Casal esteve no Instituto Médico Legal do Centro do Rio para passar pelo exame de corpo de delito. Vídeo mostra policial militar agredindo o casal. Viviane Magalhães da Cruz afirma que agressões de PM causaram lesões em seu olho
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O casal que foi agredido por um policial militar dentro de uma unidade hospitalar da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, passou por exame de corpo de delito nesta quinta-feira (20). Viviane Magalhães da Cruz afirma que teme a possibilidade de perder a visão, já que ela bateu com o olho no chão.
Segundo Viviane, ela passou por duas cirurgias nos olhos nos últimos dois anos por problemas na visão. Eles estavam com o filho de 3 anos no Hospital Municipal Lourenço Jorge quando foram agredidos pelo policial Leonardo Pinto Aguiar durante uma discussão com a equipe médica.
Conforme conta a mãe, ela caiu depois de ser empurrada pelo policial e bateu o olho esquerdo no chão. Viviane vai passar por uma avaliação médica para saber se não teve a retina descolada.
“Eu tô há menos de um ano operada, quando ele me jogou no chão eu bati com essa vista, justamente a operada. Eu já estava enxergando, mas agora está pior. Tem que ver se a retina foi descolada, eu tô vendo muito embaçado, eu posso perder a visão”, afirma ela.
Francisco Venilson Borges mostra marcas de algemas
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O pai, Francisco Venilson Borges, ainda estava com as marcas da algema no pulso nesta quinta (20), mesmo doze dias depois da situação.
Viviane relembra que ao chegar no hospital naquele dia, o marido já estava nervoso com a equipe médica. Ela afirma que um enfermeiro conversou com ela sobre a situação – Francisco diz que naquele momento discordava da possibilidade de operação do filho sem que os médicos vissem um raio-x.
“Ele veio e falou ‘fica calma, teu filho tá com muita dor e o atendimento está horrível hoje. Seu marido está desesperado chorando muito porque seu filho está com dor e ninguém faz nada’. O médico já chegou falando que meu filho ia operar e ficar internado”, relata a mãe.
Segundo ela, nessa hora eles pediram o raio-x. “Eu não sei, não sei de raio-x”, teria sido a resposta do médico, de acordo com Viviane.
“Está com você”, foi a resposta dos enfermeiros, conforme conta ela. Esse foi o momento em que o policial apareceu aos gritos para que eles saíssem da unidade hospitalar.
“Outro policial mesmo falou que não era pra tirar o meu filho do colo do pai, porque sabia que o colega estava de maldade querendo bater. Ele bateu no meu marido com meu filho no colo”, relembra Viviane.
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“Ele deixou meu marido sem short, bateu, chutou, torceu o braço dele. Eu tentei separar, mas ele me puxou pelo cabelo e me jogou no chão. Ele ficou falando ‘ele tá preso, ele é meu preso’”, conta ela.
O casal foi levado para a delegacia por uma outra equipe policial para prestar depoimento.
“O hospital viu a agressão e não fez nada. Assistiram tudinho de mão cruzada”, denuncia a mulher.
Na delegacia, segundo Viviane, ela e o marido não foram ouvidos, somente o policial. Eles registraram um outro boletim de ocorrência nesta quarta-feira (19). Francisco foi levado algemado para a unidade policial por volta de 00h e só teve a algema retirada às 4h.
O que dizem os envolvidos
A Secretaria Municipal de Saúde, responsável pelo Hospital Municipal Lourenço Jorge, informa que a unidade não tem gestão sobre o policial Leonardo Aguiar, e que ele estava de passagem acompanhando um paciente.
Sobre o raio-x, a SMS informa que a informação sobre o sumiço do exame não procede, e que o paciente tinha indicação de internação para cirurgia de redução da fratura de fêmur, diagnóstico não aceito pelos pais, que iniciaram discussão com os profissionais.
A direção da unidade repudiou qualquer ato de violência e se colocou à disposição da autoridade policial para ajudar na apuração.
A Assessoria da Polícia Militar informa que a Corregedoria Geral da Corporação, através da 2ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), já sabe do caso e instaurou um procedimento interno.
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