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Saiba quem é o padre influencer e o líder dos caminhoneiros de MT citados no inquérito da PF sobre tentativa de golpe de Estado


Religioso acumula 5,8 milhões de seguidores nas redes sociais. Já Lucas Rotilli Durlo trocou áudios e conversas sobre os atos golpistas com o general Mario Fernandes. Padre Paulo Ricardo em foto com Jair Bolsonaro, em 2015 e Lucas Rottili em foto publicada em 7 de setembro de 2022.
Reprodução
O padre Paulo Ricardo, da Paróquia Cristo Rei, em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, e Lucas Rotilli Durlo, conhecido como ‘líder dos caminhoneiros’ em Mato Grosso, estão entre os nomes citados no relatório final da Polícia Federal (PF) sobre uma tentativa de golpe de Estado em 2022, arquitetada pelo entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para frustrar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O g1 ligou para os números dos citados, disponibilizados pela PF, mas as ligações não foram atendidas.
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Padre Paulo Ricardo
Padre Paulo Ricardo com Jair Bolsonaro em uma palestra realizada em 2015
Divulgação
No documento, o padre Paulo Ricardo é citado em um diálogo que ocorre entre ele e o padre José Eduardo, de Osasco (SP), apontado como colaborador na elaboração da minuta e responsável pela ‘oração ao golpe’. A conversa aconteceu no dia do Natal de 2022. A PF destaca que os dois sacerdotes tinham esperança de manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder (veja abaixo).
Paulo Ricardo acumula 5,8 milhões de seguidores nas redes sociais e é conhecido pela influência religiosa por meio de palestras e venda de cursos sobre espiritualidade e doutrina da igreja católica.
Conversa entre o padre Paulo Ricardo e o padre José Eduardo,de Osasco (SP), alvo da operação Tempus Veritatis.
Polícia Federal
Ele também ganhou repercussão por seus discursos contra a esquerda e o PT e pelo forte apoio a Bolsonaro (veja detalhes da relação com o ex-presidente mais abaixo).
Lucas Rotilli Durlo – Lucão
Lucas Rotilli Durlo, conhecido como “Lucão”
Reprodução
Já o apoio de Lucas Rotilli Durlo, conhecido como “Lucão”, ao ato golpista foi comprovado após conversas entre ele e o general Mario Fernandes, apontado pela PF como o responsável pelo plano Punhal Verde e Amarelo, que tinha como objetivo matar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes. Os áudios foram extraídos do celular do general e, conforme a investigação, Lucas atuou como um dos líderes do acampamento golpista.
Em novembro de 2022, os dois trocaram áudios e uma foto em que o general aparece vestido com a camisa do Brasil, prestando continência, possivelmente, a uma manifestante (veja abaixo). Nos áudios, o general orienta como deveria ser a manifestação em Brasília e para Lucas manter “o controle do ato”.
“Bom dia, Lucão! Força meu amigo. Muito bacana. Bacana a tua liderança e, orientação a todo, todo esse segmento. Eu recebi um retorno aqui que os ajustes junto à Secretária de Segurança do DF já foram feitos. E deve ter um movimento amanhã e domingo, né. É bom! O importante é que ser ordeiro extremamente controlado por todos nós que estamos atentos a esses aspectos pra que a gente mantenha o máximo de controle sobre essas ações, tá?”, diz trecho do áudio.
Após a decisão do ministro Alexandre de Moraes determinando medida de busca e apreensão contra caminhões que estariam no QG do Exército, Lucas enviou áudios pedindo ajuda do general para não perder os veículos.
“Aí vê pra mim aí o que que o senhor consegue levantar aí se eles têm esse poder de autoridade de poder entrar dentro do quartel general aqui pra mexer com os caminhões. Tá bom? diz trecho do áudio”, diz trecho do áudio.
Entrevista dada pelo caminhoneiro em dezembro de 2022 para um perfil do Facebook.
Reprodução
Em entrevista dada pelo caminhoneiro em dezembro de 2022 para um perfil do Facebook, Lucas enfatiza que está em Brasília por conta própria e pede para que demais caminhoneiros façam o mesmo.
“Precisamos ter no mínimo uns mil caminhões aqui em Brasília pra que semana que vem, lá pro dia 10, 11, nós não deixamos o Lula empossar”, disse, à época.
A relação do padre com o ex-presidente
Palestra de Jair Bolsonaro na presença de Padre Paulo
Em 2019, o ex-presidente Jair Bolsonaro compartilhou um vídeo do padre Paulo Ricardo, no qual o religioso afirmava que “Cristão não é pacifista”. O vídeo, publicado pela primeira vez em 2011 no YouTube, foi gravado após o massacre de Realengo, no Rio de Janeiro, quando um jovem de 23 anos invadiu a Escola Municipal Tasso da Silveira e matou 12 estudantes, com idades entre 13 e 16 anos.
Na gravação, o padre classificou a defesa do desarmamento como uma “crise histérica” e “pura hipocrisia”. Na mesma época, em um programa de TV, Paulo Ricardo alegou que o governo da Suécia obrigava crianças a usarem uniformes laranja, associando essa suposta regra à “ideologia de gênero”. Poucos dias depois, a Embaixada da Suécia no Brasil desmentiu as declarações.
Em outro vídeo, publicado em 2015 no canal de Jair Bolsonaro no YouTube, o ex-presidente aparece palestrando dentro de uma igreja em Taguatinga (DF), junto com o padre Paulo, defendendo a família tradicional contra a “ideologia de gênero”. Na ocasião, o ex-presidente cita o “kit gay”.
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Outro padre citado no inquérito
O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco, na Grande São Paulo.
Reprodução/Redes Sociais
O padre José Eduardo, da Diocese de Osasco (SP), está entre os 37 indiciados pela Polícia Federal no inquérito sobre a tentativa de golpe. Em fevereiro deste ano, ele foi alvo da Operação Tempus Veritatis.
O relatório final da investigação mostra como o padre colaborou na elaboração da minuta e até criou uma espécie de “oração ao golpe” em que pedia que os brasileiros incluíssem os nomes de 17 generais e do ministro da Defesa em suas preces.
O documento, que tem mais de 800 páginas, reúne as conclusões da PF sobre uma trama para frustrar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em janeiro de 2023.
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