Francisco Wanderley Luiz procurou o gabinete de Jorge Goetten, mas teria usado apenas um banheiro no Anexo IV. Prédio tem detector de metais. Francisco Wanderley Luiz, autor do atentado na Praça dos 3 Poderes na quarta-feira (13), em Brasília.
Reprodução/Redes sociais
Francisco Wanderley Luiz, o homem que morreu ao detonar explosivos na Praça dos Três Poderes nesta quarta-feira (13), circulou pelos corredores da Câmara dos Deputados horas antes do atentado, diz o deputado Jorge Goetten (Republicanos-SC). A informação foi repassada por investigadores ao deputado, que é conterrâneo do homem que está sendo investigado por terrorismo.
Para entrar na Câmara, é preciso passar por detector de metais semelhante ao que acontecem em aeroportos. O objetivo é evitar a entrada com qualquer tipo de material que traga riscos, como artefatos explosivos.
Segundo Goetten, o autor do atentado entrou na Câmara afirmando que iria ao gabinete do parlamentar, que fica no Anexo III, tendo apenas acessado o banheiro do Anexo IV.
“Eu soube que ele acessou a Câmara ontem e se identificou dizendo que ia para o nosso gabinete. Mas ele não esteve no nosso gabinete ontem. Teve acesso ao Anexo IV e foi ao banheiro. somente. O nosso gabinete é no Anexo III”, explicou ao blog.
O parlamentar afirmou que a última vez que esteve com Wanderley foi em 2023, em uma visita no Congresso. “A recordação que eu tenho dele era de um empresário de sucesso. Ele teve várias casas de evento, sempre antenado às tendências do mercado. Foi esse o Wanderley que eu conheci.”
No último encontro que tiveram, no entanto, chamou a atenção do parlamentar que ele parecia “abalado emocionalmente”. “Comentou muito da separação. Mas foi uma conversa de dois conterrâneos que se encontram, recordando os bons tempos em sua cidade de origem”, recordou.
Wanderley chegou a voltar à Câmara em agosto em 2024, mas, nessa ocasião, foi apenas recebido pelos assessores do deputado.
Goetten afirma que não havia identificado nenhum comportamento que pudesse indicar a intenção de realizar o atentado que cometeu nessa quarta, destacando que eles não tinham convívio próximo, embora se conhecessem há 30 anos.
“Estou aguardando as investigações para tentar entender o que faz um homem como ele cometer um ato como esse, que eu lamento muito. Lamento por perder um ser humano, um conterrâneo nosso, mas amento também porque poderia atingido outras pessoas”, diz.
O atentado
Duas explosões, em um intervalo de cerca de 20 segundos, ocorreram perto do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, no início da noite desta quarta-feira (13). Uma pessoa morreu, e a área foi isolada. Bombeiros e militares especializados em explosivos foram ao local.
Além das explosões em frente ao STF, momentos antes, outras explosões aconteceram em um carro que estava no estacionamento do Anexo IV da Câmara dos Deputados. O carro está no nome de Francisco, segundo o delegado-geral de Santa Catarina Ulisses Gabriel.
A Polícia Federal (PF) instaurou inquérito para apurar as duas explosões. O caso é investigado como ato terrorista, segundo informou o diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues.
O homem tinha residência fixa em Rio do Sul, em Santa Catarina, onde se candidatou a vereador pelo PL em 2020. De acordo com a PF, ele tinha alugado “há vários meses” uma casa em Ceilândia, a cerca de 30 quilômetros do local das explosões. No imóvel, foram achados artefatos explosivos do mesmo tipo usado na Praça dos Três Poderes.
Câmera de segurança do STF mostra momento de explosão na Praça dos Três Poderes