Membros da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados vistoriou oito unidades administradas pelo governo federal no município. Entre os problemas encontrados: superlotação e enfermarias fechadas. Deputados federais encontram andares abandonados durante vistoria em hospitais federais no Rio
A rede hospitalar federal que funciona no Rio de Janeiro tem atualmente 320 leitos impedidos de receber pacientes. São estruturas em boas condições, que poderiam atender a população, mas estão fechadas por problemas como a falta de profissionais, por exemplo.
Os dados foram revelados pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, que nessa semana vistoriou oito unidades da rede federal no Rio. Entre os problemas, os deputados também encontraram hospitais com alas superlotadas e outros com enfermarias fechadas, além da falta de médicos.
Para o deputado federal Daniel Soranz (PSD), integrante da comissão, falta gestão para colocar os equipamentos em funcionamento.
“Muitos setores fechados, leitos fechados por falta de recursos e estrutura, mas principalmente falta de gestão”, avaliou o parlamentar do PSD.
Em quatro dias, os deputados visitaram os hospitais federais de Bonsucesso (HFB); Cardoso Fontes (HFCF); Ipanema (HFI); da Lagoa (HFL); do Andaraí´ (HFA); dos Servidores do Estado (HFSE); e os Institutos Nacionais de Cardiologia (INC) e de Traumatologia e Ortopedia (INTO).
Durante as vistorias, o deputado Dimas Gadelha (PT) disse que o mais importante agora é repor os profissionais que atuam nas unidades de saúde.
“É um absurdo o estado que deixaram esses hospitais nos últimos anos, uma verdadeira herança maldita deixada pelo [ex-presidente Jair] Bolsonaro. (…) De imediato, acho que a ação mais importante é a reposição de profissionais, contratação de profissionais e a execução dessas obras que estão inacabadas e que esses serviços que estão abandonados há anos sejam devolvidos a população”, disse Dimas.
Rede federal de hospitais do Rio tem 320 leitos impedidos de funcionar, aponta vistoria de deputados
Divulgação
Vistorias
🏥 Hospital Federal de Bonsucesso:
De acordo com o relatório, o Hospital Federal de Bonsucesso, na Zona Norte, conta com 411 leitos, sendo 231 ocupados e 126 impedidos por falta de profissionais e outros problemas.
Durante a vistoria na unidade, os deputados avaliaram que a UTI Neonatal e o CTI Pediátrico operam abaixo da capacidade, podendo dobrar a quantidade de leitos pelo espaço físico disponível.
🏥 Hospital Federal Cardoso Fontes
No Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, 28 leitos estão impedidos de receber pacientes por falta de recursos humanos. Ao todo, a unidade tem 182 leitos disponíveis.
Outro problema na unidade hospitalar é a superlotação da sala amarela, no setor de emergência. No local, pacientes são atendidos em 10 macas extras no corredor e 4 macas extras na sala vermelha.
🏥 Hospital Federal da Lagoa
Com 249 leitos contabilizados na plataforma SMS Rio, o Hospital Federal da Lagoa conta com 32 leitos impedidos de funcionar.
🏥 Hospital Federal do Andaraí
O Hospital Federal do Andaraí, na Zona Norte, possuí 282 leitos cadastrados, mas 10 não podem funcionar por problemas de gestão, como falta de profissionais ou falta de rouparia.
A falta de médicos ficou evidente quando a filha de uma paciente pediu ajuda aos deputados durante a vistoria para tentar resolver a situação da mãe, que morreu horas antes e ainda não tinha conseguido um atestado de óbito.
🏥 Hospital Federal dos Servidores do Estado
De acordo com a plataforma SMS-RJ, o Hospital Federal dos Servidores do Estado, no Centro do Rio, possui 374 leitos cadastrados. Contudo, 57 leitos estão impedidos de funcionar.
O Hospital Federal dos Servidores do Estado conta com 57 leitos impedidos de funcionar.
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Além dos leitos parados, a unidade possui inúmeras salas trancadas. Segundo os deputados, a explicação pelos espaços fechados é que “as chaves não se encontravam disponíveis por estarem com os responsáveis que não se encontravam no hospital durante a visita”.
Ainda segundo a comissão, muitas alas hospitalares da unidade federal, em diversos andares, foram transformadas em salas administrativas, usadas para reuniões, vestiários, salas para chefias médicas e de enfermagem de diferentes especialidades.
Outro ponto de alerta da comissão no Hospital Federal dos Servidores do Estado foi em relação ao número de camas novas e sem uso encontradas na unidade, enquanto outros hospitais da rede federal reclamam da falta do mesmo equipamento.
🏥 Instituto Nacional de Cardiologia
O Instituto Nacional de Cardiologia, em Laranjeiras, na Zona Sul da cidade, conta com 23 leitos parados por falta de profissionais. Esse número representa mais de 14% dos leitos do hospital.
🏥 Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad
Cerca de 10% do total de leitos disponíveis no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into), no Caju, está impedido de funcionar, de acordo com a vistoria. Ao todo, são 30 leitos sem uso.
🏥 Hospital Federal de Ipanema
Durante a visita, foi constatado que 3 salas de cirurgia do Hospital Federal de Ipanema, na Zona Sul, se encontram fechadas. São 14 dos 131 leitos da unidade impedidos de receber pacientes.
Os deputados observaram também que há lentidão no credenciamento de pacientes e que existem 2.900 pessoas aguardando atendimento na unidade.
Mais problemas
A última unidade hospitalar da rede federal vistoriada foi o Inca de Vila Isabel, na Zona Norte. No local, os parlamentares encontraram dois quartos de enfermaria fechados por causa de uma infiltração.
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A unidade do Inca da Cruz Vermelha, no Centro, conta com um terreno no fundo do hospital, onde já deveria ter sido erguido um prédio. Até o momento, o local é apenas um terreno baldio.
O local deveria ser um Centro Integrado do Instituto Nacional do Câncer. A obra para a nova construção foi licitada pelo Governo Federal, mas o processo foi paralisado em 2012.
“Isso conseguiria integrar todas as unidades do Inca com maior racionalidade operacional e eficiência”, disse o diretor geral do Inca Roberto Gil.
Atualmente, a taxa de ocupação da unidade é de 56%, enquanto muitos pacientes com câncer no Rio de Janeiro precisam esperar mais de 60 dias após o diagnóstico para começar um tratamento oncológico.
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