Allana e Mariah passam por cirurgia em julho no Hospital das Clínicas. Segundo hospital, uso de células-tronco para reconstruir ossos de gêmeos craniópagos é inédito no mundo. Equipe médica trabalha na cirurgia para implantar bolsas de silicone nas gêmeas Allana e Mariah no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, SP
Divulgação HC Ribeirão
As gêmeas siamesas Allana e Mariah, nascidas unidas pela cabeça, passaram neste sábado (15) em Ribeirão Preto (SP) por um procedimento preparatório para a cirurgia definitiva de separação, prevista para julho deste ano no Hospital das Clínicas (HC). O planejamento inclui uma técnica que será utilizada pela primeira vez no mundo, segundo os médicos.
Em nota, o HC informou que após exames de tomografia computadorizada e ressonância magnética, elas foram encaminhadas para a cirurgia de inserção de expansores de pele.
Neste sábado, a equipe, coordenada pelo professor e cirurgião plástico Jayme Farina Junior, inseriu uma bolsa feita de silicone, com cateter e válvula, por onde serão aplicadas quantidades de soro fisiológico em intervalos determinados. O objetivo é garantir o aumento progressivo de volume e ampliar a pele que recobre a cabeça das meninas.
“O planejamento dos cortes de pele nas irmãs foi feito de forma que haja tecido suficiente para a cobertura das duas cabeças quando ocorrer a separação total. A expansão que começa a ser feita nos próximos dias vai permitir essa cobertura total”, disse Farina Júnior, em nota enviada pelo HC.
Ainda segundo a assessoria do hospital, profissionais do Hemocentro participaram da cirurgia para a coleta de células-tronco das irmãs Allana e Mariah. O material foi retirado dos ossos do quadril das gêmeas.
As gêmeas Allana e Mariah são acompanhadas no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, SP
Divulgação HC Ribeirão
Procedimento inédito
De acordo com a equipe que acompanha as crianças, as células-tronco serão multiplicadas e utilizadas para a formação óssea na reconstrução craniana das meninas.
Esta é a primeira vez no mundo, segundo os médicos, que essa tecnologia será utilizada na reconstrução dos ossos de gêmeas craniópagas, unidas pela cabeça. Também será a primeira vez no Brasil em que as células-tronco serão utilizadas para reconstruir um crânio.
Os médicos informaram que as células-tronco estarão presentes em dois materiais: o primeiro, uma espécie da massa que preencherá os espaços entre os fragmentos de ossos, e o segundo, um gel que cobrirá e formará uma camada protetora.
O professor e neurocirurgião Hélio Machado, que chefia a equipe multidisciplinar que acompanha as gêmeas em Ribeirão Preto, acredita que o procedimento inédito vai revolucionar o tratamento de pacientes com trauma no crânio.
“Acredito que essa tecnologia abre uma enorme possibilidade no Brasil. No HC, tratamos muitos pacientes com trauma encefálico. Aliás, o trauma de crânio é endêmico no país, especialmente por acidentes no trânsito e violência. Futuramente, esses casos poderão ser tratados também com as células-tronco”, afirmou em nota divulgada pelo HC.
Parte da equipe médica do Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto, SP, que acompanha caso das gêmeas siamesas Allana e Mariah
Naiana Kennedy/CBN Ribeirão
Histórico
Desde agosto de 2022, Allana e Mariah já passaram por três cirurgias para a separação de veias do cérebro. A última ocorreu em março deste ano, durou nove horas e envolveu 40 profissionais.
Os pais das meninas são de Piquerobi (SP), e a anomalia foi diagnosticada quando ainda estavam na barriga da mãe.
Em 2020, elas passaram a ser acompanhadas no HC e nasceram em Ribeirão Preto no dia 9 de dezembro do mesmo ano.
Desde então, uma equipe multidisciplinar é comandada pelo professor Hélio Machado, da faculdade de medicina da USP, e chefe da neurocirurgia do HC, para dar andamento à separação das duas.
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Neste sábado A equipe, coordenada pelo professor e cirurgião plástico Jayme Farina Junior, inseriu uma bolsa feita de silicone, com cateter e válvula, por onde serão aplicadas quantidades de soro fisiológico em intervalos determinados. O objetivo é garantir o aumento progressivo de volume e ampliar a pele que recobre a cabeça das meninas.
Gêmeas unidas pela cabeça têm bolsa implantada e células-tronco coletadas para separação definitiva em Ribeirão Preto, SP
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