Jorge Luiz Santos trabalha há nove anos como Papai Noel em um shopping center de Canoas, cidade fortemente afetada pelos alagamentos no RS. Em maio, a água tomou conta da casa e fez com que a família perdesse eletrodomésticos, móveis e até fotografias. Em Canoas, Papai Noel vive história de superação
Em uma das cidades mais atingidas pela enchente de maio no Rio Grande do Sul, a comemoração do Natal tem um simbolismo especial – não só para quem celebra a data, mas também para o “Papai Noel” Jorge Luiz Santos.
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O protético dentário, que há nove anos atua como “bom velhinho” em um shopping center de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, ficou com a casa debaixo d’água em maio, quando a cidade foi fortemente atingida pela água. Sete meses depois, ele conta que a data ganhou uma nova simbologia – e até os pedidos das crianças mudaram:
“Ultimamente, (as crianças) pedem mais saúde e união para os pais. Mais do que brinquedo. Eles estão mais sensíveis, vendo a situação, dizem que querem saúde, paz. A maioria pede isso”, conta.
“Saúde e união dos pais” são os pedidos mais populares em Canoas após enchente, conta o “Papai Noel’ Jorge
Reprodução/RBS TV
Jorge tem 70 anos e mora há 28 em Canoas. Ele trabalhava fabricando próteses dentárias, mas boa parte do material de trabalho foi perdido, assim como os móveis, eletrodomésticos e mesmo as fotos da família.
“É deseperador, a água passou do forro. Quando viemos na última vez, a água estava no pescoço. A cama foi o que eu consegui salvar, mas perdemos tudo. Ficou 40 dias com água”, conta.
Jorge Luiz Santos teve a casa completamente inundada durante a enchente de maio em Canoas
Reprodução/RBS TV
Jorge, a esposa e o filho chegaram a morar em três locais diferentes durante a enchente. Juraci Marques Silveira, esposa de Jorge, se emociona com as perdas, mesmo aquelas que parecem pequenos detalhes.
“Tem coisas que a gente perde e fica sempre lembrando. Fotos do meu casamento, dos meus meninos… Tu vai fazer uma coisa e não tem isso, não tem aquilo. É triste. Mas a gente tem que levar em frente. É muito cruel o que a gente passa”, diz.
“Eu só quero ter as coisinhas que fazem falta. Eu tinha uma máquina de costura, gostava de fazer… É uma coisa que me faz falta”, lamenta.
Uma das formas de seguir em frente, para Jorge, é vestir a roupa vermelha, o gorro e atender as crianças no shopping onde trabalha. “O trabalho de Papai Noel me ajuda muito, vem em boa hora, e a cabeça também, me sinto melhor”, conta.
Jorge Luiz Santos trabalha como Papai Noel em um shopping center de Canoas, uma das cidades mais afetadas pela enchente de maio no RS
Reprodução/RBS TV
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