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MPSC dá 10 dias para governo Jorginho explicar contratação de empresa de telemedicina do Piauí

O MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) instaurou, nesta sexta-feira (8), uma notícia fato para apurar possíveis irregularidades por parte do governo Jorginho Mello (PL) na contratação dos serviços de uma empresa de telemedicina.

Conforme o órgão, a contratação seria feita de maneira direta, sem abertura de licitação, pela Secretaria de Estado da Saúde, a partir de negociação conduzida pelo Ciasc (Centro de Informática e Automação do Estado de Santa Catarina).

Imagem das mãos de médico ilustra que Ministério Público investiga contratação direta de empresa de telemedicina em Santa Catarina

Ministério Público investiga contratação direta de empresa de telemedicina em Santa Catarina – Foto: Divulgação/Vida Emergência

Para entender melhor os fatos, os promotores de Justiça Rafael de Moraes Lima e Andrey Cunha Amorim pediram que SES e Ciasc forneçam detalhes do procedimento e esclareçam em até 10 dias informações veiculadas no início da semana, por jornais do centro do país.

Segundo informado pelo MPSC, a partir do conteúdo noticiado, a PPP (parceria público-privada) teria valor estipulado de R$ 547 milhões anuais e vigência estimada de dois anos. “A empresa contratada teria se instalado em Santa Catarina apenas três dias antes de apresentar proposta comercial para a contratação”, diz o MPSC.

Em nota, as pastas estaduais informaram que a contratação busca “realizar 100 mil consultas de especialidades médicas em todo o estado” a fim de “reduzir a fila de espera atual”. A PPP ainda não foi assinada e estaria em fase de análise.

Consultas virtuais ajudariam a reduzir fila de espera, diz governo de Santa Catarina (foto ilustrativa)

Governo catarinense justifica que consultas virtuais ajudariam a reduzir fila de espera (foto ilustrativa) – Foto: iStock Fotos/ Reprodução/ ND

Entenda polêmica envolvendo PPP para empresa de telemedicina

Segundo informado pela administração estadual, a contratação da empresa Integra Saúde Digital Telemedicina, fundada em 2023 no estado do Piauí, teria como finalidade a realização de 100 mil atendimentos de telemedicina em Santa Catarina, com especialistas não ofertados pelo estado.

A empresa apresentou proposta dentro dos parâmetros exigidos para a contratação, que seria feita na modalidade RFP (solicitação por proposta, em português) — baseada na Lei 13.303/2016, que dispensa licitação. Segundo o Executivo, a iniciativa serviria para reduzir a fila de espera registrada no serviço público de saúde.

No entanto, segundo o Ministério Público, a situação poderia abrir margens para possíveis irregularidades na aplicação de verbas públicas.  A intervenção do MPSC acontece para apurar a conduta do governo do estado. O órgão ainda solicitou que o TCE (Tribunal de Contas do Estado) busque e forneça informações sobre o eventual trâmite contratual.

Cada consulta custaria R$ 90, que só seriam pagos na realização dos atendimentos – Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/ND

Como funcionaria e qual o custo do serviço?

Conforme apurado pela reportagem do ND Mais, a negociação para implementação do serviço da empresa de telemedicina em Santa Catarina prevê um projeto-piloto, o qual iniciaria apenas em uma cidade catarinense.

Esse primeiro projeto teria um custo de R$ 16 milhões, os quais seriam divididos entre o governo do estado e o governo federal.

  • R$ 2 milhões para implementação de sistemas de atendimento, despesa arcada pelo estado;
  • R$ 5 milhões, custeados pelos cofres catarinenses, destinados à disponibilização de consultas, realização de exames, treinamento de equipes nos municípios e aplicativo destinado ao cidadão;
  • R$ 9 milhões de verba federal destinada a custear as 100 mil consultas em áreas especializadas.

O programa seria similar ao que ocorre na capital catarinense com o serviço Alô Saúde Floripa. Cada consulta custaria R$ 90, que só seriam pagos na realização dos atendimentos.

Atendimento de telemedicina em Santa Catarina ocorreria de maneira similar ao que ocorre na Capital, com o serviço Alô Saúde Floripa

Atendimento da empresa de telemedicina em Santa Catarina ocorreria de maneira similar ao que já acontece na capital catarinense, com o serviço Alô Saúde Floripa – Foto: iStock/ Reprodução/ ND

Em caso de contratação, o projeto-piloto seria aplicado no Extremo-Oeste catarinense, onde há maior demanda por atendimento de saúde devido à distância de deslocamento até as áreas de saúde de referência. Uma vez aprovada, a ferramenta seria expandida para todo o território catarinense.

O governo catarinense alega que o valor pago para a empresa de telemedicina, em caso de implementação em nível estadual, seria de R$ 500 milhões ao ano, em divergência dos R$ 547 milhões apontados pelo MPSC.

O valor alegado pelo governo, contudo, é o mesmo que a gestão prevê economizar com demandas dos atendimentos presenciais em hospitais.

Governo pede apoio do TCE e do MPSC para analisar PPP

Na quinta-feira (7), o presidente do Ciasc, Moisés Diersmann, protocolou um ofício junto ao TCE (Tribunal de Contas do Estado) e ao próprio MPSC, solicitando um parecer sobre a legalidade do processo de implementação do programa de telemedicina no estado, denominado Projeto de Saúde Digital.

A solicitação pede que os órgãos realizem uma análise criteriosa de todas as fases do processo, desde o início até uma eventual formalização de contratos futuros. O governo catarinense afirma que atualmente a contratação da empresa terceirizada está em fase de análise para verificar a viabilidade e segurança, e não envolveu gasto de dinheiro público.

Presidente do Ciasc, Moisés Diersmann, em reunião com o procurador-geral de Justiça, Fábio de Souza Trajano

Presidente do Ciasc, Moisés Diersmann, se reuniu com o procurador-geral de Justiça, Fábio de Souza Trajano – Foto: Jonatã Rocha/ SECOM/ Reprodução/ ND

“A assinatura [da PPP] só ocorrerá a partir do momento em que ficarem comprovados todos os benefícios esperados com a nova tecnologia para ajudar a Secretária de Estado da Saúde a reduzir filas de especialidades médicas, como neurologia pediátrica, psiquiatria e endocrinologia”, informou em nota o Poder Executivo.

Sobre as informações divulgadas na imprensa e que basearam a notícia fato do Ministério Público de Santa Catarina, a administração estadual informou que “não há previsão nem nunca houve de que seja realizado um contrato fixo de R$ 640 milhões. Os custos estimados são bem abaixo e só serão pagos, se o contrato vier a ser assinado”.

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