Joseane de Oliveira Jardim, de 42 anos, vai responder pelos crimes de homicídio qualificado, aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante, parto suposto e ocultação de cadáver. Suspeita de matar mulher grávida para ficar com o bebê em Porto Alegre
Divulgação/Polícia Civil
A Justiça aceitou, nesta sexta-feira (22), a denúncia contra a mulher acusada de matar uma grávida para ficar com o bebê, em Porto Alegre. Com isso, Joseane de Oliveira Jardim, de 42 anos, passa a ser ré no processo penal. O caso ocorreu no dia 14 de outubro.
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De acordo com o Tribunal de Justiça, Joseane vai responder pelos crimes de homicídio qualificado, aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante, parto suposto e ocultação de cadáver. A vítima é Paula Janaína Ferreira Melo, de 25 anos.
“A denúncia foi aceita pela magistrada por estarem presentes a materialidade e os indícios suficientes de autoria”, disse o Tribunal em breve comunicado.
A ré está presa preventivamente. A advogada Sharla Rech, que a defende, afirma que Joseane “ainda não foi formalmente citada no processo” e que “eventual manifestação ocorrerá somente após o cumprimento desse ato, possibilitando a completa análise dos autos e avaliação das medidas cabíveis” (leia a íntegra do comunicado abaixo).
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Durante o inquérito, a Polícia Civil afastou a participação de outras pessoas no caso. Segundo a investigação, apenas a autora e a vítima estariam no apartamento onde foi cometido o crime.
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Arquivo pessoal
Entenda o caso
Segundo a Polícia Civil, Paula foi morta no dia 14 de outubro, atraída até a casa da suspeita com a promessa de que ganharia presentes para o bebê.
Após o assassinato, a suspeita teria retirado o bebê da barriga e simulado um parto. O corpo da mãe da criança foi encontrado escondido debaixo de uma cama em um dos quartos do imóvel.
“Ela tinha histórico de tentar engravidar e não conseguir. Teria perdido uma criança tempos atrás”, disse a delegada Graziela Zanelli, na época do crime.
O corpo de Paula tinha ferimentos na cabeça e um corte profundo na região abdominal. Uma faca foi apreendida no local.
“A complexidade da cena do crime que foi encontrada, a forma como a vítima estava disposta, embaixo da cama, envolta em plásticos e em um cobertor, essa cena nos chamou muito a atenção”, afirmou o delegado.
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O caso começou a ser investigado entre 14 e 15 de outubro, depois que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) levou a suspeita, junto do bebê morto, até o Hospital Conceição, em Porto Alegre. Exames apontaram que ela não podia ser a mãe, e a polícia foi chamada em seguida.
“Ela preparou para a criança nascer no mesmo dia do aniversário dela, 14 de outubro. A princípio, inventou para toda a família e amigos que estava grávida”, relatou a delegada Graziela Zanelli.
Conforme relato do Samu à polícia, vizinhos da suspeita entraram em contato por telefone para pedir ajuda para ela. No local, a equipe médica encontrou a mulher em um cenário que dava a entender que ela tinha dado à luz. De acordo com a delegada Graziela Zanelli, a suspeita simulou o parto.
“Ela criou uma cena de que ela teria dado a luz, na sala, com sangue e a criança entre as pernas dela”, conta a delegada Graziela.
De acordo com o delegado, a suspeita abordava as possíveis vítimas em redes sociais, com promessas de presentes para os filhos delas. No caso de Paula, a aproximação ocorreu porque a grávida acreditou que receberia um carrinho de bebê. Ela também enviava falsos exames de gravidez, segundo a polícia.
“Fazia contato via redes sociais, dizendo que ela tinha ganhado muitas coisas durante a gravidez dela e queria doar, muito provavelmente buscando outras vítimas”, explicou Carrijo.
Em depoimento à polícia, o marido da suspeita sustentou que nos últimos meses acreditava que a esposa realmente estivesse grávida. Segundo o delegado, o homem disse, inclusive, que recebia exames médicos da mulher.
“Muito provavelmente ela conseguia os exames na internet. Exames falsos que ela propagava não só para o marido, mas também no meio dela, colegas de trabalho, vizinhos, para criar toda uma situação de que estaria grávida”, pontuou Carrijo.
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Nota da defesa
A Defesa de Joseane de Oliveira Jardim informa que, embora a denúncia tenha sido oferecida pelo Ministério Público e aceita pelo Juízo competente, a denunciada ainda não foi formalmente citada no processo, pelo que eventual manifestação ocorrerá somente após o cumprimento desse ato, possibilitando a completa análise dos autos e avaliação das medidas cabíveis.
Sharla Rech
Richard Noguera
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