Criança deu entrada apresentando falta de ar, respiração alterada e vômitos. Segundo a mãe, a equipe médica não auscultou os pulmões da menina, nem pediu exames de imagem, além de ter usado equipamento inadequado para conferir a oxigenação. Mãe denuncia negligência médica após morte de filha de 1 ano e 2 meses em Maceió
Uma mãe usou as redes sociais para denunciar negligência médica depois que a filha dela morreu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Benedito Bentes, em Maceió. Segundo Kettly Ferreira, falhas no atendimento e erros médicos levaram à morte de Aurora, de 1 ano e 2 meses de idade.
No relato publicado no Instagram, Kettly conta que a filha começou a passar mal na madrugada da última segunda (23), apresentando uma respiração alterada. A mãe passou a madrugada observando Aurora e, quando amanheceu, levou a menina à UPA (assista acima).
A criança deu entrada por volta das 7h apresentando falta de ar, respiração alterada e vômitos.
“Ela chegou ‘roxinha’ por falta de oxigênio, ela estava tentando puxar ar, e a médica não solicitou uma chapa do pulmão da minha filha, ela não auscultou o pulmão da minha filha com estetoscópio, ela não fez o mínimo. Disse que era crise asmática, sendo que ela não tinha [asma]”, conta Kettly.
O g1 entrou em contato com a administração da UPA, mas até a última atualização desta repostagem não havia obtido resposta.
Segundo Kettly, Aurora foi encaminhada para a área vermelha duas vezes. Na primeira vez, a menina estava usando uma máscara de Hudson, que é um dispositivo utilizado para administrar oxigênio a pacientes com insuficiência respiratória.
A mãe conta que também foi colocado um aparelho para verificar a saturação da menina, mas que o equipamento utilizado não adequado para crianças, e sim para adultos, e por isso o equipamento teria informado que a saturação estava boa. Assim, Aurora voltou à ala pediátrica.
“Aconteceu outro erro médico. Tiraram a máscara que estava dando oxigênio a ela. Minha filha estava tão agoniada que ela ficava todo tempo deitada de bruços na maca, até que eu a peguei no colo e ela acabou perdendo o acesso do soro. As enfermeiras simplesmente disseram: ‘Ela tirou o acesso por sua causa, sua filha vai voltar para a área vermelha por sua causa'”.
Kettly conta que a equipe procurou as veias de Aurora para colocar o acesso novamente. “Como ela estava desidratada, não dava para achar. Ela estava se aperreando com todas as furadas, puxando mais ainda o ar, até o momento em que furaram o pé dela e ela não estava mais reagindo”.
“Foi aí que a médica que admitiu aurora auscultou ela, disse que estava com um ‘chiadinho’ no peito e disse: ‘Vou aqui e volto já’, e foi embora. Quando eu chamei a Aurora, ela não estava mais ali. Ela ficou com aquele olhar gelado, paralisado”.
Segundo o relato de Kettly, neste momento uma enfermeira tirou levou Aurora correndo para a área vermelha. “A minha filha não estava mais ali, mas mesmo assim eu pedi a Deus para não deixar ela ir”, lembrou a mãe.
“A Aurora veio de surpresa e foi embora de surpresa. A passagem dela na minha vida foi uma coisa linda. Ela era uma criança cheia de luz”, disse Kettly.
Aurora tinha 1 ano e dois meses
Arquivo pessal
Kettly conta que pedia constantemente uma posição sobre o estado da filha, mas foi um longa espera até receber um retorno da equipe médica.
“A médica que admitiu a Aurora em nenhum momento falou comigo, as outras médicas que falaram. Entramos em uma sala, com assistente social. Eu disse: ‘Por favor, digam se a minha filha está viva’. Foi aí que falaram que minha filha não estava [viva]. Minha reação foi me jogar no chão, gritar, chorar”.
“Pedi para ver a Aurora. Eu peguei ela, fiquei um pouco com ela. Nenhuma das médicas me disse o que a minha filha teve até então, era um laudo inconclusivo. No laudo que a médica deu, diz que tentaram reanimar a minha filha por 52 minutos. É mentira. Foi um quadro que evoluiu rápido, a Aurora faleceu por volta de 12h. Quando ela saiu dos meus braços, ela já estava morta”.
Segundo Kettly, o Instituto Médico Legal (IML) informou que Aurora morreu por broncopneumonia, uma infecção pulmonar que afeta os brônquios e os pulmões e provoca inflamação nas vias respiratórias e nos alvéolos.
A menina também apresentou quadro de broncoaspiração, quando partículas de alimentos, líquidos, saliva ou vômito são acidentalmente inalados para as vias respiratórias e os pulmões. “O que aconteceu com ela foi um erro médico, de não terem dado o suporte que ela precisava”, lamentou Kettly.
Kettly e o marido, Thalison, são pais de outras duas meninas. No vídeo, Kettly também contou um pouco sobre como a família está enfrentando esse momento delicado e disse que está sendo “forte” pelas filhas.
“O que me dói mais é saber que isso pode acontecer com outra pessoa, com outra criança. Isso não é justo com ninguém. Eu não quero que nenhuma mãe passe pelo o que eu passei. A dor que eu estou sentindo, eu não desejo para ninguém”.
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