Torres é uma das 37 pessoas indiciadas no inquérito do STF sobre tentativa de golpe após eleições de 2022. Segundo Polícia Federal, ele atuou na disseminação de notícias falsas sobre urnas eletrônicas e na elaboração de documentos que induziam à abolição do Estado democrático de Direito. Anderson Torres depõe na CPI dos Atos Antidemocráticos, na CLDF
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O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, é uma das 37 pessoas indiciadas no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe após as eleições de 2022. O relatório da Polícia Federal, que teve o sigilo retirado nesta terça-feira (26), indicia o ex-secretário e ex- ministro da Justiça de Jair Bolsonaro por:
Disseminar notícias falsas sobre as urnas eletrônicas
Elaborar documentos que induzissem ao Golpe de Estado e a abolição do Estado democrático de Direito
O material, enviado ao STF na última quinta-feira (21), abrange provas da suposta trama golpista com o objetivo de impedir que o presidente Lula (PT) tomasse posse, após ser eleito em 2022. Entre os indiciados, 25 são militares.
Anderson Torres atuou como ministro da Justiça e Segurança Pública durante o governo de Jair Bolsonaro (2019 a 2022). Já em 2023, Torres ocupava o cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Era ele o responsável pela pasta no dia do 8 de janeiro, quando ocorreram os ataques criminosos contra a sede dos três poderes, em Brasília.
Conforme a PF, Anderson Torres atuava em dois “núcleos” que articulavam a tentativa de golpe:
Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral: responsável pela podução, divulgação e amplificação de notícias falsas quanto à lisura (honestidade) das eleições presenciais de 2022.
Núcleo Jurídico: responsável pela elaboração de documentos e minutas com a finalidade jurídica de e doutrinária de causar a ruptura insitucional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Núcleo de Desinformação
Segundo o documento, Anderson Torres participou de um grupo que criou, desenvolveu e disseminou notícias falsas da existência de vulnerabilidade e fraude no sistema eletrônico do país. Os ataques se iniciaram em 2019.
O grupo agia divulgando, em alto volume, por multicanais, de forma rápida, contínua e repetitiva a ideia de que tanto nas eleições de 2018 quanto nas eleições de 2022 foram identificadas diversas vulnerabilidades nas urnas eletrônicas.
Em 29 de julho de 2021, o ex-ministro participou de live com ex-presidente Jair Bolsonaro para apresentar “indícios” de fraudes e manipulações de votos nas eleições.
Anderson Torres participa de reunião ministerial em 5 de julho de 2022
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Torres também participou de reuniões com a intenção golpista de disseminar notícias falsas sobre as urnas eletrônicas. Na reunião ministerial, de 5 de julho de 2022, o ex-ministro confirmou a narrativa de Bolsonaro e reiterou a necessidade dos presentes propagarem informações falsas sobre a veracidade do sistema eletrônico de votação.
Núcleo Jurídico
Anderson Torres, segundo o relatório da Polícia Federal, fez parte do núcleo jurídico composto também por Filipe Martins, Jose Eduardo e Auauri Saad, que agiam com o intuito de planejar e executar o golpe de Estado.
Em 10 de janeiro de 2023, foi apreendido pela PF na casa do ex-secretário da SSP-DF, Anderson Torres, uma minuta de um Decreto que determinava a decretação de um Estado de Defesa no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O documento permitia que o então presidente da república, Jair Bolsonaro, adotasse medidas temporárias para proteger a ordem pública e a paz social em atribuições que dizem respeito ao TSE, a medida é adotada em situações de crise no Estado.
Em depoimento à CPMI que apurou os atos praticados no dia 8 de janeiro, Torres afirmou que nenhum integrante do governo Bolsonaro tinha conhecimento do documento.
“Esse papel não foi para o lixo por mero descuido. Não sei quem entregou esse documento apócrifo e desconheço as circunstâncias em que foi produzido. Sequer cogitei encaminhar ou mostrar para alguém”, afirmou o ex-ministro à época.
Porém, mensagens de WhatsApp no celular que estava com Mauro Cid, apreendido pela PF, evidenciam a preocupação de Bolsonaro e do núcleo jurídico referente a apreensão do documento elaborado por Torres.
A minuta foi apresentada, em 7 de dezembro de 2022, aos comandantes do Exército e da Marinha e ao ministro da Defesa no Palácio da Alvorada. Registros do local, apontam a presença do ex-ministro.
O grupo também atuava em reuniões de planejamento e execução de medidas no sentido de manter as manifestações em frente aos quartéis militares, incluindo a mobilização, logística e financiamento de militares das forças especiais em Brasília.
Prissão do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal
O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal foi preso em 14 de janeiro de 2023 pela Polícia Federal. A prisão de Torres foi determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes após os atos terroristas em Brasília, em 8 de janeiro.
Após quatro meses, o ex-secretário foi solto por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). No documento, Moraes disse que não via mais motivos para Torres continuar preso preventivamente. E que as investigações poderiam transcorrer com o ex-ministro em liberdade.
Quem é Anderson Torres?
Anderson Torres é um jurista e político brasileiro, nascido em 6 de março de 1976, em Brasília. Ele é formado em Direito pela Universidade de Brasília (UnB) e possui especialização em Direito Constitucional. Confira os cargos ocupados:
Procurador da República: Torres foi procurador da República de 2001 a 2019, atuando em casos de corrupção e crimes financeiros.
Secretário de Justiça e Cidadania do Distrito Federal: Em 2019, assumiu essa função no governo de Ibaneis Rocha.
Ministro da Justiça e Segurança Pública: De abril de 2020 a março de 2022, foi ministro da Justiça e Segurança Pública no governo de Jair Bolsonaro.
Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal: Em 2023, retornou ao governo do Distrito Federal.
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