Acontece nesta semana, em Florianópolis, a 1ª Conferência Municipal de Saúde da População Negra. O evento, considerado um marco para a cidade, vai debater o enfrentamento ao racismo e às desigualdades no tratamento de saúde prestado à população negra. O objetivo é direcionar políticas públicas para garantir equidade no atendimento.
Alexandra Marques, responsável pelo Comitê Técnico de Saúde da População Negra de Florianópolis, destaca que o principal desafio enfrentado pela população negra no sistema de saúde é a invisibilidade de suas necessidades específicas, isto é, a falta de um recorte racial.
“Não temos dados fiéis em saúde pela falta de um olhar racializado de forma positiva, que consiga enxergar na cidade onde estão as iniquidades em saúde para fazer o enfrentamento delas”, argumenta. O racismo das instituições também pode ocasionar diferenças no atendimento e impactar na dignidade, qualidade e expectativa de vida.
“A população negra, mesmo em menor quantitativo, morre 2,56 vezes mais que a população branca por causas externas, lesões autoprovocadas, por violências”, revela Alexandra, com base em dados da Secretaria Municipal de Saúde.
Pré-conferência antecipou urgências para a saúde da população negra
O evento desta semana sucede uma pré-conferência realizada em agosto, com a participação de cerca de 150 pessoas, na qual foram desenvolvidas 54 propostas de políticas públicas de saúde voltadas à população negra e que serão discutidas na conferência.
“Um dos pontos é a urgência da implantação da Política Municipal de Saúde da População Negra, que atravessa 15 anos de existência a nível nacional e que não conseguimos fazer o debate nesse tempo. Outro ponto é a formação antirracista dos profissionais da rede, com olhar qualificado para o atendimento da população negra, que é vulnerabilizada”, diz Alexandra.
Ela também elenca a necessidade de uma adequação da Secretaria Municipal de Saúde para a coleta de dados, a fim de gerar informações com recorte racial sobre o atendimento em Florianópolis.
Conferência já tem mais de 100 inscritos
A 1ª Conferência Municipal de Saúde da População Negra já tem mais de 100 inscritos e acontece na sexta-feira (8) e no sábado (9), na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). “Será a primeira conferência da cidade e é vista por nós como um evento histórico, de relevância pública, em que a expectativa é aprofundar esse debate com a população”, fala Alexandra.
Além de debater as propostas desenvolvidas na pré-conferência, o evento vai contar com três oficinas com os temas “Saúde da População Negra”, “Formação Antirracista e Política Municipal em Saúde da População Negra” e “Informação em Saúde e Qualificação dos Dados Desagregados em Raça/Cor”.
“A expectativa é que possamos gerar um documento que direcione políticas públicas dentro da Secretaria Municipal de Saúde, que subsidie o Plano Municipal de Saúde, com olhar e alocação de recursos para o enfrentamento das iniquidades, e que fortaleça a construção da Política Municipal de Saúde da População Negra”, complementa.
Confira a programação completa:
Sexta-feira (8 de novembro de 2024)
Auditório da Graduação do Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFSC)
- 18h30 – Credenciamento;
- 19h – Ato Cultural com Travalyngua;
- 19h10 – Mesa de Abertura;
- 19h30 – Mesa de Conferência com Sanitarista Rosimery Costa dos Santos (Ministério da Saúde) e Drª. Lia Schucman (Departamento de Psicologia da UFSC);
- 21h – Encerramento.
Sábado (9 de novembro de 2024)
Auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH/UFSC) – Bloco B
- 7h30 às 8h – Credenciamento;
- 8h30 – Oficinas;
- 12h – Intervalo
- 14h – Plenária;
- 18h – Encerramento.
As inscrições podem ser realizadas até está quinta-feira (7), por formulário na internet.