O Tesouro Direto iniciou esta quinta-feira (19) em meio a um cenário de forte turbulência nos mercados brasileiros. Com o dólar beirando os R$ 6,30, a Bolsa de Valores registrando quedas acentuadas e a curva de juros em disparada, os títulos públicos do Tesouro alcançaram níveis históricos de rentabilidade.
Os títulos prefixados superaram, pela primeira vez, a marca de 16% ao ano, enquanto os indexados à inflação oferecem um retorno inédito de IPCA + 8% ao ano. Esses patamares representam o maior nível de retorno da série histórica para boa parte dos ativos em negociação.
O momento histórico atrai a atenção de investidores, mas vale ressaltar que a volatilidade dos mercados e as frequentes interrupções nas negociações exigem cautela e estratégia.
Desafios de investir no Tesouro Direto em meio à crise
Apesar das taxas atraentes, adquirir títulos no Tesouro Direto não tem sido tarefa fácil. Por volta das 10h30 desta quinta-feira, o site do Tesouro Direto saiu do ar, suspendendo negociações de títulos prefixados e indexados ao IPCA.
Apenas o Tesouro Selic permaneceu disponível para investimento. Essa é a quarta sessão consecutiva em que ocorre um “circuit breaker” no Tesouro Direto.
Antes da paralisação, o Tesouro Prefixado 2027 oferecia um retorno de 16,21% ao ano, superando a taxa máxima de 15,80% registrada na véspera. Já o Tesouro Prefixado 2031 também bateu um novo recorde, oferecendo 15,60% ao ano.
Nos títulos híbridos, como o Tesouro IPCA+, Renda+ e Educa+, os retornos ultrapassaram os 8,35% ao ano, somados à variação da inflação.
Para efeito de comparação, em meados de 2024, quando a taxa de 6% ao ano era considerada “insana” pelo mercado, a atual rentabilidade destaca o tamanho da mudança na curva de juros.
Recordes e paralisação no Tesouro Direto
As altas históricas de rentabilidade não são episódios isolados. Desde a segunda-feira (16), as taxas dispararam ao ponto de as negociações serem suspensas repetidamente.
Na terça-feira (17), as operações foram interrompidas em quatro ocasiões devido à forte volatilidade do dólar, que chegou a R$ 6,20.
Na quarta-feira (18), a instabilidade permaneceu, levando à paralisação das negociações três vezes, até que o mercado foi completamente suspenso por volta das 16h.
O “circuit breaker” no Tesouro Direto ocorre quando a volatilidade dos juros atinge níveis extremos, forçando o Tesouro Nacional a interromper a negociação de títulos prefixados e indexados ao IPCA.
Nessas situações, apenas o Tesouro Selic segue disponível. Essa prática tem sido cada vez mais recorrente, refletindo a instabilidade econômica atual.
O que fazer diante desse cenário?
Para investidores que desejam aproveitar as altas taxas, é importante estar atento aos horários de funcionamento da plataforma do Tesouro Direto e planejar as aplicações com antecedência.
Além disso, é fundamental avaliar o perfil de risco e o horizonte de investimento antes de adquirir títulos com alta volatilidade.
No entanto, as taxas recordes podem representar uma oportunidade para quem busca proteger o poder de compra em um cenário de inflação elevada e juros altos.
O Tesouro IPCA+, por exemplo, é ideal para investidores de longo prazo que desejam garantir retornos acima da inflação.