Reunião foi realizada na tarde desta terça-feira (19) e terminou sem definição. Uma nova reunião foi marcada para sexta-feira (22). Avibras, em Jacareí
Claudio Vieira/Sindicato dos Metalúrgicos
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e representantes do investidor brasileiro que está interessado em comprar a Avibras, indústria bélica de Jacareí, se reuniram nesta terça-feira (19) para debater a atual situação da empresa.
Após cerca de 4 horas de negociação, a reunião desta terça-feira terminou sem um acordo entre as partes e uma nova reunião deve ser realizada na próxima sexta-feira (22), às 14h.
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Em recuperação judicial por conta de uma crise financeira, a empresa anunciou no fim de outubro que está sendo negociada com um investidor brasileiro, que ainda não foi revelado – entenda abaixo.
Segundo a ata da reunião a qual o g1 teve acesso, o investidor está realizando diligências para entender o real cenário da Avibras e essas avaliações devem ser concluídas nas próximas semanas.
O documento pontua ainda que, pela avaliação que está em andamento, o investidor identificou situação financeira “dramática” e que algumas medidas podem ser impostas para salvar a empresa, como repactuação dos débitos trabalhistas com os empregados.
Caso o negócio seja fechado, alguns pontos foram propostos na reunião pelo investidor. Entre os principais estão:
Permanência da empresa na região pelo período de 10 anos;
Não redução de quadros, mas pode haver eventual “layoff”;
Retomada do trabalho presencial pelos trabalhadores em meados de dezembro de 2024;
Retorno do salário mensal dos trabalhadores, contemplando já o 13º;
Retomada do plano de saúde corporativo;
Recebimento do salário mensal e mais um salário atrasado para quitação dos salários não pagos durante a greve.
Os representantes do Sindicato, no entanto, rejeitaram a proposta e colocaram algumas condições, como:
Data para reestabelecimento do plano de saúde;
Pagamento do 13º no dia 20 de dezembro;
Extensão das cláusulas sociais do acordo coletivo até 2026;
Reajuste das cláusulas econômicas em 4%;
Pagamento de todas as verbas salariais e reflexos atrasados, além de todas as multas em 4 vezes; e
Estabilidade para todos os trabalhadores até abril de 2025.
Os representantes da empresa e do investidor, contudo, rejeitaram a contraproposta e, como não houve um acordo, a reunião foi encerrada.
Por meio de um comunicado, a Avibras confirmou a realização de uma segunda reunião e disse que “as diligências necessárias, para possível aquisição da empresa, prosseguem e devem ser concluídas nas próximas semanas”.
Ainda segundo a Avibras, “o investidor reconhece a viabilidade de recuperação da companhia, mas considera crítica sua situação financeira, exigindo adoção de medidas rigorosas para viabilizar o seu resgate e retomada das atividades o mais breve possível”.
Sindicato e possível comprador da Avibrás têm nova reunião
Venda da Avibras
A indústria bélica Avibras afirmou no fim de outubro que a venda da empresa está sendo negociada com um investidor brasileiro. O nome do investidor e o valor do negócio não foram revelados.
Segundo a Avibras, no dia 25 de outubro, o investidor brasileiro assinou um acordo com a empresa, para adquirir o controle da companhia, o que a indústria bélica, que vive uma crise, classificou como um avanço significativo no “processo de recuperação financeira”.
Avibras
Reprodução/TV Vanguarda
Apesar da assinatura, a Avibras informou que a conclusão do negócio ainda depende de outros fatores, como o cumprimento de condicionantes estabelecidas em contrato.
“O fechamento efetivo da aquisição somente poderá ocorrer se cumpridas todas as condições estabelecidas no acordo”, diz trecho da nota da Avibras. A empresa não detalhou o acordo firmado.
Ainda segundo a Avibras, nesta fase, estão sendo seguidas as etapas necessárias “para concretizar e validar a aquisição, com o intuito de restabelecer as operações da companhia”.
Por fim, a Avibras destacou que “a assinatura do acordo representa um marco importante no processo de reestruturação da empresa” e que o investidor brasileiro e a indústria bélica “estão trabalhando de forma colaborativa para concluir a transação”.
A Avibras é uma empresa bélica localizada no interior de SP.
Reprodução/ TV Vanguarda
Crise da Avibras
Confira a linha do tempo da crise e da situação da Avibras:
março de 2022: a Avibras pediu recuperação judicial alegando uma dívida de R$ 600 milhões
setembro de 2022: os trabalhadores entraram em greve por causa dos atrasos nos salários
julho de 2023: o plano de recuperação judicial foi aprovado
abril de 2024: a Avibras anunciou que negociava a venda para a empresa australiana Defendtex
junho de 2024: a Defendtex desistiu da compra
junho de 2024: o Ministério da Defesa informou que a Avibras havia recebido nova proposta, desta vez de um possível investidor chinês
outubro de 2024: a Avibras afirmou que negocia com um investidor brasileiro
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, a dívida adquirida pela Avibras durante o período de recuperação judicial – de 2022 para cá – é de cerca de R$ 327 milhões.
Quando o processo de recuperação começou, a empresa de Jacareí tinha cerca de 1,4 mil funcionários. Atualmente, são 924 funcionários, que estão em greve desde setembro de 2022.
Avibras
Reprodução/TV Vanguarda
A Avibras
A Avibras Aeroespacial é a maior indústria bélica do país e foi fundada em 1961 por engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos. Ela é uma das primeiras empresas nacionais a atender o setor aeroespacial.
A empresa desenvolve tecnologia para as áreas de Defesa e Civil. A organização foi uma das primeiras no Brasil a construir aeronaves, desenvolver e fabricar veículos espaciais para fins civis e militares.
Presente no mercado nacional e internacional, a empresa tem sede em Jacareí, no interior de São Paulo, e desenvolve motores de foguetes para as forças armadas, entre outras coisas.
Fábrica da Avibras em Jacareí
Reprodução/TV Vanguarda
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