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Formação à distância de professores está em debate; MEC começa a fazer mudanças

Na chamada educação à distância, onde os cursos para a formação de professores deram um salto, as matrículas representam quase 40% do total dessa modalidade no país. Formação para professores na EAD terá mudanças
A formação de professores à distância se tornou motivo de preocupação e debate, e o MEC – Ministério da Educação começou a fazer mudanças.
Érica Valli é professora há oito anos. Estudou pedagogia à distância e disse que o estágio foi fundamental.
“Eu fiquei uns seis meses dentro das escolas conhecendo e aprendendo na prática mesmo”, conta.
Mas nem sempre é assim. Rafael Pergato, diretor de escola pública, conta que muitos professores formados à distância começam a dar aula sem experiência prática.
“Vai meio que aprendendo na raça ali, no dia a dia, com erros e acertos. E isso pode ser um complicador, porque o estágio, pelo menos, vai te dar uma vivência da rotina, dos desafios”, afirma.
O estágio é obrigatório na chamada educação à distância, onde os cursos para a formação de professores deram um salto. As matrículas representam quase 40% do total dessa modalidade no país. O aluno assiste às aulas no celular ou computador e vai à faculdade para fazer provas.
Esse contato apenas ocasional com a sala de aula é uma realidade para 6 de cada 10 alunos que estudam para ser professores no Brasil – em várias formações, como letras, matemática e biologia, ou pedagogia, a mais procurada de longe. Só em 2023, as matrículas nos cursos dessa formação à distância cresceram 17%, e menos de 3% na modalidade presencial.
O pró-reitor de uma universidade em Uberaba, no Triângulo Mineiro, diz que a EAD ajuda a ampliar o acesso ao ensino superior.
“Nós temos não só a dificuldade de logística do interior em que a EAD passa a ser a única opção, mas também em grandes centros. As possibilidades precisam ser dadas para a população escolher aquela que melhor vai lhe atender”, diz Fernando Marra.
Segundo o Sindicato das Universidades Particulares, dá para garantir a qualidade, inclusive do estágio.
“Em vez de demonizar o EAD, ver a qualidade desses cursos. O que eu preciso ver é se esse estágio está sendo cumprido e com qualidade. Se ele tiver, eu estou tendo prática durante a educação à distância”, afirma Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp.
O crescimento da EAD nos cursos que formam professores preocupa a presidente executiva do Todos pela Educação.
“Que tipo de formação a gente precisa garantir para esses alunos das licenciaturas para que ele se tornem excelentes professores? Certamente não é 100% à distância. Certamente ela pode ter um componente à distância, mas muito mais presencial. Agora, para poder democratizar o acesso, a formação de professores, não é precarizando a formação, não é puxando para baixo, derrubando a qualidade da formação dos professores. Mas é com política pública”, opina Priscila Cruz.
O ministro da Educação reconhece que os cursos que formam professores vão mal no país. Disse que a expansão de vagas em cursos de licenciatura na EAD está suspensa, e que a avaliação das faculdades, incluindo os estágios, passa a ser anual e não mais a cada três anos. Falou também de mudanças na carga horária.
“Vamos, agora, definir qual será o percentual mínimo que deverá ser presencial obrigatoriamente para formação de professores de licenciatura no Brasil. Não há possibilidade de nós termos um bom professor formado 100% a distância na licenciatura”, afirma o ministro da Educação, Camilo Santana.
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