Durante painel sobre povos indígenas na BA, Jerry Matalawê fala sobre relação entre memória e identidade: ‘reconhecer o pertencimento’

Painel Povos Originários em Cena foi realizado na quinta-feira (13), em Salvador. Jerry Matalawê fala sobre relação entre memória e identidade durante painel de discussões
O indígena pataxó e mestre em antropologia social Jerry Matalawê discutiu, na quinta-feira (13), durante o Painel Povos Indígenas em Cena, entre outros temas, a importância da memória dos povos indígenas como item fundamental no reconhecimento do pertencimento e da identidade.
Demarcação de territórios e estereótipos são discutidos em painel sobre povos indígenas em Salvador; confira íntegra
O painel aconteceu no Cinema do Museu, localizado no Museu de Geologia, no Corredor da Vitória, em Salvador e debateu temas como a demarcação de territórios e estereótipos dos povos indígenas.
“É preciso ter memória para ter identidade e, principalmente para reconhecer o pertencimento e vinculação como povo. Esse trabalho é uma oportunidade de construir a memória para os outros”.
Para o antropólogo, não é possível falar de identidade sem tratar de memória. Além disso, Jerry defendeu a importância de discutir as questões indígenas nas cidades e não apenas nas aldeias.
“Quando a gente pensa que temos um sambaqui de três mil anos que não é conhecido e mostramos isso a todos os baianos, a todos os brasileiros que existe essa outra possibilidade de território, de ver o território, a ocupação desse território, é muito importante”.
Com a possibilidade da autodeclaração das pessoas indígenas, especialmente em levantamentos como o realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Jerry acredita que novos desafios se colocam no que diz respeito à noção de pertencimento e identidade.
No Censo do IBGE divulgado em 2010, 56.381 pessoas se declaravam indígenas na Bahia. Na prévia do Censo de 2022, que ainda não foi concluído, o número saltou para cerca de 191 mil.
“O crescimento da identificação das pessoas indígenas nas cidades traz um desafio nessa questão da memória. As pessoas que estão aqui já não lembram a que povo pertencem e de que território vêm. A meu ver, é grandioso que mais pessoas se reconheçam como indígenas no censo do IBGE”.
Painel ‘Povos Originário em Cena’ realizado em Salvador nesta quinta-feira (13)
Victor Loyola
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