Equipamento foi colocado em órbita no dia 1º de abril de 2022, de Cabo Canaveral, nos Estados Unidos. O equipamento têm o formato de um cubo, com aresta de 10 centímetros e pesa em torno de 1,1 quilo. Coordenador do projeto AlfaCrux, professor Renato Borges, mostra modelo idêntico ao nanossatélite que está em órbita
Alpha Crux/Divulgação
O AlfaCrux, um nanossatélite criado por pesquisadores e alunos da Universidade de Brasília (UNB) e que foi lançado ao espaço há pouco mais de um ano, pode ajudar no monitoramento ambiental do Pantanal, fornecendo, por exemplo, dados sobre desmatamento e queimadas.
O nanossatélite foi colocado em órbita no dia 1º de abril de 2022, pela empresa SpaceX, no Cabo Canaveral, nos Estados Unidos. O equipamento têm o formato de um cubo, com aresta de 10 centímetros e pesa em torno de 1,1 quilo. Está na chamada órbita baixa, a cerca de 500 quilômetros de altitude em relação ao nível do mar.
O projeto, no valor de R$ 2,2 milhões, foi financiado com recursos públicos, via Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF). Com o desenvolvimento do satélite foi criada também uma estação de comando e controle em solo. Essa estrutura viabilizará novos lançamentos, sem custos adicionais, além de cooperação em outras missões nacionais e internacionais.
Aproximadamente 30 pessoas, entre professores, analistas, engenheiros da Defesa e alunos de diferentes cursos de Engenharia da instituição participam da iniciativa.
O coordenador do projeto, professor Renato Borges, destacou ao g1 que neste primeiro ano a equipe se dedicou a um estudo minucioso da “saúde” do nanossatélite e do funcionamento da estação de comando e controle.
“Um ano após a entrada em órbita do satélite o projeto se encontra em fase operacional. Antes foram feitas várias ações de comissionamento, verificando cuidadosamente cada sistema, para aí, sim, sairmos de uma etapa de sobrevivência, para entrar no modo operacional”, explica.
Estação de comando acompanha órbita do nanossatélite e recebe as informações enviadas do espaço
Alpha Crux/Divulgação
Borges comenta que essa etapa, já superada, é crítica e fundamental para o sucesso do projeto, já que é verificado se o sistema elétrico do satélite está funcionando corretamente e se consegue gerar energia suficiente para o consumo próprio e para atender todas as suas funcionalidades.
Entre os itens checados, uma atenção especial, ficou por conta das antenas. Ele detalha que foi checado se elas estavam corretamente abertas e se estavam recebendo e transmitindo dados da forma prevista e ainda qual a qualidade e intensidade do sinal que chegava até a estação de controle.
Outro ponto importante, foi a avaliação do funcionamento do nanossatélite ao longo de todas as estações do ano. “Um dos eventos mais críticos na comunicação com o satélite em nossa localização foi durante a estação de cintilação ionosférica, que causa flutuações dos sinais. É um evento sazonal, que ocorre em um período específico do ano, após o pôr do sol, todos os dias. Então, atravessar o satélite com ‘saúde, para entender sua operação, durante um ciclo completo das estações do ano, é considerado uma das grandes conquistas e aprendizados desse primeiro ano”.
Além da estrutura em solo e do satélite, o coordenador diz que os dados coletados nessa fase de testes também passaram por uma validação, que envolveu a estruturação dessas informações, pré-processamento e organização, para que pudessem ser disponibilizadas em uma interface ao usuário final.
“Hoje temos plataformas com informação aberta para toda a comunidade e temos avançado e inserido novas funcionalidades à medida que as demandas e aplicações vão surgindo”, comenta.
Superada essa etapa, o projeto do nanossatélite brasileiro entra no segundo ano visando demonstrar sua capacidade tecnológica e suas aplicações.
“Testes preliminares já vem sendo realizados. Mas agora, por questão de planejamento e estruturação da missão, após um treinamento maciço de toda a equipe, surge essa etapa como prioridade alta. A expectativa é que isso aconteça ao longo dos próximos meses. A perspectiva é finalizar o segundo ano com diferentes estudos de caso, para podermos oferecer um retorno mais palpável para toda a comunidade”, aponta Borges.
Nesse sentido, ele revela que uma das funcionalidades que serão implementadas é o do monitoramento ambiental. No caso de Mato Grosso do Sul, citou, que uma das áreas que poderão ser estudadas é o Pantanal, em especial nas questões envolvendo acompanhamento do desmatamento e queimadas.
Borges disse que AlfaCrux não está equipado com câmeras, mas que tem mecanismos para receber dados de sensores que estejam no solo. “Conseguimos fazer a captura, processar e gerar informações. São ativos estratégicos que podem indicar a ampliação ou não de desmatamento, ou de uma queimada. No processo de uma queimada, por exemplo, se tem diferentes produtos, gases, que podem ser monitorados e percebidos por sensores, que podem ser coletados pelo satélite”, conclui.
Veja vídeos de Mato Grosso do Sul:
‘Nanossatélite’ do tamanho de um cubo de 10 cm, criado por pesquisadores e estudantes brasileiros, pode ajudar no monitoramento do Pantanal
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