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Pesquisadores tatuam peixe ‘possivelmente extinto’ após encontrá-lo no litoral de SP; VÍDEO


Cinco animais da espécie Leptopanchax itanhaensis foram encontrados em uma poça e vala de estrada em Itanhaém (SP). Pesquisadores tatuam peixe que estava ‘possivelmente extinto’ após encontrá-lo em Itanhaém
“Quem é vivo sempre aparece”. Este foi o ditado popular usado por pesquisadores que encontraram cinco peixes da espécie Leptopanchax itanhaensis, antes considerada “possivelmente extinta”, em Itanhaém, no litoral de São Paulo. A ‘redescoberta’ foi eternizada na pele dos profissionais, por meio de tatuagens (veja acima).
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A pesquisadora Amanda Selinger, de 24 anos, foi uma das autoras, coletoras e fotógrafa da expedição. Ela contou ao g1 que a ideia da tatuagem surgiu como uma provocação para quem achasse o peixe primeiro. No entanto, os cinco envolvidos encontraram ao menos um exemplar da espécie e, por este motivo, todos marcaram o animal na pele com o tatuador Thiago Peres, em Santos (SP).
“Essa tatuagem guarda muitas histórias vivenciadas durante essa expedição. Nós brincamos que a espécie, além de viver em ambientes temporários, agora também está em um ambiente permanente [que é a pele dos pesquisadores]”, afirmou Amanda.
Pesquisadores tatuaram peixe após encontrá-lo em Itanhaém (SP)
Amanda Selinger
Redescoberta
O estudo começou com o pesquisador João Henrique Alliprandini da Costa, de 26 anos. A tese dele de doutorado em Biodiversidade de Ambientes Costeiros na Universidade Estadual Paulista (Unesp) de São Vicente (SP) tinha como objetivo entender a composição de espécies em vales de estrada e em poças temporárias [formadas pela chuva ou alagamento de riachos] na Baixada Santista (SP).
Em uma das pesquisas de campo, João, Amanda e outros três pesquisadores foram surpreendidos por cinco peixes Leptopanchax itanhaensis. Eles estavam distribuídos em uma poça temporária e em um vala de estrada no Rio Preto, em Itanhaém.
“Tínhamos tentado amostras de poças ao redor por um bom tempo e era o nosso terceiro dia seguido em campo”, explicou o pesquisador. “Eu, meus orientadores e colegas já estávamos cansados e, quase na hora de ir embora, achamos a espécie em uma poça. Foi muito gratificante”, completou.
Cinco animais da espécie Leptopanchax itanhaensis estavam distribuídos em uma poça temporária e em uma vala de estrada em Itanhaém (SP)
Amanda Selinger
Segundo João, os peixes encontrados eram machos e o maior deles tinha apenas 2,5 centímetros. Ele explicou que a ocorrência da espécie em poças temporárias é natural, mas o registro em valas de estrada levanta preocupações sobre uma possível perda de habitat, já que o ambiente é artificial.
Leptopanchax itanhaensis
A espécie é nativa de Itanhaém e, de acordo com o pesquisador, foi encontrada pela última vez em uma poça destruída em 2007. A redescoberta aconteceu em fevereiro e março deste ano, vindo a ser publicada como artigo científico e eternizada como tatuagem neste mês.
Ainda segundo João, a espécie foi considerada “possivelmente extinta” após diversos esforços de pesquisa para encontrá-la novamente. Agora, está sendo considerada “criticamente ameaçada de extinção”.
“Um dos grupos de animais mais ameaçados do Brasil”, destacou o especialista.
Redescoberta de peixe em Itanhaém (SP) ficou eternizada na pele de pesquisadores
Amanda Selinger
O pesquisador explicou que este tipo de animal é chamado de “peixes anuais”, que vivem em ambientes temporários. “Eles têm um ciclo de vida curto, adaptado para se reproduzir rapidamente antes que seus habitats desapareçam. Os ovos são resistentes à seca e permanecem dormentes no solo até que as condições se tornem favoráveis novamente com a chegada das chuvas”, disse ele.
Próximos passos
Os pesquisadores continuarão a monitorar a espécie nos próximos anos para entender melhor os aspectos da biologia do Leptopanchax itanhaensis, como alimentação, reprodução, genética e população.
João destacou que o orientador da tese foi o professor da Unesp Rafael Mendonça Duarte, e a coorientadora foi a professora da Universidade Santa Cecília (Unisanta) Ursulla Pereira Souza. O professor da Unesp Francisco Langeani e os alunos de mestrado da Unisanta, Amanda e Thomas Alves Vidal, também estão participando da pesquisa.
Pesquisadores tatuaram peixe redescoberto em Itanhaém (SP)
Amanda Selinger
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