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Renault Kardian: por que lançar um carro manual se o mercado prefere automáticos? Veja o teste


Versão com câmbio manual chega como a opção mais acessível da linha lançada em março. São R$ 12 mil a menos, mantendo o motor turbo e os mesmos itens de série. Veja o que acerta e erra a nova versão. Renault Kardian: o que erra e acerta a versão manual
Poucos meses após lançar o Kardian no Brasil, a Renault adicionou uma opção manual do SUV compacto na lista de versões do veículo. Esaa é escolha mais barata do modelo, custando R$ 106.990.
O Kardian manual é idêntico ao modelo Evolution (que era o de entrada), com os mesmos itens de série, motor, acabamento e até opcionais.
O câmbio mecânico escolhido pela Renault é um de seis marchas, diferente daquele utilizado pelo Sandero RS. Mesmo não contando com a versão do esportivo, as trocas de marchas não decepcionaram durante o dia de avaliação do carro pelo g1.
Acontece que o câmbio automático é cada vez mais o queridinho dos brasileiros. Segundo a consultoria Bright Consulting, os carros equipados com transmissão manual deixaram de ser a maioria no Brasil desde 2019.

“Em algum momento, essa tecnologia [câmbio manual] deverá ser extinta, principalmente por conta do aumento da conectividade e dos níveis de automação dos automóveis”, diz Murilo Briganti, diretor de operações da Bright Consulting.
A tendência de queda deve se manter. De acordo com previsões da Bright Consulting, a transmissão manual estará presente em cerca de 5% dos veículos comercializados em 2030.
Antes presentes apenas nos modelos premium, agora até os automóveis de entrada podem ser equipados com trocas automáticas de marcha. O ganho em escala fez o custo diminuir e que essa fosse uma opção mais presente como item de série, especialmente nos SUVs.
Kardian manual venderá menos que o automático
Segundo Felipe Munoz, especialista em mercado automotivo na consultoria JATO Dynamics, o câmbio manual continua presente em mercados emergentes, como a América Latina, por conta de custo reduzido na compra do carro.
“Mesmo com o custo para ter trocas automáticas no carro reduzido drasticamente nos últimos 20 anos, ele ainda é uma consideração importante para os consumidores de baixa renda”, diz o especialista.
Munoz acredita que preconceitos e a confiabilidade dos automáticos, aliados ao custo elevado para a manutenção da caixa de câmbio, ainda prevalecem na região.
A Renault sabe e reconhece que a versão manual do Kardian não será a mais vendida. Ainda assim, a ampliação das variantes do SUV compacto já estava prevista no lançamento do veículo — que aconteceu em março deste ano.
“A ampliação da gama já era prevista para acontecer em cerca de seis meses após o lançamento do Kardian. A gente sabe que a maioria das vendas acontecerá nas versões com câmbio automático”, comenta Caique Ferreira, diretor de comunicação para a Renault na América Latina.
Para a Renault, a maior parte das vendas do Kardian manual virão de cidades do interior e da região Nordeste, enquanto as versões automáticas devem prevalecer nas grandes cidades e centros urbanos, como em São Paulo (SP), Brasília (DF) e Rio de Janeiro (RJ).
Aumentando a gama de opções, a montadora francesa quer deixar para trás o modesto 17º lugar na lista de SUVs mais vendidos do Brasil, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Com sete meses no Brasil, o Kardian soma 13.124 unidades vendidas até o mês passado. O Fiat Pulse, um de seus principais concorrentes, emplacou 28.640 veículos, 2,18 vezes mais que o Kardian.
Veja abaixo os destaques do carro, e se ainda há espaço para um SUV manual em um mercado tão competitivo.
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Renault Kardian com câmbio manual por fora
Como anda o Kardian manual
O motor é um turbo flex de injeção direta, com 125 cv de potência e 22,4 kgfm para o torque. Este é o mesmo conjunto presente nas outras versões do Kardian comercializadas no Brasil.
Como vantagem, as trocas de marchas da versão manual são precisas e curtas. Em 120 quilômetros entre as cidades de São Paulo (SP) e São Roque (SP), não houve um momento de engasgo ou engate de marcha errada.
As retomadas estavam ágeis como um motor turbo precisa entregar, significando ultrapassagens mais seguras tanto na estrada, quanto na cidade. O torque foi suficiente para vencer ladeiras da cidade montanhosa em terceira marcha, sem perda de potência — trunfo do torque elevado.
Durante os trechos de estrada, e somente nestes momentos, foi possível tirar proveito da sexta marcha. Nela e com gasolina no tanque de combustível, o carro exibia consumo na casa dos 14 km/l. Esse é o número divulgado tanto pela Renault, quanto pelo Inmetro.
Assim, o carro oferece conforto para quem faz questão de ter o carro na mão. Mesmo assim, é difícil imaginar que o consumidor possa optar por uma versão manual se há concorrentes com valores próximos e câmbio automático. A versão topo de linha do Citroën Basalt, chamada de Shine Turbo 200, custa R$ 2 mil a menos.
Renault Kardian com câmbio manual por dentro
Como a alteração relevante desta edição do Kardian é o câmbio, não há novidades no design e no acabamento interno.
A iluminação da frente é feita em LED, da luz de rodagem diurna (DRL) aos faróis. São lâmpadas mais fortes, duradouras e gastam menos energia. A luz branca revela mais da pista durante à noite, e torna a direção mais segura.
Na traseira, as lanternas são halógenas. Nesse caso, o LED não tem função prática e são mais caros que lâmpadas convencionais. São truques para reduzir o preço final do carro.
Mas a Renault secou tanto os custos que colocou rodas com calota no Kardian. Ao primeiro olhar, elas dão a impressão de serem rodas de liga-leve, mas é um jogo de calota plástica que esconde muito bem a parte interna. Algo inesperado para um carro de mais de R$ 100 mil.
O interior também é simples, em que predomina o plástico duro com textura homogênea. Alguns concorrentes, como o C3, usam cores diferentes para passar a sensação de mais requinte, mas o Kardian apostou na sobriedade.
O painel de instrumentos tem um conta-giros pouco detalhado, o que deixa devendo para um carro turbo. O painel é digital, e permite remover todo o conteúdo para mostrar apenas a velocidade. Poderia manter a opção de exibir a rotação do motor.
Os pontos fortes do interior são os bancos e espaço interno. O assento é lembra o tipo concha, com laterais fechando bem nas bordas. Não chega a ser um exemplo de esportividade, mas dá o conforto necessário.
Já os passageiros da fileira traseira vão bem na viagem, com espaço generoso para os joelhos. Com banco do motorista ajustado para uma pessoa com 1,65 metro, sobrou mais de um palmo para o passageiro logo atrás.
A central multimídia tem 8 polegadas, e não é das melhores do setor. Ela demonstrou algum atraso entre o que era processado pelo celular e a imagem no display. Fica aquela sensação deque o Waze estava sempre um pouco atrás de qualquer curva, mudança de faixa ou alerta de radar.
Mesmo com um celular potente, conectado por cabo, o problema persistiu.
Itens de série no Kardian manual
Assim como na versão Evolution com câmbio automático, a variante manual conta com:
6 airbags (frontal, lateral e de cortina);
Piloto automático e limitador de velocidade;
Assistente de partida (HSA);
Sensores de estacionamento traseiro e câmera de ré;
Controles eletrônicos de estabilidade e tração;
Sistema de monitoramento de pressão dos pneus;
Painel de instrumentos digital, com 7 polegadas;
Central multimídia com tela de 8 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay sem fio;
Ar-condicionado automático digital;
Retrovisores externos com ajuste elétrico;
Faróis e iluminação diurna (DRL) em LED;
Roda de 16 polegadas;
Aerofólio traseiro;
Sistema Start&Stop.
Veja a ficha técnica do Renault Kardian (manual)

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