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Nova reunião entre possível comprador da Avibras e Sindicato termina sem acordo; sindicalistas devem analisar proposta final do investidor


Representantes do investidor disseram ser a proposta final. Sindicato deve debater com a diretoria se aceita ou não o acordo oferecido. Avibras em Jacareí
Claudio Vieira/Sindicato dos Metalúrgicos
A nova reunião realizada na tarde desta quinta-feira (28) entre o Sindicato dos Metalúrgicos e representantes do possível comprador da Avibras — empresa bélica em Jacareí (SP) — terminou, mais uma vez, sem definição.
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Representantes do investidor e da empresa apresentaram uma proposta final, que chegou a ser rejeitada pelo Sindicato. O grupo, no entanto, alegou que melhorou a proposta das últimas reuniões e que essa era a proposta final. Segundo a ata da reunião, o Sindicato vai fazer um debate com sua diretoria para decidir o que fazer e então se pronunciar, se aceita o acordo ou não.
A proposta feita pelos representantes da empresa e do investidor contemplam estabilidade no emprego até abril de 2025, extensão de cláusulas sociais, entre outros.
Veja abaixo a proposta da empresa:
Data para reestabelecimento do plano de saúde;
Pagamento do 13º deste ano no dia 20 de dezembro;
Pagamento do salário de dezembro no dia 30/12/2024;
Extensão das cláusulas sociais do Acordo Coletivo até a data-base 2026;
Estabilidade do emprego até 30 de abril de 2025 aos empregados que assinarem termo de anuência e voltarem a prestar serviços para a Avibras;
Abono de R$ 4 mil, pagos em duas parcelas, ao colaborador que retornar ao trabalho.
A proposta também estabelece os pagamentos individuais dos respectivos saldos de salários, 13º salários e férias, variando de 1 a 13 parcelas, com início em janeiro de 2025.
Salário de até R$ 5 mil: até 5 parcelas;
Salário de até R$ 6 mil: até 6 parcelas;
Salário de até R$ 8 mil: até 8 parcelas;
Salário de até R$ 11 mil: até 10 parcelas;
Salário de até R$ 15 mil: até 12 parcelas;
Salário acima de R$ 15 mil: até 13 parcelas.
O documento cita ainda que serão feitos os pagamentos individuais a título de multas normativas e inibitória, cujo valor somado equivalera à correção dos respectivos saldos salariais, 13º salários e férias atrasadas pela variação do Certificado de Depósito Interbancário (CDI) mais 2% ao ano, entre a data do vencimento da obrigação e a data do acordo, de forma indenizada, em duas parcelas iguais e sucessivas, sendo a primeira em fevereiro e a segunda em março de 2026.
Segundo a proposta, os valores individuais das multas serão disponibilizados pela Avibras a cada trabalhador.
A Avibras informou que também serão realizadas reuniões com o Sindicato dos Metalúrgicos de Lorena e Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo para negociação.
Por fim, a Avibras destacou que “este é um momento decisivo para a retomada da Avibras, que poderá ser viabilizada por este investidor em eventual fechamento do negócio” e que “esta é a solução mais realista e factível no cenário atual, representando uma grande oportunidade para assegurar a continuidade das operações, preservar empregos e fortalecer a confiança de todos os envolvidos no futuro da empresa”.
Até a última atualização desta reportagem, o sindicato ainda não havia se manifestado publicamente sobre a reunião.
Funcionários da Avibras e investidor não chegam a acordo
Venda da Avibras
A indústria bélica Avibras afirmou no fim de outubro que a venda da empresa está sendo negociada com um investidor brasileiro. O nome do investidor e o valor do negócio não foram revelados.
Segundo a Avibras, no dia 25 de outubro, o investidor brasileiro assinou um acordo com a empresa, para adquirir o controle da companhia, o que a indústria bélica, que vive uma crise, classificou como um avanço significativo no “processo de recuperação financeira”.
Apesar da assinatura, a Avibras informou que a conclusão do negócio ainda depende de outros fatores, como o cumprimento de condicionantes estabelecidas em contrato.
A Avibras é uma empresa bélica localizada no interior de SP.
Reprodução/ TV Vanguarda
“O fechamento efetivo da aquisição somente poderá ocorrer se cumpridas todas as condições estabelecidas no acordo”, diz trecho da nota da Avibras. A empresa não detalhou o acordo firmado.
Ainda segundo a Avibras, nesta fase, estão sendo seguidas as etapas necessárias “para concretizar e validar a aquisição, com o intuito de restabelecer as operações da companhia”.
Por fim, a Avibras destacou que “a assinatura do acordo representa um marco importante no processo de reestruturação da empresa” e que o investidor brasileiro e a indústria bélica “estão trabalhando de forma colaborativa para concluir a transação”.
Crise da Avibras
Confira a linha do tempo da crise e da situação da Avibras:
março de 2022: a Avibras pediu recuperação judicial alegando uma dívida de R$ 600 milhões
setembro de 2022: os trabalhadores entraram em greve por causa dos atrasos nos salários
julho de 2023: o plano de recuperação judicial foi aprovado
abril de 2024: a Avibras anunciou que negociava a venda para a empresa australiana Defendtex
junho de 2024: a Defendtex desistiu da compra
junho de 2024: o Ministério da Defesa informou que a Avibras havia recebido nova proposta, desta vez de um possível investidor chinês
outubro de 2024: a Avibras afirmou que negocia com um investidor brasileiro
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, a dívida adquirida pela Avibras durante o período de recuperação judicial – de 2022 para cá – é de cerca de R$ 327 milhões.
Quando o processo de recuperação começou, a empresa de Jacareí tinha cerca de 1,4 mil funcionários. Atualmente, são 924 funcionários, que estão em greve desde setembro de 2022.
A Avibras
A Avibras Aeroespacial é a maior indústria bélica do país e foi fundada em 1961 por engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos. Ela é uma das primeiras empresas nacionais a atender o setor aeroespacial.
A empresa desenvolve tecnologia para as áreas de Defesa e Civil. A organização foi uma das primeiras no Brasil a construir aeronaves, desenvolver e fabricar veículos espaciais para fins civis e militares.
Presente no mercado nacional e internacional, a empresa tem sede em Jacareí, no interior de São Paulo, e desenvolve motores de foguetes para as forças armadas, entre outras coisas.
Fábrica da Avibras em Jacareí
Reprodução/TV Vanguarda
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