dono e todas as decisões partidárias que se tomam dentro do MDB sempre são coletivas. É realmente uma grande tristeza, o partido está de luto, o estado está de luto, não temos que estar discutindo aqui quem vai ser presidente do partido, o momento é de saudade, mas estou respondendo como presidente nesse momento”, explicou.
Outro ex-governador acreano, Jorge Viana também prestou suas homenagens, falou sobre sua trajetória que se entrelaça com a do político e comentou sobre a conexão dos seus pais, com os pais de Flaviano.
“Seu Raimundo Melo e meu pai, eram vereadores juntos, fizeram uma história linda e nos deram origem na vida. Foi no governo do Flaviano, em 86, que eu fui convidado para ocupar um cargo público na Funtac [Fundação de Tecnologia do Acre], como diretor de estudo de pesquisa. A gente ajudou na criação da Funtac porque ele deu esse espaço”, menciona ele.
Viana relembrou que seu pai, o ex-deputado Wildy Viana, foi secretário de Agricultura no governo de Flaviano e disse que apesar de ter sido adversário político de Melo durante muitos anos, tem gratidão por ele no início de sua vida política.
“A nossa luta, o interesse era só o Acre. Claro que quando chega a eleição, tem que um ganhar, outro perder, mas o Flaviano, pela dedicação à vida pública, por tudo que ele fez, e ele foi inovou como engenheiro, como prefeito e depois como governador, ele foi muito mais longe, e entra para a história do Acre”, assegura ele.
Carreira
Com uma trajetória política de mais de 50 anos, o ex-governador do Acre, Flaviano Melo, conseguiu estabelecer recordes na política do estado que o elegeu ao menos uma vez, para a maior parte dos cargos públicos eletivos disputados por ele desde a década de 80.
Flaviano Melo, MDB, foi governador do Acre, prefeito de Rio Branco, senador e deputado federal
Arquivo pessoal
Melo era engenheiro civil por formação, tendo, segundo a Câmara dos Deputados, chegado a trabalhar na empresa de engenharia responsável pela construção e exploração da Ponte Rio-Niterói, entre 1974 e 75.
Entre 1983 e 2023, ele foi prefeito de Rio Branco, capital do estado, por duas vezes, também foi eleito governador e senador para um mandato cada e depois ocupou a cadeira de deputado federal por 16 anos.
Flaviano Flávio Baptista de Melo nasceu em 17 de novembro de 1949 em Rio Branco. Filiado ao MDB desde 1969, foi o último prefeito da capital a ser nomeado pelo governo estadual antes da reabertura política pós-ditadura e ocupou o cargo entre 1983 e 1986. Na ocasião, ele foi indicado por Nabor Júnior.
Flaviano Melo foi o segundo governador eleito por voto popular após a Ditadura Militar no Acre
Arquivo pessoal
Melo foi ainda o segundo governador a ser eleito por voto direto no Acre e sucedeu Iolanda Fleming, a primeira mulher a governar um estado no Brasil. Ele ocupou o Palácio Rio Branco entre março de 1987 e abril de 1990, e saiu de lá eleito para uma cadeira no Senado Federal.
Ele voltou a se candidatar ao governo do Acre em 1994, mas foi derrotado por Orleir Cameli, tio do atual governador do Acre, Gladson Cameli. Em 1998 tentou se reeleger ao Senado, mas perdeu para Tião Viana.
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Em 2000 conseguiu se eleger prefeito de Rio Branco, dessa vez por voto popular. No entanto, ficou no cargo apenas dois anos, renunciando para ser candidato ao governo do Acre. Ele acabou perdendo para Jorge Viana, que conseguiu se reeleger.
Entre 2007 e 2023 ocupou o cargo de deputado federal por quatro legislaturas, tendo, inclusive, votado a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, a favor da PEC do teto de gastos, da reforma trabalhista e pela rejeição da denúncia contra Michel Temer, em 2017.
Ele também foi membro de diversas comissões parlamentares, entre elas a de Constituição e Justiça e de Cidadania, Saúde, Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência e Desenvolvimento Urbano.
Deputado Flaviano Melo (PMDB-AC) anuncia voto
Obras públicas e processos por desvio de dinheiro
Durante seu mandato como governador do Acre foi o responsável pela criação de diversos bairros da capital acreana, como Manoel Julião, Tucumã e Universitário I, II e III. Além da instalação dos três reservatórios de água da cidade.
Mas o mandato também gerou controvérsia. Flaviano chegou a ser declarado réu em uma ação penal movida pelo Ministério Público Federal por peculato e crimes contra o sistema financeiro nacional, no caso conhecido como ‘Conta Flávio Nogueira’, um esquema que segundo a Justiça Federal do Acre chegou a desviar U$ 1,8 milhão de dólares (o equivalente a R$ 10,4 milhões na cotação atual).
Conforme o processo, julgado pelo STF apenas em 2018, Melo montou com empregados do Banco do Brasil, um esquema de gestão fraudulenta na agência do Centro de Rio Branco para desviar recursos públicos.
“A fraude consistia em abrir conta corrente em nome de pessoa física fictícia, no Banco do Brasil, para transferência de recursos do Fundo de Participação do Estado do Acre. No caso sob comento, a conta foi aberta em nome de ‘Flávio Nogueira’. Os recursos eram aplicados, pelo banco, por um ou dois dias, em fundos de investimento, sendo o principal devolvido aos cofres públicos, permanecendo os rendimentos na conta fantasma, para posterior apropriação pelos fraudadores”, diz um trecho.
Flaviano sempre negou envolvimento com o esquema, que chegou a condenar 13 pessoas em 2001. Na decisão, assinada pelo ministro Celso de Mello, o STF determinou a extinção do processo por ‘ausência de justa causa’.
Sepultamento
Em nota, o MDB informou que o sepultamento ocorre neste sábado (23), por volta das 16h40 no cemitério são João Batista.
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