As emissões de gases do efeito estufa — gás carbônico — no Brasil reduziram 12% em 2023, divulgou o Observatório do Clima na quinta-feira (7). No ano passado, o país emitiu 2,3 bilhões de toneladas de gases deste tipo, enquanto que, em 2022, foram emitidas 2,6 bilhões de toneladas.
As informações são da Agência Brasil. Segundo o observatório, essa é a maior queda percentual nas emissões de gases do efeito estufa desde 2009, quando o país registrou a menor emissão da série histórica iniciada em 1990 (1,77 bilhão de GtCO2e).
A queda no desmatamento na Amazônia foi a principal razão para a redução das emissões.
As emissões de gases do efeito estufa por desmatamento na floresta tropical caíram 37%, de 1,074 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente para 687 milhões de toneladas.
Por outro lado, os dados do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa) do Observatório mostram que, apesar da desaceleração na Amazônia, a devastação dos demais biomas resultaram na emissão de 1,04 GtCO2e brutas em 2023.
Na avaliação do coordenador do SEEG, David Tsai, a redução das emissões é uma boa notícia, mas evidencia a dependência do que ocorre na Amazônia, em especial para o país atingir a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês). As novas NDCs precisam ser apresentadas até fevereiro de 2025 e devem estar alinhadas com o primeiro Balanço Global do Acordo de Paris (GST, na sigla em inglês), encerrado em 2023 na COP28, em Dubai.
“A queda nas emissões em 2023 certamente é uma boa notícia, e põe o país na direção certa para cumprir sua NDC, o plano climático nacional, para 2025. Ao mesmo tempo, mostra que ainda estamos excessivamente dependentes do que acontece na Amazônia, já que as políticas para os outros setores são tímidas ou inexistentes. Isso terá de mudar na nova NDC, que será proposta ainda este ano. O Brasil precisa de um plano de descarbonização consistente e que faça de fato uma transformação na economia”, afirmou David Tsai.
Emissões de gases do efeito estufa por desmatamento na Mata Atlântica aumentaram
As emissões de gases do efeito estufa por desmatamento na Mata Atlântica aumentaram 4% em um ano. O bioma é o único de Santa Catarina.
Além da Mata Atlântica, o levantamento aponta que as emissões por desmatamento e queima de biomassa aumentaram 23% no Cerrado, 11% na Caatinga e 86% no Pantanal. No Pampa, essas emissões caíram 15%, mas o bioma responde por apenas 1% do total.
“O Brasil está vendo o combate ao desmatamento na Amazônia surtir efeito. Mas, enquanto isso, o desmatamento em outros biomas, como o Cerrado e o Pantanal, acelera. Esse ‘vazamento’ não é algo novo e precisa de solução urgente para que continuemos tendo chances de atingir as metas de mitigação brasileiras”, disse a pesquisadora do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), Bárbara Zimbres.
O Ipam é responsável pelo cálculo de emissões de uso da terra no SEEG.