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Empresário procurou MP para delatar integrantes do PCC e policiais antes de ser morto

Vinicius Gritzbach em entrevista ao Domingo EspetacularReprodução/TV Record

O empresário Vinícius Gritzbach, executado a tiros na última sexta-feira (8) no Aeroporto Internacional de Guarulhos, procurou, de forma independente, promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco), do Ministério Público, para revelar sua intenção de delatar membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) e policiais civis do estado. A informação foi confirmada por seu advogado, Aristides Zacarelli. A informação é do jornal O GLOBO.

Gritzbach procurou o Ministério Público para discutir uma proposta de delação premiada sem comunicar sua defesa, o que gerou desconforto com seu advogado. Segundo Zacarelli, ele soube da decisão de seu cliente de forma inesperada.

“Ele quis fazer a delação. Falei: ‘cara, como é que você procura o Ministério Público e não me avisa? Porque eu estou preparando a tua defesa para lavagem’. Fiquei P. da vida com ele. Na minha cabeça, tinha elementos para fazer a defesa. Mas, enfim, é a opção do cliente. Qualquer estratégia tem ônus e bônus, está certo certo? E o ônus está aí”, lamentou Zacarelli em entrevista.

Em abril de 2024, Gritzbach assinou uma proposta de acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo, onde se comprometeu a entregar membros do PCC por crimes como lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa. O GLOBO teve acesso à proposta do acordo, mas a delação propriamente dita segue sob sigilo.

Na proposta, Gritzbach identificou três membros do PCC: Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta; Cláudio Marcos de Almeida, o Django; e Silvio Luiz Ferreira, o Cebola, sendo que Cebola é o único dos três ainda vivo. Além disso, o empresário se dispôs a fornecer informações sobre atos de corrupção envolvendo policiais de diversas unidades, incluindo o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), o Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) e o 24º Distrito Policial da Capital. As denúncias incluíam práticas de concussão, corrupção passiva e associação criminosa.

Em entrevista ao programa “Domingo Espetacular”, da TV Record, em fevereiro deste ano, Gritzbach explicou sua motivação para colaborar com as autoridades.

“Da mesma forma que, se eu cometi um crime, quero ser julgado, processado, também quero que, se eles [policiais] cometeram crimes, que venham pagar por isso. Por que a polícia não investiga a evolução patrimonial deles? Como um policial pode ter helicóptero? Como vai trabalhar de carro blindado e faz viagens?” questionou o empresário na ocasião.

Essa não foi a primeira vez que Gritzbach tentou firmar um acordo de colaboração premiada. Em 2022, sua antiga defesa havia formalizado um pedido similar, mas o processo foi interrompido devido a um vazamento de informações confidenciais por parte da defesa, o que inviabilizou o andamento da negociação com o Ministério Público.

O assassinato

Vinícius Gritzbach foi morto na sexta-feira (8), em um ataque a tiros no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. A execução, que teve 29 disparos, aconteceu em meio a uma investigação envolvendo o PCC e corrupção policial. A polícia segue investigando as circunstâncias do assassinato, que pode estar diretamente relacionado às delações e revelações que Gritzbach planejava fazer.

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