Candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022, general da reserva foi preso no inquérito que apura tentativa de golpe. Braga Netto está entre indiciados pela PF.
Ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto
Isac Nóbrega/PR
Parlamentares aliados do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e integrantes da oposição repercutiram neste sábado (14) nas redes sociais a prisão do general da reserva Walter Souza Braga Netto.
Para aliados de Lula, a prisão do general mostrou a “solidez” das instituições e o avanço da democracia no país, enquanto aliados de Braga Netto falaram em “atropelo”.
Ministro da Defesa e da Casa Civil no governo de Jair Bolsonaro (PL), Braga Netto foi preso pela Polícia Federal no Rio de Janeiro em Copacabana, numa operação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita do crime de obstrução da Justiça.
Em comunicado divulgado neste sábado, a PF afirma que os alvos da operação “estariam atrapalhando a livre produção de provas durante a instrução processual penal”. Além disso, acrescentou a Polícia Federal, “as medidas judiciais têm como objetivo evitar a reiteração das ações ilícitas”.
Candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022, o general da reserva é suspeito de envolvimento no planejamento de um golpe de Estado no país em 2022, segundo a PF.
Ainda neste sábado, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, retirou o sigilo da decisão que levou à prisão de Braga Netto.
Conforme trechos da decisão, as investigações demonstraram que:
– Braga Netto vem, desde agosto de 2023, “atuando reiteradamente para interferir nas investigações”;
– informações da delação de Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro) “apontam que Braga Netto também teria atuado de forma direta e pessoal no financiamento das ações ilícitas”.
Braga Netto está entre as 40 pessoas indiciadas pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento na tentativa de golpe. Agora, cabe à Procuradoria Geral da República (PGR) decidir se denuncia ou não os envolvidos. Se denunciar, caberá ao STF decidir se aceita as denúncias e, se aceitar, julgar todos os réus.
Braga Netto fica em silêncio durante audiência de custódia
‘Solidez’ das instituições
Para o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), a prisão de Braga Netto demonstrou a “solidez” das instituições brasileiras.
“A prisão de Braga Netto é uma demonstração da solidez das nossas instituições, diante das ameaças à democracia. A reconstrução do Brasil começou com a defesa do Estado democrático de direito”, publicou Guimarães em uma rede social.
Na mesma linha, o líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), disse que a prisão mostra que o Brasil avança como democracia.
“A prisão da decretação da prisão de quem quer que seja não é razão para celebração. Dito isto, o fato de que pela primeira vez na história do Brasil um general de quatro estrelas é preso por tentativa de golpe de estado é por si só um sinal de que avançamos como democracia constitucional”, afirmou Randolfe Rodrigues.
Também em rede social, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), disse que Braga Netto foi preso por tentar atrapalhar as investigações da Polícia Federal e participou do plano para matar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.
“Com essa gente não pode haver impunidade. Punição para todos, a começar pelo chefe inelegível. Sem anistia”, publicou.
‘Atropelo’
Líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN) publicou mensagem em rede social na qual chamou de atropelo a decisão do ministro Alexandre de Moraes que autorizou a operação deste sábado da Polícia Federal.
“Não existindo qualquer fato novo que justificasse a prisão cautelar, a pretensa obstrução à Justiça não só não se sustenta, como revela novo prejulgamento de um juiz parcial, coma finalidade de antecipar o cumprimento da pena”, publicou.
Uma das principais aliadas do ex-presidente Jair Bolsonaro na Câmara, a deputada Bia Kicis (PL-SP) disse que a democracia brasileira sofreu um “golpe”, uma vez que, na opinião da parlamentar, “se impõe a censura, de quem se retiram as garantias do devido processo legal e até mesmo a liberdade de questionar o sistema”.
Companheira de Braga Netto na Esplanada dos Ministérios durante o governo Jair Bolsonaro, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) chamou a prisão de “injusta” e disse se tratar de “cortina de fumaça”.
“O general preso hoje é um senhor de 67 anos de idade, que tem uma vida inteira de serviços prestados à Pátria. (…) Estamos diante de mais uma decisão do Poder Judiciário que nos causa tristeza e indignação”, publicou a parlamentar.