A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça-feira (18) a Operação Contragolpe, que mirava os responsáveis por um plano golpista que visava, inclusive, matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, em 2022.Ao todo, foram cumpridos mandados de prisão preventiva contra militares da reserva e um policial federal, todos detidos nesta manhã. Veja abaixo quem eram os alvos:
Mario Fernandes
Um dos principais alvos da operação é o general da reserva Mario Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo de Jair Bolsonaro. Fernandes ocupava o segundo posto mais importante da pasta e chegou a assumir interinamente o cargo. Atualmente, ele estava lotado como assessor no gabinete do deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ), ex-ministro da Saúde.
A PF investiga se Fernandes participou ativamente do plano golpista, após o ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, ter recebido mensagens do dele solicitando adesão ao movimento golpista. O plano foi, no entanto, rejeitado por Freire Gomes.
Fernandes já havia sido alvo de busca e apreensão na Operação Tempus Veritatis, deflagrada em fevereiro deste ano, e estava presente em uma reunião gravada em que o ex-presidente Bolsonaro orientava ministros a agirem contra o sistema eleitoral brasileiro. De acordo com a delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, homologada pelo STF, o general Mário Fernandes foi descrito como um dos militares mais radicais do núcleo golpista, sendo um defensor fervoroso de um golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder.
Kids Pretos
Além de Fernandes, outros militares e um policial federal foram alvos da operação. Entre os militares, destacam-se Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo, membros do grupo conhecido como “Kids Pretos”, formado por militares das Forças Especiais. O policial federal Wladimir Matos Soares também foi detido durante a operação.
De acordo com as investigações, o grupo dos “Kids Pretos” utilizou seu conhecimento técnico-militar para planejar e executar ações ilegais nos meses de novembro e dezembro de 2022. A PF descobriu ainda um plano denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que visava a execução dos candidatos eleitos à Presidência e Vice-Presidência da República no dia 15 de dezembro de 2022. O plano também incluía a prisão e execução do ministro Alexandre de Moraes.
Foram expedidos cinco mandados de prisão preventiva, três mandados de busca e apreensão e 15 medidas cautelares, que incluem a proibição de contato entre os investigados, a entrega de passaportes em até 24 horas e a suspensão do exercício de funções públicas. A operação contou com o acompanhamento do Exército Brasileiro e se deu em diversos estados, incluindo Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal.
A PF está apurando se os envolvidos no esquema cometeram os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. A investigação segue em andamento para identificar a extensão da rede golpista e as possíveis ligações com outras figuras políticas e militares.
A Operação Contragolpe é parte de um inquérito maior que investiga se houve uma tentativa de golpe após a eleição de 2022, quando Luiz Inácio Lula da Silva derrotou Jair Bolsonaro nas urnas. A PF identificou um plano de execução de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, que estava sendo monitorado como parte do movimento golpista.
O que são “Kids Pretos”?
Os “kids pretos” são militares de operações especiais do Exército, conhecidos pelo uso de gorros pretos. Para ingressar, é preciso passar por um treinamento rigoroso que inclui paraquedismo, ações de comando e simulações extremas, como resistência a gás lacrimogêneo.
Durante os ataques de 8 de janeiro de 2023, membros desse grupo organizaram táticas militares, como furar bloqueios e acessar o Congresso por meios improváveis. A CPI dos Atos Golpistas encontrou evidências de treinamentos militares entre os manifestantes.
Além de missões internacionais, como no Haiti, os “kids pretos” atuaram em eventos de segurança, como a Copa do Mundo. Investigações apontam que alguns membros, ligados a Bolsonaro, participaram de um planejamento golpista usando suas habilidades militares.