Polícia irlandesa diz que investigações estão em andamento para identificar e localizar os suspeitos, mas nenhuma prisão foi efetuada até agora; caso é segundo envolvendo entregador brasileiro em menos de um mês. Alexandre sofreu uma fratura exposta na perna esquerda e precisou passar por cirurgia.
Arquivo pessoal via BBC
O brasileiro Alexandre Athos Pinheiro Teixeira, de 23 anos, estava trabalhando quando foi atacado por três jovens na cidade irlandesa de Cork, no sul do país.
O jovem brasileiro, natural de Goiânia, que vive na Irlanda há um ano, trabalha como entregador de comida por aplicativo e conta que tudo começou de maneira abrupta: ao passar ao lado do veículo dos suspeitos, um homem saiu do carro e tentou puxá-lo da moto.
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Com medo, Alexandre diz que acelerou, pensando inicialmente que se tratava de uma tentativa de assalto. “Eles me perseguiram por mais de dois quilômetros”, conta ele, ainda abalado.
Tentando escapar, Alexandre conta que freou bruscamente e desviou para uma área residencial, mas a perseguição continuou. Em alta velocidade, os agressores chegaram perto de Alexandre e jogaram garrafas contra ele pela janela do carro.
“Achei que fosse uma brincadeira de Halloween, mas percebi que era sério quando jogaram a SUV contra mim,” relata.
O carro atingiu a moto de Alexandre e um dos jovens que estava sentado no banco traseiro saiu do veículo e empurrou o brasileiro, que revidou com um soco.
Foi nesse momento que o agressor voltou para o veículo e o motorista atropelou Alexandre e fugiu.
Ao tentar se levantar, Alexandre lembra a sensação de não conseguir e gritar por ajuda. “Fui perseguido e atropelado sem motivo. Eles riam do meu desespero.”
Alexandre ainda recorda as risadas e as palavras de deboche dos jovens durante a perseguição. “Pareciam psicopatas. Até agora me pergunto: ‘Foi por eu estar aqui, no país deles?’. Não consigo entender tamanha crueldade,” desabafa.
O ataque ocorreu no dia 31 de outubro. Alexandre sofreu uma fratura exposta na perna esquerda e precisou passar por cirurgia. De acordo com ele, a equipe médica informou que a recuperação exigirá, no mínimo, seis meses de tratamento intensivo.
A polícia irlandesa informou que investigações estão em andamento para identificar e localizar os suspeitos, mas nenhuma prisão foi efetuada até agora.
Segundo Alexandre, os agressores eram dois homens e uma mulher, aparentando cerca de 20 anos e com porte atlético. Ainda segundo ele, o jovem que saiu do carro e o empurrou cobria o rosto.
“O que eu mais quero é que haja justiça. Não é apenas a dor física. É o sentimento de indignação e incompreensão pelo ato de tamanha maldade”, disse.
O caso repercutiu na Irlanda e foi publicado em tradicionais jornais do país como o The Irish Times e The Irish Sun, que classificou o caso como ataque chocante.
Alexandre diz que acelerou, pensando inicialmente que se tratava de uma tentativa de assalto. “Eles me perseguiram por mais de dois quilômetros”, conta ele, ainda abalado.
Arquivo pessoal via BBC
Violência recorrente
No dia 12 de outubro, o brasileiro Alan José de Lima, de 35 anos, foi atacado em Dublin por dois adolescentes encapuzados com touca ninja.
Após fazer uma entrega de comida, Alan foi cercado e agredido com uma lixeira, resultando em fraturas na tíbia e no joelho, o que exigiu uma cirurgia de mais de seis horas para a inserção de placas de metal em sua perna.
Alan, que coleciona medalhas de maratonas, teme não conseguir voltar a correr devido à gravidade de suas lesões. Além das lesões, eles quebraram seu celular e roubaram sua bicicleta elétrica, seu meio de trabalho.
Natural de Guaratiba, no Rio de Janeiro, Alan imigrou para a Irlanda em busca de segurança e paz, vendendo sua casa após sofrer constantes assaltos no Brasil.
Ele expressou a sensação de impotência e medo que sente ao ser alvo de agressões motivadas por preconceito, mencionando que essa não é a primeira vez que enfrenta violência no país, referindo-se a jovens conhecidos como ‘nanás’, que frequentemente atacam estrangeiros.
A polícia irlandesa está investigando o caso, mas ainda não informou se os suspeitos foram localizados.