A queda de avião em Gramado, na serra gaúcha, por volta das 9h da manhã deste domingo (22), tirou a vida de cerca de dez pessoas e deixou 17 feridos. Entre as vítimas, estava Luiz Claudio Galeazzi, 61, CEO da Galeazzi & Associados, empresa de consultoria que conduziu reestruturações de gigantes como Pão de Açúcar, BRF e Americanas.
Claudio Galeazzi (esq.) e seu filho, Luiz Claudio (dir.) – Foto: Reprodução/ND
A empresa foi fundada por Claudio Galeazzi, pai de Luiz, em 1995. Claudio, que morreu em 2023 devido a um câncer, era conhecido por assumir empresas durante momentos de tormenta e conduzir a reestruturação delas. Alguns dos casos mais conhecidos são os do GPA (ex-grupo Pão de Açúcar) em 2007, o das Lojas Americanas, nos anos 1990, e o da BRF, em 2013.
Com o sucesso na reestruturação do Pão de Açúcar, Claudio caiu nas graças de Abilio Diniz, então controlador do grupo. A parceria rendeu uma indicação do próprio Diniz para que o empresário assumisse a presidência da empresa, o que aconteceu em 2007. Ele ficou no posto até 2010.
Em 2013, Claudio recebeu uma nova indicação de Abilio Diniz para assumir outra empresa: a catarinense do ramo alimentício BRF, que também havia sido salva pela Galeazzi & Associados. Ele ficou no cargo até o final de 2014.
Claudio era próximo de Abilio Diniz e já comandou empresas por indicação do amigo – Foto: Reprodução/ND
Luiz Claudio comandava há dois anos na Faria Lima a consultoria criada pelo pai
O filho de Claudio, Luiz Claudio, assumiu o posto de CEO da Galeazzi & Associados após o afastamento do pai, que morreu em março do ano passado. Ele havia sido diagnosticado com câncer cerca de um ano e meio antes.
A mãe do empresário, Maria Leonor, morreu também em um acidente de avião, ocorrido em 2010 na região de Sorocaba (SP).
Luiz Claudio era formado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em mais de duas décadas e meia de experiência em gestão de empresas, participou de projetos em diferentes setores da economia, além de recuperações judiciais no Brasil e no exterior.
Um caso recente foi o da varejista de moda Marisa, que contratou a Galeazzi no ano passado para contornar uma grave crise. Ao todo, foram fechadas 88 lojas, a um custo de R$ 44,5 milhões.
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Galeazzi fez a reestruturação das Lojas Americanas no final dos anos 90 – Reprodução/ND
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Galeazzi fez a reestruturação do Pão de Açúcar em 2007 – Reprodução/ND
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Galeazzi fez a reestruturação da BRF, sediada em Itajaí, em 2013 – Reprodução/ND
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Galeazzi fez a reestruturação das Lojas Marisa em 2023 – Reprodução/ND
Nos processos de reestruturação, a consultoria costuma aplicar preceitos como o chamado Orçamento Base Zero, em que as despesas de uma empresa são completamente revisadas a cada ano.
Nos processos de reestruturação conduzidos pela Galeazzi, é comum que os processos levem a revisões operacionais com a ocorrência de demissões e fechamentos de lojas, com foco em preservar o caixa e, no médio prazo, dar maior fôlego financeiro às companhias.
A empresa fica sediada na Avenida Faria Lima, o principal centro comercial e financeiro do Brasil, localizada na região de Pinheiros, em São Paulo. A via é conhecida como a “Wall Street brasileira”.
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Sede da consultoria fica localizada na Avenida Faria Lima, o maior centro comercial e financeiro da América Latina – Google Maps/Reprodução/ND
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Processos de reestruturação feitos pela consultoria costumam envolver fechamentos de lojas e demissões visando preservar caixa de empresas – Getty Images/ND
Queda de avião que vitimou Luiz Galeazzi
O avião turboélice bimotor de pequeno porte caiu por volta das 9h deste domingo (22), em Gramado, na serra gaúcha. Segundo o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), não há sobreviventes.
Segundo informações da Infraero, o avião vinha da cidade de Canela, no Rio Grande do Sul, e estava indo para Jundiaí, interior de São Paulo.
Em nota, empresa confirmou a morte do empresário. “Luiz Galeazzi será eternamente lembrado por sua dedicação à família e por sua notável trajetória como líder da Galeazzi & Associados”, afirmou a consultoria, que também agradeceu às manifestações de pesar e se solidarizou com outras pessoas afetadas pelo acidente na região.
A Galeazzi disse ainda que reafirma o compromisso em acompanhar as investigações sobre o acidente, e que todos os registros e autorizações da aeronave estavam “devidamente em ordem”. “Pedimos respeitosamente que o direito à privacidade da família seja respeitado neste momento tão delicado”, reiterou.
