Integrantes do governo também querem André Janones (Avante-MG) em comissão parlamentar de inquérito. Uma vez que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro se tornou um cenário inevitável, o governo quer usar a comissão para investigar os financiadores dos atos antidemocráticos.
A avaliação é de que com as quebras de sigilo fiscal e bancário – umas das prerrogativas de Comissões Parlamentares de Inquérito – será mais fácil chegar aos empresários que financiaram a invasão dos poderes.
O governo avalia ainda um efeito secundário da abertura da comissão: o efeito rebote. Com as investigações fechando o cerco nos financiadores, gente que poderia ainda estar fornecendo recursos para bolsonaristas – ou pretendia fazer – ficaria coagido a não fazer.
O governo quer escalar quadros com experiência em investigação para compor a sua tropa de choque. Nesse sentido, o senador Renan Calheiros é considerado o “padrão ouro” para fazer parte so grupo.
“É o jogador dos sonhos”, disse um integrante do governo. Isso porque ele conhece investigação, foi relator da CPI da Covid e agora é presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, órgão que atua como controle externo também da ação dos militares.
Um porém, no entanto, seria o veto do presidente da Câmara, Arthur Lira, ao nome de Renan. Os dois são adversários políticos em Alagoas. As indicações para a composição da CPMI são feitas pelos líderes das respectivas casas, mas em negociação interna e com o governo, no caso dos partidos da base.
Outro nome cotado para compor a comissão, e que é palatável para o Planalto, é o do senador Omar Aziz (PSD-AM), que foi justamente o presidente da CPI da Covid.
O governo avalia que precisa de um núcleo mais técnico para tocar de fato as investigações, fazer os requerimentos e tomar os depoimentos. Mas outro núcleo mais midiático e bom para o enfrentamento político com a oposição dentro da própria comissão.
Renan, Omar Aziz – que trazem para esta CPMI a aura de outra comissão, a da Covid – e nomes estridentes nas redes sociais, como o de André Janones (Avante-MG).
“A CPI vai para cima dos financiadores do 8 de janeiro. Expõe o primeiro e a CPI acaba para o bolsonarismo”, afirmou um auxiliar do presidente.
O governo acredita que há um cruzamento entre financiadores do 8 de janeiro e apoiadores de campanhas dos parlamentares da oposição. Além disso, quer acesso a dados das investigações que estão sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes. E vão tentar aprovar requerimento para esse acesso como uma das primeiras medidas da comissão.
Governo quer foco em financiadores e vê Renan Calheiros como ‘jogador dos sonhos’ em CPMI sobre atos golpistas
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