“Ela é tão grande que não cabe em meia hora”, diverte-se a diretora Maria Emília de Azevedo, sobre o episódio “Neide Mariarrosa, A Voz de Mormaço”, que marca a estreia, nesse sábado (23), da série documental “O Som da Ilha”, às 13h30 na NDTV e na plataforma ND Play. A cantora, comunicadora e radioatriz é a primeira personagem da série, que terá seis episódios ao todo, destacando grandes nomes da música de Florianópolis.
Voz do hino de Florianópolis
Neide Mariarrosa (1936-1994) é uma personagem central na movimentação da cena musical e cultural da Florianópolis entre as décadas de 1960 e 1990. Brilhou em Santa Catarina e, depois, nacionalmente.
Amiga do poeta Zininho, Neide é lembrada até hoje pela interpretação da primeira versão do “Rancho de Amor à Ilha”, que se tornou o hino oficial de Florianópolis. Além disso, teve uma carreira notável no Rio de Janeiro, colaborando com grandes nomes da música brasileira, como Elis Regina, Edu Lobo, Pixinguinha, Baden Powell e, especialmente, Elizeth Cardoso, “A Divina”, estrela nacional que levou Neide para a Cidade Maravilhosa.
“O título dessa primeira temporada da série é ‘Época de Ouro’, e a Neide personifica o que foi aquele momento em que Florianópolis andava conectada com furor artístico e musical do Brasil, especialmente na década de 1960”, lembra a cantora Claudia” Zininha” Barbosa, idealizadora da série junto com o cineasta Zeca Pires.
O legado de Neide Mariarrosa
A diretora do episódio, Maria Emília de Azevedo, revela a “intensa emoção” – e, ao mesmo tempo, “uma grande responsabilidade” – de conviver com a memória de Neide Mariarrosa.
O título “A Voz de Mormaço” foi ideia da própria diretora. “Ela é tão grande que optamos por um recorte que leve para as atuais e futuras gerações quem foi essa cantora incrível que viveu aqui em Florianópolis e encantou plateias pelo Brasil”, comenta a cineasta.
O envolvimento da família e de amigos ainda vivos de Neide é outro ponto destacado pela diretora. Mas é principalmente a relação de Neide com a sua cidade que promove essa conexão importante. “Ela era do centro-leste da cidade”, adianta Maria Emília.
“Neide Mariarrosa, A Voz de Mormaço” é o único dos seis episódios que já teve uma pré-estreia, que aconteceu durante o FAM (Florianópolis Audiovisual Mercosul) 2024, em setembro. “Neide é uma referência. Seja no seu tempo, abrindo portas para uma nova geração que estava chegando naquela época, e hoje segue também inspirando jovens artistas”, completa a diretora.
Confira os episódios do Som da Ilha
- Dia 23/11 – Episódio 1 – “Neide Mariarrosa, A Voz de Mormaço” (dir. Maria Emília Oliveira de Azevedo) – Familiares e pesquisadores falam sobre a trajetória da cantora Neide Mariarrosa, nascida em Florianópolis e que cantou e encantou com a sua voz de mormaço. Cantou em sua cidade natal e no Rio de Janeiro e interpretou canções da geração de jovens que trazia novos estilos musicais: a bossa nova e a tropicália.
- Dia 30/11 – Episódio 2 – “Zininho, um gentleman do samba” (dir. Zeca Nunes Pires) – O episódio “Zininho, um gentleman do samba” é um recorte na vida e obra de Zininho, privilegiando o trabalho do autor de “Rancho de Amor à Ilha”, hino de Florianópolis, alguns detalhes de sua vida e uma contribuição pouco conhecida do genial compositor Cláudio Alvim Barbosa: o legado de um dos mais importantes acervos de documentos sobre a cidade de Florianópolis.
- Dia 7/12 – Episódio 3 – “Abelardo Souza, O Músico Cronista” (dir. Lelette Coutto) – O episódio “Abelardo Souza” é um mergulho no baú de memórias da família Souza, formada por músicos e na qual a música voa de geração em geração. As histórias e melodias que permeiam essa linhagem revelam não apenas o talento individual de cada membro, mas também a união e a tradição que a música representa para todos eles.
- Dia 14/12 – Episódio 4 – “Luiz Henrique, Um Visionário da Bossa Nova” (dir. Isabela Hoffmann) -O quarto episódio da série “O Som da Ilha” vai retratar a trajetória de Luiz Henrique Rosa, começando pela era de ouro da Rádio Diário da Manhã, onde ele tinha o programa chamado “Gente Nossa”, no final da década de 1950, passando pelo Beco das Garrafas, no Rio de Janeiro, e chegando aos Estados Unidos, onde Luiz Henrique passou oito anos de sua caminhada profissional.
- Dia 21/12 – Episódio 5 – “Gentil do Orocongo, O Cancioneiro da Ilha” (dir. Iur Gomez) – Gentil conheceu o exótico orocongo ainda criança. Aprendeu a confeccionar e a tocar o monocórdio instrumento africano, inserindo-o nas principais manifestações culturais de gênese açoriana da Ilha de Santa Catarina e arredores.
- Dia 28/12 – Episódio 6 – “Legados do Mestre Zequinha” (dir. Alissa Azambuja e Marilha Naccari) – Um artista que transcende o tempo. Instrumentista e compositor ímpar. Educador nato, criou um método próprio para ensinar e encanta com sua versatilidade, transitando entre valsa, bolero, samba, rancho e o vibrante carnaval, com um repertório autoral de riqueza e variedade rítmica.