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COP29 chega a acordo de US$ 300 bilhões por ano para combate à mudanças climáticas, menos que o esperado


Países ricos ofereceram um valor muito menor do que as nações pobres e em desenvolvimento pediam para lidar com as mudanças climáticas. COP29: países concordam em US$ 300 bi para financiar combate às mudanças climáticas
Depois de uma longa negociação, a Conferência do Cilma do Azerbaijão (COP 30) chegou a um acordo: as superpotências vão desembolsar US$ 300 bilhões por ano para os países mais vulneráveis às mudanças climáticas.
O valor ambicioso de US$ 1 trilhão não emplacou.
Eis os sintomas de uma Conferência do Clima arrastada como essa: sono, fome, ansiedade.
E o motivo do impasse foi, principalmente, dinheiro.
COP29 acaba com acordo de US$ 300 bilhões
Reprodução
Nesta sexta-feira (22), os países ricos se comprometeram com US$ 250 bilhões por ano para ajudar os países em desenvolvimento a combater as mudanças climáticas. Na madrugada deste sábado (23), aumentaram a oferta pra US$ 300 bilhões.
Ainda assim, isso é menos de um quarto do que pedem os países mais pobres.
O embaixador André Corrêa do Lago, um negociador-chave da comitiva brasileira, explicou o porquê do clima azedo na conferência neste sábado.
“O texto foi negociado durante a noite, por um grupo pequeno, então há uma grande frustração daqueles que não estavam entre os que negociaram ontem à noite”, diz Lago, que é Secretário do Clima e Meio Ambiente do Itamaraty.
Na tarde deste sábado, dezenas de representantes das nações mais vulneráveis — da África, de ilhas do Caribe e do Oceano Pacífico — saíram da sala de negociação.
“Nós viemos à Cop para fazer um acordo justo. Mas não estamos sendo ouvidos”, desabafou o chefe de um grupo de pequenas ilhas ao redor do mundo.
E em meio a essa irritação na COP29, mais um anticlímax. No início da noite, no plenário principal, sem que a Conferência do Azerbaijão tivesse um acordo, o Brasil recebeu o bastão da COP 30. Isso porque muita gente já está com passagem comprada, precisa ir embora do evento. Esse atropelo diz muito sobre essa Conferência.
A ministra Marina Silva fez um discurso rápido, apresentando os objetivos e desafios para o ano que vem, na COP de Belém do Pará.
“Que possamos compreender que solidariedade, sentido de cooperação e confiança é a matéria-prima do sucesso de qualquer COP, particularmente daquela que é a COP das COPs”, disse a ministra.
Depois, o presidente da COP do Azerbaijão começou a votar tudo o que já tinha consenso nos dias anteriores.
Um dos itens principais foi a aprovação das regras para um mercado global de créditos de carbono: um sistema em que os países que reduzem as emissões de gases poluentes ganham uma espécie de crédito, e podem vender para os que poluem mais.
Marina Silva afirmou que “conseguimos, após nove anos de intensas negociações, tipo de debates da busca e arquiteturas e viabilizar se o crédito na questão do crédito de carbono . Nós do Brasil vamos continuar trabalhando por essa transparência”.
Foi só às 2h30 da manhã no Azerbaijão — 19h30 no Brasil (horário de Brasília), que finalmente saiu o acordo final desta COP.
O financiamento ficou mesmo em R$ 300 bilhões por ano até 2035. Mas o documento diz que esses recursos poderiam sair de diversas fontes, inclusive do setor privado, não só de doações dos países ricos, como defendiam os ambientalistas e os países mais pobres.
“Eu acho que os aplausos são mais para o término da Conferência, porque é uma Conferência muito mal conduzida. Ninguém aguentava mais sentar nas mesas de negociações com um cronograma tão atropelado, com tantas reclamações. Mas certamente os aplausos não são para o conteúdo do resultado. Eu acho que ninguém está feliz. Todo mundo sai entendendo que vai precisar ser feito muito mais e que talvez a gente tenha outras discussões nessa agenda de financiamento. O que se fala — e inclusive se montou um grupo de trabalho — é que precisa se chegar a US$ 1,3 trilhão”. diz Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
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