Equipe vai instalar, até quinta-feira (14), 15 transmissores em animais das espécies tigre e limão. Tubarões de Fernando de Noronha são marcados para estudo
Um grupo de cientistas começou a instalar novos transmissores em tubarões que vivem em Fernando de Noronha (veja vídeo acima). Segundo os pesquisadores, os equipamentos servem para monitorar a movimentação dos animais e fazem parte de um estudo sobre as espécies tigre e limão. Estão sendo colocados 15 aparelhos até quinta-feira (14).
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A pesquisa é executada há dez anos em Noronha. Segundo o biólogo marinho André Afonso, que realiza estudo para a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e para a Universidade de Coimbra, em Portugal, em uma década, foram instalados 100 transmissores: 70 foram colocados em tubarões-tigre outros 30 aparelhos, em tubarões-limão.
Desse total, 70% permaneceram em Fernando de Noronha. “Isso deve ter acontecido porque Noronha reúne as condições necessárias, em termos de alimentação para eles ficarem na ilha. A teoria ecológica diz que quando o recurso é suficiente, os paradores convivem sem entrar em conflito”, afirmou o biólogo.
Dos outros 30% que migraram para outros locais, houve casos de animais que percorreram longas distâncias.
“Tivemos um tubarão que foi para a África. Ele foi capturado por pescadores na Costa do Marfim. Alguns animais ficaram no Brasil, no Nordeste e no Oeste. Ainda tivemos tubarões que permaneceram no ambiente oceânico, tanto no hemisfério norte quanto no hemisfério sul”, contou André Afonso.
Segundo a URFPE, o trabalho de monitoramento realizado na ilha deve ser ampliado para outros locais em 2025, como as ilhas de São Pedro e São Paulo e o Alto das Rochas e Trindade, além de ampliar a rede de Abrolhos.
O projeto é realizado em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e instituição canadense é a Ocean Tracking Network, além do apoio do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio) e da Marinha.
Tubarão-tigre marcado para estudo em Fernando de Noronha migra mais de 2 mil quilômetros e está na Bahia
Tubarões-tigre
A permanência dos tubarões-tigre em Fernando de Noronha é vista com surpresa, já que a espécie é considerada “altamente migratória”.
“Ele sincroniza a migração com áreas de alimentação facilitada, por exemplo, áreas com desova de tartaruga. O animal consegue comer a tartaruga mais facilmente, quando ela sai das praias após desovar. A tartaruga vira uma presa mais fácil”, informou André Afonso.
O pesquisador acredita que os tigres ficam na ilha fora do período de desova por causa da oferta de alimentos em Noronha. Além das tartarugas, os tubarões se alimentam de peixes, golfinhos, raias e até outros tubarões.
“A permanência dos tubarões em Fernando de Noronha prova que o ecossistema está preservado”, falou o pesquisador.
De acordo com o pesquisador, o monitoramento indica que os tubarões-tigre frequentam as chamadas do mar de dentro, do Porto de Santo Antônio ao Sancho, no período noturno. Esses animais frequentam durante o dia as praias do mar de fora. Entre essas praias, estão Sueste e Leão.
Tubarão-tigre é marcado para estudo
Danielle Viana/Acevo pessoal
Incidentes com tubarões
Em Noronha ocorreram dois incidentes de turistas com tubarão. Em 2015, o visitante Márcio de Castro perdeu o braço após o ataque de um tubarão. Em 2022, uma garota de 8 anos também foi atacada e perdeu a perna.
Nos dois casos os ataques aconteceram na Baía dos Sueste e foram atribuídos a tubarões-tigre. André Afonso não descarta novos incidentes.
“Noronha é um lugar turístico e como o turismo tem aumentado, de forma veloz, acho inevitável um conflito. É provável que aconteçam incidentes, não como no Recife, mas a lei de probabilidade favorece incidentes pontuais”, previu André Afonso.
Após o último incidente a Praia do Sueste foi fechada para o banho. O pesquisador acredita que essa foi uma decisão acertada e defende que o local permaneça fechado.
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