Alarme das barragens CDS, da AngloGold Ashanti, disparou ‘indevidamente’ em Brumal, distrito de Santa Bárbara, na Região Central do estado. Este foi pelo menos o quinto acionamento irregular e pode acarretar multa de R$ 500 mil, segundo decisão judicial de 2023. Barragem do Córrego do Sítio (CDS) II, em Santa Bárbara
Reprodução/Google Earth
As sirenes do sistema de comunicação de emergência das barragens do Complexo Córrego do Sítio (CDS), localizadas entre os municípios de Santa Bárbara e Barão de Cocais, foram acionadas indevidamente no início da tarde desta terça-feira (29). O engano causou pânico entre moradores, que precisaram sair de casa, assustados.
De acordo com a AngloGold Ashanti, responsável pela estrutura, o acionamento aconteceu por volta das 14h. A empresa disse que as barragens estão “seguras e estáveis” e que apura os motivos do disparo indevido.
Imagens que circulam nas redes sociais mostram moradores — inclusive crianças e idosos — deixando residências, alguns desesperados e chorando. Outros vídeos mostram uma das vias de saída do distrito com trânsito congestionado após o alerta.
As defesas civis de Santa Bárbara e Barão de Cocais foram chamadas e constataram normalidade na estrutura da barragem CDS II, que armazena os rejeitos do complexo.
Sirene de emergência de barragem toca por engano e causa pânico entre moradores
Quinto alarme falso
Esta é pelo menos a quinta vez que as sirenes da barragem disparam indevidamente. Em maio de 2023, a AngloGold foi penalizada pela Justiça por outros quatro acionamentos por engano.
Na época, uma ação movida pelo Ministério Público de Minas Gerais argumentou que o alerta falso representa violação de direitos, podendo ocasionar problemas como “distúrbios psicológicos, pânico, acidentes e lesões” entre os moradores.
A decisão pedia que a empresa implantasse medidas que evitassem a propagação desses falsos alarmes sob pena de multa de R$ 500 mil para cada acionamento irregular.
Complexo CDS
As sirenes de emergência na barragem Córrego do Sítio II, que compõem o Complexo CDS, foram instaladas e testadas em fevereiro de 2019, um mês depois da tragédia em Brumadinho.
Até então, a barragem não apresentava problemas. Em 2022, ela entrou em nível alerta depois do surgimentos de trincas na estrutura.
Entre maio e junho de 2023, foram identificadas rachaduras de até 300 metros de cumprimento na barragem. Por causa disso, a estrutura foi classificada sob nível 1 de emergência, em uma escala que vai até 3. Segundo a mineradora, na época, a estrutura seguia segura e estável.
A produção no complexo foi suspenso em agosto de 2023, resultando na demissão de 650 funcionários. Em 2022, o complexo CDS produziu 69,4 mil onças, o equivalente a quase duas toneladas de ouro.
Atualmente, segundo os registros da Agência Nacional de Mineração (ANM), a barragem CDS II está em processo de descaracterização (retirada de rejeitos) e fora de alerta de emergência.
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