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Entenda como bioplástico extraído da cana pode resgatar áreas degradadas e tornar Brasil líder na produção


Conclusão faz parte de estudo que avalia todo o processo produtivo do bioplástico, desde a cultura até a reciclagem química; pesquisa foi publicada na revista científica Nature. A pesquisa mostrou também uma saída para o descarte final do bioplástico sem impacto ao meio ambiente.
Divulgação/CNPEM
Um estudo do Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR) do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas, apontou que o Brasil pode liderar a produção de bioplástico derivado da cana-de-açúcar como substituto do plástico convencional, não apenas pelo seu potencial produtivo, mas pela capacidade de desenvolver o produto com menor impacto ambiental.
A análise, publicada na revista científica Nature, aponta como solução o uso de áreas degradadas sem perda de biodiversidade local, levando em consideração o estoque de carbono, os recursos hídricos e o destino final do bioplástico. Para entender mais detalhes da pesquisa, o g1 conversou com a engenheira agrícola e ambiental Thayse Hernandes.
♻️ Para ela, a principal novidade da pesquisa é a avaliação de todo o processo produtivo do bioplástico e seus benefícios.
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Melhor para o solo e para a biodiversidade
O estudo realizou um mapeamento das áreas em que a cana seria plantada e descobriu que o país possui 3,5 milhões de hectares disponíveis para a implantação da tecnologia. Desses, nenhum é de região de mata nativa e os mais de três milhões seriam a quantidade de áreas nas quais o plantio da cana não causaria impactos ambientais, como a degradação da biodiversidade do local.
Além disso, segundo a pesquisa, é possível expandir a área de produção até atingir 22 milhões de hectares com impactos positivos em estoques de carbono, recursos hídricos e biodiversidade quando priorizada a utilização de áreas de pastagem degradada.
Thayse explica que a plantação de cana-de-açúcar em áreas degradadas por erosão, por exemplo, pode ser benéfica. Isso porque o plantio da cultura nesse tipo de área vai realizar a recuperação do solo que passou por processo erosivo, aumentando a fertilidade dele e elevando o estoque de carbono.
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Alta produtividade sem queima de combustível fóssil
A engenheira detalha que a cana-de-açúcar foi escolhida em função da sua alta produtividade quando comparada a outras culturas. “A cana produz 80 a 85 toneladas de produto útil por hectare e a soja, por exemplo, produz três. Então a cana-de-açúcar é extremamente produtiva e eficiente”, detalha. Quando comparada ao plástico convencional, que vem de petrolatos, ela ainda tem outros benefícios.
Além disso, a principal vantagem da substituição do plástico de origem fóssil pelo bioplástico, de acordo com o estudo, é a aplicação ampla do produto em vários âmbitos, que vai diminuir a emissão de carbono na atmosfera e mitigar o problema causado pelos gases de efeito estufa liberados pela produção do plástico derivado do petróleo.
“É consolidado que com essa produção é possível mitigar as emissões de gases de efeito estufa, no entanto, a maneira como lidamos com a cadeia toda do plástico também precisa mudar pra ser realmente sustentável”, esclarece.
Boa reciclabilidade
O trabalho também analisa possibilidades para o ciclo final desse tipo de material. Isto é, como descartá-lo sem prejudicar o meio ambiente? Thayse e os pesquisadores envolvidos no estudo utilizaram a premissa da reciclagem química como saída para o fim do bioplástico a partir da cana-de-açúcar. Segundo a engenheira, esse tipo de reciclagem não promove a perda de material e permite o reuso de 100% do produto.
“A gente olhou principalmente para o descarte final, porque um dos grandes pontos do plástico, mesmo ele sendo de origem bio, é que ele tem as mesmas características e propriedades do plástico de origem fóssil, ou seja: se ele for descartado no meio ambiente de forma irresponsável, ele vai continuar gerando aquele problema que a gente conhece, da poluição plástica, por isso, a ideia foi avaliar desde a produção até a matéria-prima”, explica a pesquisadora.
*Sob supervisão de Yasmin Castro.
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