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Quem é Jack Teixeira, o descendente de portugueses suspeito de vazar documentos sigilosos dos EUA


Neto de portugueses açorianos, Jack Teixeira não tem perfil de uma pessoa preocupada com os rumos da política americana, como pessoas que, no passado, vazaram documentos sigilosos. Ilustração com imagem de Jack Teixeira
AFP
Jack Teixeira é o protagonista do maior escândalo de espionagem nos Estados Unidos em décadas. Ele é descendente de portugueses –os avós deles eram da Ilha dos Açores, e parentes dele já foram militares nos EUA.
Caso seja considerado culpado de vazar dezenas de documentos sigilosos, este integrante de baixa patente da Guarda Nacional Aérea pode ser condenado a uma longa pena de prisão.
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De acordo com veículos de imprensa que entrevistaram amigos de Teixeira, ele não tem o perfil de um informante preocupado com os rumos da política dos EUA, como pessoas que vazaram documentos importantes no passado, mas, sim, uma pessoa quis impressionar os amigos mostrando a eles que tinha acesso a documentos sigilosos.
Suspeito de vazar documentos do Pentágono é preso pelo FBI
Teixeira, de 21 anos, é da pequena cidade de Dighton, no sul de Massachusetts. Ele se alistou na Guarda Nacional da Força Aérea em setembro de 2019.
Segundo documentos judiciais que citam registros do governo, Teixeira alcançou a patente do aviador de primeira classe – a terceira mais baixa para o pessoal alistado na Força Aérea -, em maio de 2022.
Especialista em comunicação e tecnologia, ele trabalhava na base da Guarda Nacional Aérea de Otis, em Cape Cod, cerca de 110 km ao sul de Boston.
Em fevereiro deste ano, Teixeira trabalhava como oficial de operações de defesa cibernética, disse um agente do FBI. Segundo o agente especial Patrick Lueckenhoff, “como era requerido para seu cargo, Teixeira dispunha de uma autorização de segurança de alto sigilo, que lhe foi concedida em 2021”.
Além dessa autorização, Teixeira também mantinha “acesso sensível compartimentado a outros programas altamente sigilosos”.
O acesso sensível compartimentado é uma autorização a receber informação que tem alta restrição. Para se ter acesso a ela, Teixeira precisou aceitar as condições de “proteger corretamente” a informação e não revelá-la a pessoas sem esse acesso privilegiado.
Ele também teve que se comprometer a não tirá-la de “instalações de armazenamento não autorizadas” ou guardá-la em “lugares não autorizados”, de acordo com a declaração juramentada.
A acusação diz que por volta de dezembro do ano passado Teixeira começou a postar informação secreta em um chat coletivo da plataforma on-line Discord.
O objetivo do grupo era “discutir assuntos geopolíticos e guerras atuais e históricas”.
Teixeira é acusado de publicar primeiro parágrafos de textos dos documentos secretos e de postar fotos desses textos.
Solitário
O governo americano afirma que os registros de computador mostram que Teixeira acessou um documento sobre a movimentação de tropas na guerra da Rússia na Ucrânia um dia antes de o conteúdo ser publicado on-line.
Um amigo contou ao jornal “The Washington Post” que Teixeira não queria minar a segurança nacional dos EUA, mas educar os membros mais jovens do grupo on-line.
“Ele amava os EUA, mas simplesmente não confiava em seu futuro”, disse a pessoa citada pelo jornal.
Outros membros do chat afirmaram que Teixeira compartilhou piadas racistas e antissemitas.
Família militar
Teixeira vem de uma família com décadas de serviço militar. Seu padrasto passou 34 anos na mesma unidade que o enteado, e sua mãe trabalhou para ONGs que apoiam militares veteranos, segundo o mesmo jornal.
Outros amigos contaram ao “The Washington Post” que Teixeira é patriótico, católico devoto, libertário e tem interesse em armas.
Ex-colegas informaram à CNN que às vezes ele se vestia com roupa camuflada para ir à escola.
“Era mais um solitário e seu fascínio pela guerra e pelas armas levaram muitas pessoas a se afastarem dele”, contou um ex-colega.

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