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Sobrevivente de acidente na BR-116 relata troca de ônibus antes da tragédia


Ônibus anterior, que partiu de São Paulo, estaria esquentando muito e precisou ser trocado. Natalício Araújo deu detalhes de como foi o momento de desespero ao acordar em meio às chamas. Ele falou também sobre a gratidão por sobreviver ao acidente com tantas mortes. Ferido, Natalício Araújo Ramos relatou momentos de terror durante acidente em Teófilo Otoni
Jerry Santos/Inter TV dos Vales
Um dos sobreviventes do acidente entre um ônibus, uma carreta e um carro na BR-116 que deixou 41 mortos, na madrugada de sábado (21), contou que houve uma troca de ônibus horas antes da tragédia. Natalício Araújo Ramos, de 41 anos, disse em entrevista a Inter TV dos Vales, que aconteceu um aquecimento no ônibus antigo.
“Estávamos indo para Itaeté, na Bahia, e o ônibus começou a esquentar. Tivemos que parar, e no ponto de apoio nos trocaram para um novo veículo para garantir maior conforto e segurança”, disse.
Em nota ao g1, a Emtram informou que o veículo original apresentou um problema técnico na vedação da tampa do assoalho, “o que ocasionou a entrada de ar quente no interior do ônibus e causou desconforto para os passageiros”.
O novo ônibus seguiu viagem e por volta das 3h30 a tragédia aconteceu. Uma pedra de granito que se desprendeu da carreta atingiu o ônibus, que acabou pegando fogo.
Natalício contou que acordou com os gritos de pavor dos outros passageiros e agiu rapidamente.
“Eu tava dormindo. Quando eu acordei, pessoal todo gritando ‘socorro’. Eu falei: meu Deus do céu! Eu pensei que era outro ônibus que tava pegando fogo. Olhei pela janela, tinha quebrado vidro. No que eu vi, vi que era o meu ônibus. Aí eu desesperei, pedindo socorro também! Deus falou calma! Eu peguei, tirei o cinto, consegui… tinha uma cortina assim… do ônibus… eu consegui pendurar uma altura de 1,80 a dois metros, mas consegui pular”
O sobrevivente contou que, ao tentar escapar, teve dificuldades, mas foi ajudado por um senhor.
“Caí um pouco, por cima do ombro. Tá um pouco dolorido. Saí, passei no fogo assim, coloquei a mão na cara, queimou um pouco. […] Veio um senhor. Falou ‘o senhor ta bem’? Eu falei: ‘ah mais ou menos’. Ele pegou e me arrastou assim… uns 10 metros. Depois teve uma explosão. Ele falou: ‘Você aguenta andar?’ Eu falei: ‘eu aguento’. Tentei, não aguentei. Ele pegou na minha mão, conseguiu me levar até em cima e fiquei sentado lá. Aí, agora só fogo para todo lado, queimando um monte de coisa”, descreveu.
Ele lembrou que não se recorda do impacto que causou o acidente.
“Não sei se eu tinha desmaiado, ou eu tava dormindo mesmo, mas no que eu acordei, eu vi essa cena aí […] Não lembro nada da pancada. Só lembro de ter saído, tirado o cinto e pulado pela janela”, afirmou.
Natalício contou ainda que cena de pânico e desespero dos passageiros ainda está fresca em sua memória.
“Na hora que que eu acordei, eu tava na cadeira e o pessoal tava: ‘socorro, socorro, oi,’, gritando essas coisas assim só. Foi o deu pra ver, mas como eu saí, também não tinha como fazer nada. Não deu pra mim ver ninguém também”.
Além de passar por momentos de pânico e dor física, Natalício também refletiu sobre a nova chance que a vida lhe deu.
“Quarta-feira é meu aniversário. Nasci dia 25 de dezembro, vou fazer 42 anos. Vou agradecer muito a Deus por me dar mais uma oportunidade de viver… Tenho muita fé, vou na igreja e vou celebrar com a minha família”, completou, demonstrando sua gratidão pela vida e pela oportunidade de reencontrar seus entes queridos.
O sobrevivente agora aguarda ansiosamente para rever a família.
“Tenho uma filha de 12 anos que mora na Bahia e não a vejo há dois anos. Se Deus quiser, amanhã estarei lá com ela e minha mãe. Vou agradecer muito a Deus”, afirmou emocionado.
Mesmo com o trauma, Natalício se prepara para continuar sua viagem.
“Vou pegar o mesmo ônibus da empresa amanhã, 4h da manhã. Tô em pânico ainda, mas se Deus me trouxe até aqui, eu não vou desistir”, concluiu.
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Veja, abaixo, a íntegra da nota enviada pela empresa Emtram:
A empresa informa que o ônibus que partiu de São Paulo com destino à cidade de Elísio Medrado-BA, foi substituído no ponto de apoio localizado em Paraíba do Sul (RJ). A troca foi realizada para garantir maior conforto e segurança aos passageiros.
O veículo original apresentou um problema técnico na vedação da tampa do assoalho, o que ocasionou a entrada de ar quente no interior do ônibus e comprometeu o funcionamento do sistema de ar-condicionado.
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