Marcelo Boer, pai de Rodrigo, fez um discurso emocionado antes do translado dos corpos, em Manicoré. Pai de piloto que morreu em queda de avião no AM lamenta acidente
“Não consegui nem dar tchau para ele”, disse pai de piloto morto em acidente aéreo no Amazonas ao agradecer comunidade ribeirinha pela solidariedade e empenho nas buscas. Rodrigo Boer e o passageiro Breno Braga Leite morreram após o avião em que estavam cair em uma região de floresta em Manicoré. Os destroços foram encontrados cinco dias depois, após trabalho das autoridades e dos moradores locais.
Na tarde desta quinta-feira (26), Marcelo Boer, pai de Rodrigo, fez um discurso emocionado antes do translado dos corpos. Assista acima.
O avião, pilotado por Rodrigo Boer e de matrícula PT-JCZ, havia sumido na sexta-feira (20). A Prefeitura de Manicoré informou que os destroços foram localizados a pouco mais de 2 KM da Comunidade Bom Jesus, na estrada Igarapé Grande, em uma área de difícil acesso.
O pai do piloto também fez questão de agradecer pessoalmente a solidariedade da cidade, mencionando o impacto da perda e o esforço coletivo.
“Eu não tenho palavras para agradecer o carinho que essa cidade nos proporcionou. Meu filho era minha joia, meu tesouro. Eu perdi meu filho por uma bobeira. Ele era muito treinado, fez essa manobra mais de um milhão de vezes. Não podia ir embora sem olhar nos olhos de cada um de vocês e dizer muito obrigado”, disse emocionado.
Ele também lamentou não ter tido a oportunidade de se despedir. “Eu estava viajando, não consegui nem dar tchau para ele. Desculpa estragar o Natal de vocês. Eu senti que a cidade ficou triste, mas não era a intenção do meu filho fazer isso”, afirmou.
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Marcelo compartilhou a angústia que sentiu durante os dias de buscas. “A minha maior tristeza era ir embora e não conseguir levar meu filho. A minha preocupação era que ele estivesse sofrendo. A gente não sabe se a pessoa morre na hora da queda”, contou.
“Graças a Deus, a primeira pergunta que fiz às autoridades foi se ele havia sofrido. Ele morreu na queda, então não sofreu. Minha maior tristeza era não ter conseguido salvar meu filho, mas sinto que ele está em paz. Ele era um menino muito bom”, completou, buscando consolo.
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Ele também fez um pedido especial à comunidade. “Queria uma salva de palmas para vocês”, agradeceu o pai de Rodrigo, emocionado com a ajuda da população.
Os corpos das vítimas foram levados de Manicoré para o aeroporto local em um cortejo, de onde seguiram para Manaus na tarde desta quinta-feira (26). De acordo com a Polícia Civil, os corpos serão então transportados para as cidades de origem dos falecidos.
Os corpos das vítimas do acidente aéreo em Manicoré, deixaram a cidade no interior do Amazonas, seguidos por um cortejo, que seguiu até o aeroporto do município, de onde foram transportados para Manaus na tarde desta quinta-feira (26). Conforme a Polícia Civil, em seguida, os corpos devem ser transportados da capital amazonense para as cidades de origens.
Rodrigo Boer Machado de 30 anos, que era um piloto tripulante da aeronave que desapareceu no interior do Amazonas
Arquivo pessoal
O caso
A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que o avião não tinha plano de voo registrado e não foi detectado pelos radares. O último sinal do GPS Garmin do piloto indicou uma posição ao sudeste de Manicoré.
A FAB também esclareceu que o resultado final da investigação será divulgado no Painel SIPAER, disponível no site do CENIPA. Até o momento, não há informações sobre as causas do acidente ou as circunstâncias envolvendo o piloto e o passageiro.
Na sexta-feira, uma moradora da comunidade próxima ao local onde os destroços foram encontrados relatou à Prefeitura de Manicoré que, por volta das 8h, ouviu um barulho estranho vindo da aeronave. Segundos depois, ela escutou um forte estrondo.
“A gente estava tomando café, o avião vinha com uma ‘zoada’ estranha e passou rapidamente. Eu falei para o meu marido: ‘olha esse avião, parece que está falhando’. Fui olhar e, quando levantei da mesa, só ouvimos o estrondo”, contou a moradora, identificada apenas como Raimunda.
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