Em sua coluna no Jornal da Globo, jornalista fala sobre o aniversário de 65 anos de um dos grandes letristas de todos os tempos: ‘A oportunidade de valorizar o seu talento e sua obra’. Nelson Motta: ‘Cazuza, o poeta do rock brasileiro’
Cazuza surgiu com a explosão do rock brasileiro dos anos 1980 e, -numa trajetória intensa e curta, se eternizou como um dos grandes poetas da nossa canção. Em sua coluna no Jornal da Globo, Nelson Motta relembra Cazuza no aniversário de 65 anos do “poeta do rock”: “Não é só um exercício de saudade inútil, é a oportunidade de valorizar o seu talento e sua obra”.
“Com Cazuza, tudo sempre foi diferente. Péssimo aluno, aprendeu em casa, convivendo com grandes nomes da música brasileira amigos de seus pais, e ouvindo bossa nova, samba-canção, boleros, e muito rock’n’roll, que o levou ao sucesso.”
Caso raro de nepotismo que virou meritocracia
Nelson conta que o pai de Cazuza, João Araújo, então presidente da Som Livre, ouviu e adorou a demo de uma nova banda de rock apresentada pelo produtor Guto Graça Mello. O nome da revelação? Barão Vermelho. Quando soube que o filho era o vocalista, Araújo disse que não poderia contratar a banda, pois seria nepotismo, “mas logo foi convencido de que, se deixasse de contratar o Barão Vermelho, seria despedido da companhia por incompetência”.
Álbum de Cazuza ressurge com a íntegra da gravação ao vivo feita em 1988 em show do artista no Rio
Presidente da Som Livre, João Araújo adorou a demo da então revelação o Barão Vermelho, mas sem saber que Cazuza, seu filho, era o vocalista
Reprodução/Jornal da Globo
O diagnóstico da Aids e os sucessos na carreira solo
“Foi a partir de ser diagnosticado com Aids, que na época era praticamente uma condenação à morte, que Cazuza produziu canções de grande maturidade, que se tornaram clássicos modernos, como ‘O tempo não para’”, conta Nelson, lembrando que o vocalista e letrista abordou a política e as ideologias com uma visão crítica e autodebochada, que deu uma outra dimensão de sua potência poética.
“Criou um grande clássico moderno sobre a eterna corrupção brasileira, com uma das músicas políticas mais contundentes da nossa história e que, naturalmente, continua atualíssima, porque o Brasil está mostrando a sua cara”, diz Nelson sobre a canção “Brasil”.
Cazuza abordou a política e as ideologias com uma visão crítica e autodebochada
Reprodução/Jornal da Globo
Cazuza morreu dois anos depois, deixando uma obra que revela “um dos nossos grandes letristas de todos os tempos”. Assista à íntegra da coluna de Nelson Motta no vídeo acima.
Nelson Motta relembra Cazuza, o ‘poeta do rock brasileiro’
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