O presidente Lula (PT) afirmou nesta quinta-feira (21) que é grato por estar vivo, referindo-se ao plano de envenenamento revelado pela PF nesta semana. A declaração ocorreu durante a cerimônia de divulgação do Programa de Otimização de Contratos de Concessão de Rodovias, no Palácio do Planalto.
“Sou um cara que tem que agradecer muito mais porque estou vivo. A tentativa de envenenar eu e o [Geraldo] Alckmin não deu certo, estamos aqui”, disse o presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva durante o evento.
A declaração ocorreu dois dias após a Polícia Federal prender cinco pessoas na Operação Contragolpe. O presidente reforçou que seu governo não pretende retaliar os envolvidos e deixou um recado claro: “Não quero envenenar ninguém. Eu não quero nem perseguir ninguém”.
A operação revelou um plano detalhado para impedir a posse de Lula e restringir a atuação do Poder Judiciário. O esquema, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, incluía o assassinato do presidente eleito, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Plano de envenenamento envolveu 35 militares, incluindo generais e coronéis
A investigação da Polícia Federal encontrou evidências que apontam o envolvimento de 36 militares no plano de envenenamento e em ações que visavam desestabilizar as instituições democráticas. Entre eles estão dez generais, 16 coronéis do Exército e um almirante, com papéis variados no esquema golpista.
O general reformado Mário Fernandes, ex-secretário-executivo do governo Bolsonaro, está no centro da operação. Documentos encontrados em seu celular, como o plano “Punhal Verde e Amarelo” e uma minuta de gabinete de crise, foram considerados essenciais pela PF.
Em mensagens recuperadas, Fernandes e outros militares criticavam o Alto Comando do Exército por não aderirem à conspiração, afirmando que “o Alto Comando tinha que acabar”. Outros alvos, como o major Rafael de Oliveira, estavam envolvidos em etapas operacionais do plano.
Rafael de Oliveira, por sua vez, mantinha arquivos sobre a “Operação Copa 2022”, que previa a prisão ou execução do ministro Alexandre de Moraes. O tenente-coronel Hélio Ferreira Lima possuía uma planilha com mais de 200 linhas descrevendo o passo a passo para uma ruptura democrática.
Os militares foram classificados pela PF em três categorias:
- Aqueles que dialogavam abertamente sobre o golpe;
- Os indicados para ocupar cargos no gabinete de crise pós-ruptura;
- E os membros do chamado “Núcleo de Oficiais de Alta Patente com Influência”.
Diálogos entre colegas de farda no celular de Mário Fernandes foram interceptados pela Polícia Federal
A Polícia Federal encontrou conversas no celular do general Mário Fernandes com outros militares. Eles faziam críticas ao Alto Comando do Exército.
Nas conversas, os militares pregavam o fim do Alto Comando da instituição e mostravam a indignação a cúpula do Exército. “Quatro linhas da Constituição é o c…”, dizia uma das mensagens.
Segundo a Polícia Federal, os diálogos mostravam a insatisfação dos militares pela alta cúpula. O motivo seria pelo fato do Alto Comando não ter embarcado no plano para manter Jair Bolsonaro no poder.