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Extrema direita isolada e coalizões frágeis: saiba o que deve acontecer na Alemanha após o colapso do governo de Olaf Scholz


Chanceler perdeu voto de confiança do Parlamento após demitir ministro das Finanças e perder maioria na Casa. Presidente do país, Frank-Walter Steinmeier, pode decidir pela convocação de eleições antecipadas. 65% dos alemães querem eleição antecipada, após colapso da coalizão de Scholz
A Alemanha caminha para um cenário político delicado caso novas eleições sejam convocadas no país. Apesar de uma liderança confortável da centro-direita nas pesquisas, o crescimento da extrema direita pode dificultar a formação de coalizões e torná-las mais frágeis.
O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, perdeu nesta segunda-feira (16) o voto de confiança do Parlamento de seu país. O resultado, já esperado, consolida o colapso do governo Scholz e abre caminho para que as eleições alemãs aconteçam de forma antecipada em fevereiro de 2025.
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Com a reprovação de Scholz, caberá ao presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, decidir se dissolve a Câmara dos deputados, chamada de Bundestag, que tem 736 assentos. Steinmeier tem 21 dias para tomar uma decisão. Caso a dissolução do Parlamento aconteça, uma nova eleição tem que ser realizada em até 60 dias — e é o próprio presidente quem marca o dia do pleito, segundo a lei eleitoral alemã.
Uma moção de confiança é votada quando parlamentares sentem a necessidade de reavaliar o governo, no caso de países parlamentaristas ou semiparlamentaristas.
Segundo o site Politico, o partido de centro-direita CDU/CSU (União Democrática Cristã para a Alemanha) lidera confortavelmente as pesquisas, com 32% das intenções de voto. Isso torna seu líder, Friedrich Merz, o favorito para se tornar próximo chanceler.
Em seguida, porém, vem a sigla de extrema direita AfD (Alternativa para a Alemanha), com 19% das intenções de voto. O partido, fundado em 2013 e com presença no Bundestag desde 2017, é radicalmente contra a imigração e contra a integração europeia.
O AfD também é acusado de abrigar células neonazistas e recorrer a táticas extremistas, como a violência contra opositores.
Há um acordo tácito de partidos tradicionais alemães para que não se formem alianças com o AfD. O crescimento nas pesquisas, porém, torna mais difícil a formação de coalizões estáveis para governar.
Os partidos em terceiro e quarto lugares nas intenções de voto, SPD, de Scholz, e os Verdes, têm poucas pautas em comum com o CDU/CSU, o que obriga a negociações mais delicadas antes da formação de um governo, caso nenhum dos partidos obtenha mais de 50% dos votos.
Crise política
O colapso do governo Scholz marca um momento incomum para a Alemanha: esta será apenas a quarta eleição antecipada nos 75 anos desde a fundação do estado moderno alemão.
Mesmo derrotado na moção de confiança, Scholz permanecerá no cargo até a constituição do novo Parlamento a partir da eleição.
💭 Contexto: A Alemanha mergulhou em uma grave crise política em novembro, após Scholz demitir o ministro das Finanças por um desacordo sobre a política econômica do país. Com a demissão, o partido do chanceler perdeu maioria no Parlamento, o que compromete a capacidade de governar. (Leia mais abaixo)
A queda governo na maior economia da União Europeia ocorre em um momento de tensões elevadas com a Rússia por conta da guerra na Ucrânia e segue a tendência de outros países do bloco, como a França.
A Alemanha não votava uma moção de confiança desde 2005, quando o então chanceler Gerhard Schröder convocou e perdeu o voto. À época, o voto como parte de uma estratégia para antecipar eleições, que foram vencidas por uma margem estreita pela desafiante de centro-direita Angela Merkel.
As pesquisas mostram que o partido de Scholz, os Social-Democratas, que ocupam 207 assentos no Bundestag, está atrás do bloco de centro-direita da União, liderado pelo opositor Friedrich Merz. O vice-chanceler Robert Habeck, cujos Verdes estão ainda mais atrás nas pesquisas, também está concorrendo ao cargo de chanceler.
A Alternativa para a Alemanha, partido de extrema-direita que está com boa colocação nas pesquisas, nomeou Alice Weidel como sua candidata a chanceler, mas não tem chances de assumir o cargo, pois os outros partidos se recusam a trabalhar com ela.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, no Parlamento alemão, em 7 de novembro de 2024.
Liesa Johannssen/ Reuters
Coalizão diluída
O governo de Olaf Scholz é composto por uma coalizão entre social-democratas, ecologistas e liberais. Após a demissão, os outros ministros liberais do governo anunciaram renúncia, deixando o gabinete de Scholz sem maioria no Parlamento Federal.
“Precisamos de um governo capaz de agir e que tenha força para tomar as decisões necessárias para o nosso país”, argumentou Scholz em discurso após demitir seu ministro das Finanças, defensor de uma rigorosa austeridade orçamentária.
O presidente do país, Frank-Walter Steinmeier, já havia dito que poderia convocar eleições antecipadas — na Alemanha, que tem regime parlamentar, o chanceler é o chefe de governo, e o presidente tem funções protocolares.
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