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Entenda o porquê todos os leitos infantis da rede municipal estão ocupados em Campinas


Segundo a direção da Rede Mário Gatti, quadros respiratórios causaram aumento na procura por prontos-socorros e, consequentemente, internações. Doenças respiratórias fazem leitos infantis atingirem capacidade máxima em Campinas
A ocupação de leitos infantis de enfermaria e Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) em Campinas (SP) está em sua capacidade máxima, e as filas por atendimento segue repleta de pais e responsáveis dos pequenos que, na maioria, sofrem com quadros respiratórios. Mas por que tantas crianças estão sendo internadas na metrópole? 🤔
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A explicação é a gravidade das doenças. Segundo a superintendência da Unicamp, as crianças têm chegado no hospital com quadros respiratórios mais graves, como comprometimento de pulmões e casos de pneumonia.
“Crianças com quadros cada vez mais graves estão chegando, fazendo com que o tempo de internação dessas crianças seja maior. Portanto, com uma rotatividade dos leitos menor e levando também a uma maior superlotação das unidades”, explica Elaine Cristina de Ataíde, superintendente do Hospital das Clínicas da Unicamp.
🤒 Casos deste tipo exigem mais dias de internação: Agora, a depender do quadro, uma criança pode ficar semanas ou até meses internadas.
“Antigamente, a gente via nessa época mais casos de bronquiolites agudas que, muitas vezes, com alto fluxo de O2 nós conduzíamos sem necessidade de intubação. Agora já chegam crianças com pneumonias complicadas, com necessidade de internação que excedem o número de semanas”, explica a superintendente.
🏥 Maior procura, mais internações: Segundo a direção da Rede Mário Gatti, os quadros respiratórios levaram ao aumento na procura por prontos-socorros e, consequentemente, na necessidade de internações, especialmente entre crianças com menos de 1 ano na rede municipal de Campinas.
O clima do outono também contribuiu para a propagação de vírus que provocam doenças respiratórias. 🍂 Por isso, o cuidado deve ser redobrado.
“O cuidado da criança é fundamental para você ter uma criança saudável. Então, uma alimentação adequada você vai ter um sistema imunológico melhor, também uma hidratação adequada e atividade física são itens fundamentais. E não esquecer nunca das vacinas, que a partir do sexto mês nós já temos a vacina contra a gripe”, orienta o pediatra José Roberto Stefani.
Além disso, é preciso prestar atenção aos sintomas. “Quando a criança fica abatida, para de brincar, para de aceitar alimentação, muda a cor dela ou a respiração fica difícil, isso preocupa e ela deve ser levada, logicamente, ao pronto-socorro ou pronto atendimento”, diz o pediatra.
Com lotação máxima, o Hospital das Clínicas (HC) da Unicamp interrompeu as cirurgias eletivas neste mês de abril. A média, antes da interrupção, era de 12 procedimentos agendados semanalmente, com operações para problemas renais, hérnia, alteração de fígado, entre outras.
Lotação máxima
Nesta sexta-feira (12), a taxa de ocupação nas unidades de saúde da metrópole está dividida da seguinte forma:
Hospital de Clínicas da Unicamp
UTI
Capacidade: 22
Crianças internadas: 22
Enfermaria
Capacidade: 49
Crianças internadas: 48
Rede Mário Gatti
UTI
Capacidade: 29
Crianças internadas: 29
Enfermaria
Capacidade: 44
Crianças internadas: 44
Fachada do Hospital Mário Gattinho, em Campinas (SP)
Reprodução/EPTV
O que diz a prefeitura?
A Prefeitura de Campinas informou que pediu apoio estadual para abrir mais leitos pediátricos na região. Segundo a administração municipal, a metrópole tem tentado negociar a compra temporária de leitos infantis para atender o crescimento da demanda por conta de doenças respiratórias.
Já o Departamento Regional de Saúde (DRS) de Campinas disse que neste período os atendimentos pediátricos tendem a aumentar por conta dos quadros respiratórios e pontuou que atualmente está em curso o processo de regionalização da saúde, cujo objetivo é levantar e priorizar os principais problemas de saúde bem como a identificação das prováveis soluções.
Comentou, ainda, que o projeto de novas vagas de UTI neonatal e de leitos pediátricos está em fase de estudos, e há outro projeto em andamento para readequar a estrutura do HC para atender novos pacientes.
Com alta em quadros respiratórios, leitos para crianças lotam no SUS municipal em Campinas
Demora no atendimento
A reportagem da EPTV, afiliada da TV Globo, esteve no Hospital Mário Gattinho e constatou o aumento na procura. No local, pais e mães aguardavam há horas por atendimento para crianças, como era o caso do analista de tecnologia Ulaecio Carmo.
“Desde 9h que a gente tá aqui. Meu primeiro atendimento com uma criança que está com fome desde 9h da manhã, porque ela tomou café, foi 13h37. Isso porque eu fui reclamar no atendimento. Já são 14h47, nós estamos esperando o segundo atendimento”, relatou.
O aposentado Odair Nunes esteve no local junto à trancista Ingrid Moreira para buscar atendimento para o neto, mas a fila de espera foi longa. “Até agora ele passou só pela triagem, não tem um médico que chamou ele até agora, a gente é de família humilde, não tem condição de comprar comida, nada”.
“Hoje está bem difícil aqui, viu? Eu estou com a Lorena aqui, ontem ela caiu em cima do bracinho dela, e ele está gemendo de dor, acordou com febre, vomitando, eu não sei se quebrou ou não. Só queria um raio-x, e até agora nada. Ninguém medicou ela ainda, e ela está com febre”, disse a balconista Camila Pereira.
O que diz o hospital?
Em entrevista à EPTV, o diretor técnico do Hospital Mário Gatti, Carlos Arca, destacou que todas as unidades administradas pela rede, apesar de estarem com os leitos ocupados, têm capacidade de atender as crianças nas salas de emergência e de retaguarda.
“Neste momento, a demanda pelas portas dos prontos-socorros infantis está em torno de 50% além da média esperada para meses fora deste período de doenças respiratórias infantis. Ou seja, estamos atendendo 50% a mais e, em alguns momentos, como nas segundas-feiras, quase 100% a mais da demanda esperada”, informou.
Segundo Arca, todos os pacientes que procuram o serviço são submetidos a uma classificação de risco de acordo com a necessidade que apresentam no momento. “Os que têm mais gravidade serão atendidos mais rapidamente, os de menor gravidade infelizmente terão que esperar um pouco mais”.
O diretor técnico também destacou que o Hospital Mário Gattinho possui equipes médica e de enfermagem completas para a capacidade da unidade de saúde. Paralelamente, outras equipes devem passar por capacitação para melhorar e agilizar o atendimento.
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